Capítulo 22: O Velho Livro

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Estava a caminho de um lugar calmo e tranquilo, sem movimentação humana, para ler a obra misteriosa que se encontrava debaixo dos meus braços. Mesmo a chuva sendo quase um milagre, ela ainda tinha as mesmas propriedades do que antes, molhar as coisas e, com isso, inclui papel. Não bastava apenas ir para um pasto aberto e deitar na grama queimada como se fazia alguns dias atrás, era preciso se esconder dentro de algum lugar para não destruir o velho livro que na qual, o tempo já tinha feito grande parte do seu trabalho. Foi quando encontrei, vazia e sem nada por dentro, a tenda que antes Andério se encontrava oferecendo trabalho para alguém que se fantasiava de novato para entender o mundo. Arrumei para, pelo menos, colocar o livro na bancada molhada e uma cadeira atrás.

A obra começava com o seguinte letreiro: "A Sociedade Das Máscaras", nos seus primeiros parágrafos, letras distorcidas se encontravam tentando formular os mais primitivos parágrafos. Ali via-se que, não era algo recente na escala de décadas, contudo a escala correta de se usar era de no mínimo séculos. Tentando decifrar com muita dificuldade, consegui compreender que em algumas noites, muito distantes do presente por sinal, luzes apareciam em bosques, que no tempo descrito, eram comuns em quase toda parte. Fiquei confuso, a metáfora usada era de um lugar que se analisar atualmente é caracterizado como um reino, todavia os sentidos também se cabiam a uma floresta mágica.

"Decidimos investigar a origem da luz", era a frase mais detalhada e destacada, parecia que um grupo de pessoas foram se aventurar nas entranhas da escuridão. "Andarilhos desconhecidos, com galhos pontudos e luminosos, analisavam e descreviam o local. Eles estralaram os dedos e entre algumas pedras que formavam um círculo oval, uma passagem se abriu...", obviamente eram características intrínsecas a um portal descrito nos livros de fantasia juvenil. "Eles nos notaram, fomos levados para um lugar totalmente diferente, com árvores altas e vaga-lumes que brilhavam muito mais que o normal, fomos trancados numa cela em um prédio de madeira, com símbolos estranhos...", a cada novo parágrafo, as letras foram se mudando e consequentemente se melhorando.

"As Máscaras dominam os mundos", logo abaixo havia um desenho rudimentar que mostrava seis círculos, todos ligados entre si por uma fina linha. Parecia uma rede interligada entre si. Para explicar a frase afirmada, as notadas escrituras feitas por um possível senhor, descreviam que as luzes eram provocadas por seres mascarados, onde até mesmo a "prisão de madeira" era localizada em um reino distante, onde era reinado pelos mesmos. "Eram cuidadores da nossa gente, sempre nos protegendo de guerras com inimigos maiores.".

Porém, o capítulo que mais chamou-me atenção, foi o que mostrava um tipo de homem, grande e magro. Em sua cabeça usava uma máscara quebrada que não chegava nem a ser uma figura geométrica. O assunto me lembrou dos bárbaros que tinha enfrentado, o inicio de toda essa curiosidade. "Aqueles que não são como todos, são banidos daquela terra, sem consciência, vagam por aí sem rumo. Tal como..." Uma marca de tinta cobria as palavras seguintes.

Logo, vem as explicações mais recentes a respeito dos mesmos temas, apenas mais evoluídos e com letras mais legíveis. "Uma brigada de pessoas, um grande time de pesquisadores, todos com uniformes e ferramentas repudiadas pelos sobreviventes do Juízo Final. Todos estavam cobrindo tuas caras com grandes capacetes, sendo confundidos até mesmo com máscaras. Atravessaram uma passagem sinistra do vácuo. Aquele que se demonstrou vivo foi capturado e levado para lá." Era a história se repetindo mais uma vez. Sempre, todos os relatos incentivando atenção do leitor nas máscaras encontradas nas pessoas que foram descritas primeiramente como andarilhos, cuidadores, pacificadores, pesquisadores, raptadores e até mesmo, capazes de montar um próprio reino em terras distantes aos conhecidos.

Seria os habitantes de outras terras os chamados "inimigos maiores" citado nas escrituras do velho? Seria os bárbaros os banidos desse reino de terras mágicas? Os banidos seriam capazes de nos oferecer risco? Somos filhos de banidos? Todos os mascarados são bárbaros, ou todos os bárbaros são mascarados? Essas perguntas não estavam sendo respondidas com aquilo que tinha depositado fé. Me via atirando em um inimigo com uma venda nos olhos ou até mesmo nadando na escuridão da noite. Em todas as páginas, orelhas, capas e desenhos ao fundo era notável a presença de máscaras, com cores e formas totalmente diferente uma das outras. Parecia algo exclusivo, como uma identidade pessoal.

Não sabia se continuava a ler aqueles cinco capítulos, ou se me deixava convencer pelas próprias anotações. "Passado. Passado algum tempo. Passados décadas. Apenas é passado. As pessoas que foram levadas nunca foram mais vistas, nunca foram mais notificadas. É como se algo os impossibilitasse de voltar. Seria esse o grande mistério dos homens? Apenas é passado. Passado de muito tempo." Enquanto uns afirmavam com certeza, outros me faziam perguntas. Enquanto uns descreviam, outros confundiam. Era a mais pura desorganização já vista em alguma obra. Era óbvio que as pessoas que ali escreveram, tiveram pouco tempo para realizar tal ato, ou talvez escreveram escondidas com medo de algo ou alguém.

Virando para ir para o último capítulo e finalizar de vez a obra, vejo um relato bem especifico de um ser que se chamava "Komus Laguésia". Parei para contemplar aquele que parecia ter algumas gotas de organização.

O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora