Ainda correndo para tentar encontrar nosso destino o mais depressa possível, meu companheiro, correndo entre o matagal que o impossibilitava de enxergar o caminho como uma pessoa normal, parecia estar mais cansado depois de quase vinte minutos de corrida. Paramos algumas para respirar, assim para poder dar continuidade na nossa jornada que apenas estava começando. O rio que era nosso ponto de referência fazia várias curvas demonstrando a complexidade da natureza em seguir caminhos para seus sistemas únicos. Aranhas e formigas estavam por toda a parte compondo o ecossistema local. Era um bioma diferente, parecia mais com uma selva. As árvores eram baixas, todavia cheias de folhas grandes e com cipós em seus cumpridos galhos.
As estrelas, que brilhavam lá no alto em sua vastidão cósmica, falavam para mim o quanto estava longe de casa, longe de minha cama e com certeza, longe do prospero sucesso que um camponês da minha idade teria. Numa dessas paradas breves, sentamos um pouco graças as dores nas pernas que brotaram. Os impactos das pedras no caminho dificultavam ainda mais. A lama que surgia em nossos sapados de couro com detalhes de madeira deixavam o clima desagradável. Ofegante, na verdade quase morrendo, o anão tentou falar algumas palavras. Seus braços e suas mãos tentavam ajudar sua comunicação, entretanto nada foi entendido. Minha pessoa também estava cansada, então nem mesmo atenção em onde estava sentando era encontrado naquele momento.
Depois de alguns minutos tentando demonstrar com gestos e sons chiados, Gordus iniciou uma simples conversa para fazer nossas mentes esquecerem um pouco do cansado extremo:
-No Palácio... - Fazia pausas preocupantes, mesmo assim sua determinação era forte - Aquele em ruínas.... Como você conseguiu aquela pintura.... Aquela com.... você sabe.... Andérium, ele não deixaria uma coisa importante... algo do passado nas mãos de qualquer um!
Finalmente tinha entendido o que aquele pequeno homem estava tentando dizer com tanta dificuldade. Ele tinha perguntado onde encontrei aquela pintura que fez com que sua ideia brotasse com o vento. No mesmo caso de cansaço, ainda um pouco melhor, consegui responder com algumas frases curtas:
-Quando ele estava me treinando... no meu mundo, aquela pintura foi me mostrada! - Belas memórias de tensão entre alegria - Não entendi muito bem seu significado... Andério está segurando uma coisa dourada, não sei o que é.... não é coisa humana, nunca vi no meu mundo.
Gordus pediu a foto novamente para analisar seus detalhes. Andério estava na frente de um fundo cinza claro, sorrindo e segurando algo. Parecia uma pequena estátua com cores douradas, em cima de uma base havia um símbolo de algo semelhante a um raio que cai do céu em noites turbulentas. O ferreiro também notou todos esses detalhes secundários, e logo me explicou o que sabia:
-Isso é um tipo de... alguma magia especifica, de um tempo onde os humanos criavam sua própria magia! Chamavam isso de "técnica". Era o que os Exploradores contavam quando escreviam durante suas viagens para seu mundo. Depois, isso foi se aprimorando com o tempo, usando fogo e ferramentas. "Logia" se juntou depois para mostrar organização, para mostrar estudo. "Tecnologia" se formou.
-Mas como essa "magia artificial" funcionava? Era aprendida nos livros de magos e bruxos? Enfim, toda magia tem sua funcionalidade, qual seria a graça de criar uma magia com tantas outras disponíveis para se descobrir nessa vastidão de conhecimento misterioso que ainda nos resta? - Minha curiosidade aflorou naquele momento só de pensar em algo que misturava humanos com magia.
-Disse ele que eram grandes máquinas ligadas por um tipo de poder, algum tipo de energia, algo como para o nosso aspecto é equivalente a luz. Agora, o que é não sei, somente sei que na última expedição diplomática ao seu mundo, seus antepassados usavam algo parecido uma água fervente, talvez seria a energia a vapor? A mecânica era muito usada naquela época, era como conectar pedras com fios específicos, feito com teias de aranhas, ferro e outros minérios que conduziam essa energia para outros setores que a necessitavam!
Gordus tinha mencionado uma expedição diplomática. Pensei como sendo uma reunião de verdadeira e união entre povos, todavia apenas de pensar em alquimia, os nobres ficavam com tanta repulsa que ficariam com vontade de declarar guerra a qualquer um que aparecesse no caminho. Então, tentei continuar o assunto:
-Expedição diplomática? Naquele tempo já existia o projeto dos escolhidos? - A linha de raciocino na linha temporal ficou estranha devido ao velho livro, coisa que provava uma lenta evolução com o tempo, e no caso, a época narrada por meu companheiro era igual a séculos de "Tecnologia Avançada".
Quando o anão iria responder alguém longe declamou a voz máxima no vazio da noite demonstrando que nosso destino estava perto de nós:
-Então, o que eu estava te dizendo, o peixe anda muito caro! Como é possível que algo tão simples e fácil de se achar esteja tão valioso nos mercados - Era uma senhora que gritava.
-Peixe? - Perguntei ao ferreiro que ficou também assustado com a altura da voz.
-Colabora! - Sussurrou para mim fazendo um sinal de "faça silêncio."
-Onde já se viu, um peixe por cinquenta moedas de ouro! Como assim são quase duzentos por um file de bacalhau? Vai me dizer que tudo isso são impostos? Na minha época dava gosto de comprar! - Tinha mais pessoas envolvidas no "absurdo do preço do peixe."
Gordus fez um sinal para mim de felicidade mostrando sem palavras que a Ponta da Flecha estava mais perto do que nunca. Aquelas reclamações viam de um mercado próximo, coisa que só se encontra em centros comerciais. Com isso, não estávamos nem mesmo quinhentos metros de distância do nosso destino. Nos levantamos rápido para continuar a corrida, dessa vez muito mais animados diante da surpresa. Ele insistiu em seguir um caminho alternativo, não tão movimentado para que as coisas pudessem ser observadas de longe, para melhor avaliar onde se encontraria a cabana do chefe e sua pequena e honesta nobreza de caçadores.
Quando ouvimos mais barulho e mais movimento, sentimos a necessidade de começar a contornar a luz de vinha da floresta escura. Agora, como conseguir alguma coisa lá, minha pessoa não sabia.
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O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)
FantasiaVejo que está procurando uma história! Algo que te deixe completamente viciado em saborear cada canto de uma fantasia! Então me encarreguei te trazer essa lenda tão rica e cheia de detalhes até ti! Esqueça esse mundo onde tudo é tão comum, repetitiv...