A forja do lado da cachoeira continuava a soltar fumaça como antes, um verdadeiro recado sem palavras que Gordus estava trabalhando duro. Minha espada estava sendo corrigida dentro daqueles fornos que minha pessoa imaginava ser como nos livros, onde o ferreiro trabalha como um pintor que, inspirado, pinta o quadro feliz e dando seu máximo para entregar o melhor trabalho. Me aproximei da porta e bati algumas vezes. O anão brotou enfurecido com a minha visita, estava carregando com uma pinça de ouro uma barra de ferro que tinha acabado de ser moldada a altas temperaturas. A expressão de seus olhos acompanhado de um rangido oculto mostrava seu incomodo ao me ver, isto é, ser interrompido do trabalho.
-Aproveite e segure a porta para mim. Chegou no momento certo, eu adoro jogar conversa fora enquanto um velho me cobra por causa de uma mocinha que fica sentada em tronos dourados conversando sobre a porcaria da vida! - Disse ele atravessando a porta e colocando a barra numa das muitas bancadas que estavam na varanda.
Não queria deixa-lo mais irritado falando sobre alguns temas obvies para ele, como por exemplo: "Como é ser um ferreiro?", "Como que o calor não te afeta?" Ou "Tem como fazer uma espada de diamante?" Minha conversa tinha que ser de cunho encantador para as duas partes, tanto para mim quanto para ele. Na minha mente veio suas reclamações do serviço de Andério como ferreiro, então logo compartilhei meus pensamentos:
-Comparando as outras armas feitas pelos humanos, a espada de Andério estava nos padrões requeridos pelos guerreiros do meu mundo! Mas, quais aos os problemas que você enxergou na arma?
Batendo na barra para moldar como desejava, Gordus iniciou uma gargalhada, minha forma de começar um diálogo tinha funcionado. Era sua vez de falar:
-Não há comparação Britão! Todos os escolhidos que carregam consigo alguma espada, escudo ou arco não reconhecem seus erros! Sabe o motivo? Por que as espadas feitas pelos humanos são péssimas em qualidade!
-Dá para matar muita gente com aquela arma! Milhares de seres morreram devido a força que ela traz para os cavalheiros que não temem diante da luta! Ainda não enxergo nenhuma falha!
Terminando a bateria da moldagem, entrou novamente na ferraria e colocou no forno. Entrei para ver como era lá dentro e para continuar a conversa. Luzes laranjas de fogo iluminavam a escuridão. O calor era insuportável. Tinha fornos para todos os lados, todos acessos preparando até mesmo armaduras completas de matérias que nunca tinha visto.
-Vou citar o básico para você, falta leveza, a ponta é do mesmo material que o resto, a parte que se pega é desconfortável até mesmo para o mais bruto e não é durável. Duvido que aquilo aguentaria mais que três lutas! Fora o fato da sujeira de queimaduras feitas de modo errado! Já te disse, um Magium mexendo com armas é igual um cego tentando escalar uma montanha, os dois não chegam nem perto da perfeição!
Tentava convencer aquele baixo homem que os humanos tinham pelo menos alguma qualidade na hora de modelar armas. Não havia nenhum outro ponto que poderia ser citado. O cheiro da brasa em grande quantidade deixava uma pessoa normal em tonturas extremas e com uma pressão baixíssima! Saí para tomar um pouco de ar fresco, por consciência Gordus me acompanhou com a lamina da nova espada ponta, só falta os detalhes e onde se segura para atacar o inimigo.
-Pelo menos o ferro da minha terra dá para usar para alguma coisa? Vamos, fala que é um dos mais fortes perto dos outros que você já viu! Pelo menos alguma qualidade um ferreiro como você deve enxergar! - Era minha última tentativa de conquistar uma pequena honra no assunto.
Novas gargalhadas foram dadas simbolizando minha derrota nessa briga de palavras:
-Ferro? É assim que chamam essa porcaria? Até tentei fazer, por diversão, um peitoral de "ferro"! Olhe só! - Apontou com sorriso no rosto, algo de zombaria, para um peitoral numa bancada ao lado amassada por um martelo convencional - Não aguenta nem mesmo uma ferramenta para martelar pregos em paredes, que muitas vezes já mostraram ser muito mais resistentes que esse seu "ferro"! Pensando bem, até dá para usar para alguma coisa! Aqueles pés de porta, aqueles que seguram a porta quando está muito calor!
Foi ao lado na cachoeira carregando novamente com a mesma pinça um símbolo que continha um triangulo dentro. Era a marcação derretida da Realeza que Romildus tinha mandando carimbar na minha nova arma. Voltou rapidamente com o símbolo soltando fumaça e pingando calor. Foi batido o mesmo na espada nova que tinha acabado de ser montada na minha frente.
-Pronto, sua espada foi remontada do zero, aproveite ela e mostre para o Andérium que ele não sabe fazer essas coisas! Se quiser treinar, pode usa-la aqui mesmo, afinal ela é sua! Eu não ligo se você quiser matar alguém agora, só não quebre nenhum dos meus equipamentos! - O mesmo entrou novamente naquele cômodo que queimava como o próprio inferno.
Aproveitando, foi comprovar se Gordus estava falando a verdade. Estranhamente, a leveza estava no ponto certo acompanhada de uma "confortabilidade" sensível na minha mão. Não doía o pulso na hora de movimentara rapidamente a arma. Realmente, até mesmo em assuntos como esses os humanos ainda tem muito a aprender. Agora só ficava na minha mente, do que era feito o metal que foi usado para forja-la? Parecia ferro, mas não era.
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O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)
FantasyVejo que está procurando uma história! Algo que te deixe completamente viciado em saborear cada canto de uma fantasia! Então me encarreguei te trazer essa lenda tão rica e cheia de detalhes até ti! Esqueça esse mundo onde tudo é tão comum, repetitiv...