Mesmo com as tochas acessas pelos quatro quantos daquela redonda sala, a escuridão ainda era notável naquele covil. Um tapete aqui também se encontrava sendo estendido até uma mesa de madeira, contendo uma cadeira confortável seguido, ainda mais atrás, uma grande estátua de um outro soldado em pé, segurando uma espada no peito onde sua ponta batia no chão. Em termos de guerra, isso simbolizava luto ou autoridade. No caso provavelmente seria o segundo termo. A sala internamente era revestida de madeira polida, parecendo um local antigo, contendo duas janelas nas pontas, tanto na esquerda quanto na direita. As mesmas tinham seu vidro limpo deixando a vista com o máximo de foco possível. Um outro alguém observava o que se passava nos campos de treinamento ao redor daquele pequeno castelo.
De costas viradas para os nossos olhos, lá estava um homem magro e alto, suas vestimentas combinavam com o padrão antes visto, dessa vez acompanhadas de ombreiras pontudas. Sua máscara, do nosso ângulo, apenas se via algumas penas viradas para o alto, todas laranjas. Ele estava com as mãos cruzadas no quadril, também sendo visível para nós, assim como o último guarda que nos recebeu. Um silêncio pairou no ar em um primeiro momento, todavia logo aquele ser notou nossa presença sem ao menos perguntar quem estava lá:
-Anos passados naquelas terras não te fizeram bem, ainda estou aguardando a educação que te forneceram.... - Mesmo falando, parecia que nem sequer virou os olhos em nossa direção.
Novamente quem dominou o ar foi o silêncio. Abriu-se a porta. Era um guarda muito cansado, ele tinha subido as escadas rápido o bastante para matar um homem sedentário. Ainda não tinha fechado a porta e logo estava iniciando uma conversa com aquele senhor, porém se assustou quando nos viu e logo nos apresentou.
-Vossa Majestade... apresento o teu fiel, Adérium Magium... também apresento o seu novo.... - Ofegante reparou na minha presença - Seu novo tipo humano!
Outra vez se escutava mais os passos de insetos na sala do que uma conversa amigável. Aquele que tinha entrado correndo parecia ser um tipo de serviçal daquela autoridade, mesmo com uma pequena bronca, o Homem Misterioso ainda esperou a entrada correta para dar início ao real interesse. Os dois pareciam estar no meio de um confronto devido a raiva encontrava em seus tons de fala, mas era preciso terminar a tal cerimônia:
-Vossa Realeza, trago a tu mais um fiel, mais um guerreiro e mais um valente como o próprio Governador ordenou a séculos passados. Como antes, ele se mostrou forte, sábio e destemido. Como todo bom ouvinte das leis morais e éticas, venho até a vossa pessoa, pedir autorização para a entrada de Britão, o novo escolhido, para Cantos Ordenados.
O senhor se virou, ele tinha uma máscara pontuda, parecia uma grande ponta de flecha arranhada em todos os lados. Primeiramente bufou de raiva inconformado com algo, com certeza aquela não era a primeira vez que aquilo estava acontecendo, ainda mais pelo adjetivo "novo escolhido" antes associado à minha pessoa.
-Seu pedido está negado até segundas ordens. Enquanto você aproveitava a miséria da vida longe daqui as coisas mudaram em nossos sistemas. Cantos Ordenados, a central do próprio cuidador de todos nós, não deve ser sujada com uma espécie imunda, tal como o sujeito que me trouxe aqui - Parecia que o que fala tinha finalizado o assunto.
-Suas forças não são suficientes para encerrar meu pedido. As segundas ordens que vossa pessoa se refere já se classificam como primárias e insubstituíveis. Ordeno que forneça a autorização sem alteração oficial - A voz de Andério ecoou na sala.
A autoridade se surpreendeu com a resposta que recebeu. Mesmo assim, ainda dificultou o nosso avanço:
-Durante milhares de anos, apenas estudamos de longe esses seres inferiores até entendermos seu mundo, cultura e modo de viver. Percebemos que eles eram primitivos demais para retirar aproveito. Mesmo assim, continuou-se essa ideia de união entre povos. Os escolhidos eram guerreiros que só sabiam usar espadas e arcos, sem mera noção de sabedoria. Mesmo assim, continuaram a incentivar essa maldita ideia, dando até noção básica de magia.... - Ele recitava a história não descrita nos livros - O resultado se concretizou quando tivemos que corrigir as falhas de um povo moralmente podre. Quando se aprenderá a entender que isso é um erro? Somente você continua nessa história utópica. Volte para a realidade, e vá servir a sua raça suja e incapaz! - Os gritos soaram como grandes berrantes no local.
-Suas palavras não são maiores do que as do Governador, que no presente momento não encerrou a tentativa de evolução. Na própria presença real fui designado para esta tarefa, portanto na própria presença real quero escutar que isso acabou - Reagindo sem raiva e com razão, Andério se mostrou forte usou um poderoso argumento.
O senhor que discutia na redonda sala parou por um instante e sentou-se para escrever a autorização. Após dois minutos o mesmo se levantou e entregou a escritura comprovando que agora minha pessoa seria o novo escolhido. No final, ele terminou a conversa sendo a voz final:
-Andérium, este é provavelmente o último. Não falhe. Nossa civilização não merece consertar seus erros.... - Então, voltou a admirar a paisagem na janela, como no início estava.
Saímos da sala em total silêncio, era muita coisa para absorver até aquele momento. Um novo mundo, uma história nova. Mesmo assim não poderia fazer perguntas, para não desafiar a tal ordem que regia esse mundo.
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O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)
FantasiVejo que está procurando uma história! Algo que te deixe completamente viciado em saborear cada canto de uma fantasia! Então me encarreguei te trazer essa lenda tão rica e cheia de detalhes até ti! Esqueça esse mundo onde tudo é tão comum, repetitiv...