Psicopatia • z.m

42

Capítulo 42

Encarei Rodger absolutamente confuso por tê-lo em minha porta e o próprio deu um longo suspiro.

—Posso entrar?

—Não. O que você quer?

—Oh, Cannabis humana, preciso falar com você. — ele disse com seu jeito irritante de sempre e rolei os olhos.

Dei espaço e ele logo adentrou a minha casa. Olhou em volta como se fosse um chiqueiro e então colocou as mãos no bolso de sua calça branca — assim como a blusa — que indicava que veio direto do manicômio para cá.

—Pode falar. — disse ao fechar a porta.

—Gerald entrou ontem com pedido de tutela de Barbara. — ele disse calmo e senti meu peito apertar.

—Eu imaginei.

—E eu sei que você gosta dela.

—Veio aqui para discutir a minha vida amorosa?

—Claro que não, seu cu de cocaína. — ele grunhiu irritado. —Eu vim dizer que, Gerald é um bom homem e te conhecendo sei que vai lutar para que ela fique.

—Rodger, você...

—Gerald me mostrou todos os exames comprovando o parentesco com ela. Mostrou as consultas com os melhores psiquiatras da Califórnia já marcados para daqui a menos de um mês e também mostrou que a noiva dele está preparando um quarto para Barbara.

Diante de tudo aquilo que ele estava dizendo, o meu peito foi apertando gradativamente e a sensação de insuficiência crescer ainda mais porque eu sabia que nunca poderia dar tanto conforto para ela.

—E o que quer que eu faça? — tentei soar inabalável, mas já sentia o nó em minha garganta.

—Deixe-a ir.

—Rodger...

—Barbara viveu a vida toda dividida entre um cativeiro sujo, onde não comia e nem tinha chance de um banho, sendo abusada sexualmente desde criança pelo próprio pai e seus malditos amigos, e em um manicômio, onde por obra do inferno, também foi abusada e torturada.

—Ainda bem que sabe. Aquela maldita...

—Ela foi presa. Jelena foi a julgamento e não tem posse de suas faculdades mentais. Inclusive está internada lá, no quarto de Barbara. — ele disse e arregalei os olhos pela surpresa. —O que quero dizer de verdade é que...

—Quer que eu a deixe ir. Quer que eu permita que ela tenha uma vida boa, longe de todo esse lixo que é a minha casa, a minha vida e a pessoa que sou, huh?

—Você é um cara foda. Sei que gosta da menina de verdade...

—EU A AMO! — gritei apontando para mim mesmo e senti meus olhos arderem.

—E todos podem ver isso. Lutou por ela desde que chegou naquele lugar e não sossegou enquanto não provou que ela era sã e que só precisava de alguém de verdade. Eu sei disso Zayn, eu vi toda a história desde o começo e não sou um idiota insensível. Só às vezes.

—Se ela for, eu não... Eu não vou conseguir.

—Você vai. Vai doer porque a ama, mas vai se confortar por saber que ela vai estar bem e será amada.

—Rodger... — minha voz saiu embargada e ele suspirou.

—Eu sei que você vai fazer a escolha certa. Só quis que visse que Gerald não é um cara ruim, tenho estudado quem ele é e com toda certeza ele será bom para Barbara.