Capítulo 45 — Parte I
Quando Barbara foi embora, e eu abri aquele pequeno papel dobrado em inúmeras partes, estava escrito com letras sinuosas, — exatamente como a de uma criança aprendendo a escrever — e grandes um "eu te amo e nunca vou me esquecer de você".
E claro, foi impossível não deixar que meus olhos se enchessem ali mesmo.
Estava contando com a sorte de que conseguiria dinheiro o suficiente para encontrá-la sempre que a saudade apertasse demais, mas sabia bem que as coisas não seriam tão fáceis.
Para mim, elas nunca são.
• Dois meses depois •
As coisas não podiam estar piores.
Estava trabalhando de dia no manicômio para finalizar a minha pena e virava a noite no bar do Griff. E ainda assim não conseguia dinheiro o suficiente para a merda da passagem e estadia na Califórnia.
Eu e Barbara nos falávamos por telefone — tal qual Gerald a deu quando chegaram lá — e isso era a única coisa que me confortava.
Só que isso só funcionou no começo.
Para duas pessoas que viviam entrelaçadas, que se amam tanto, que redescobriram parte de si juntas isso nunca seria o suficiente.
Com o passar das semanas as ligações se tornaram menos frequentes e menos duradouras.
Não por ela, Barbara sempre estava animada para falar de como estava aprendendo coisas novas, ou como a esposa — sim, eles casaram — de Gerald era bondosa e até mesmo pediu para que ela fosse dama de honra.
Mas eu não me sentia bem.
Nada na minha vida estava bem.
Depois que Barbara foi embora a barra ficou pesada demais para aguentar sóbrio e quando não estava no bar — só de segunda a quarta — estava usando droga na minha sala ou em alguma viela.
Talvez isso fosse um dos fatores para que eu não sustentasse as conversas com Barbara. Sabia que se ela soubesse iria se decepcionar e talvez esquecesse de vez de mim, com toda certeza existem caras melhores por lá.
Gerald se ofereceu inúmeras vezes para pagar minha estadia e tudo mais, mas eu não conseguia simplesmente aceitar. Ele a levou embora, ainda guardo algo ruim dentro de mim acerca disso.
Bufei e organizei algumas carreirinhas da droga na mesa da sala. A música no rádio chiava tanto que me dava dor de cabeça, mas nem mesmo força de vontade para levantar e desligar eu tinha.
Curvei-me na mesa e funguei, inalando todo o pó enquanto sentia aquilo passar ardendo pelas minhas narinas. Deitei a cabeça no sofá e fechei os olhos para esperar o efeito começar e esquecer um pouco a merda de vida que tenho.
Logo senti a droga agindo e soltei um suspiro longo.
Meu celular vibrou e ao olhar na tela apareceu uma foto que tirei de Barbara quando estava distraída, pintando e desenhando no chão do nosso quarto.
Nosso.
Iludido da porra.
Encarei a tela por mais alguns segundos e acariciei-a quase como se pudesse acariciar o rosto de Barbara, mas decidi não atender. Não estava em boas condições para isso e provavelmente demoraria a ficar.
— Eu te amo tanto. — disse deixando o celular sobre a mesa e suspirei.
O mesmo ainda vibrava freneticamente. Voltei a encarar as demais fileiras de pó na mesa e suspirei. Só precisava de um pouco mais para ficar chapado o suficiente para me esquecer desse amor que dói tanto.
Amar dói.
— Você era tudo que eu tinha porra, — disse olhando para a mesma foto no papel de parede do celular — por que infernos tinha que ir embora?
Inalei mais um carreirinha e grunhi me sentindo furioso com a porra da vida e a porra do destino e também com a porra do irmão dela. Um fodido rico como ele podia muito bem comprar uma casa por aqui e evitar toda essa merda.
Ele podia ter a deixado perto de mim, então a minha vida estaria fazendo sentido agora.
— Eu só queria você Barbara. Desde o começo eu só queria você. — quando me dei conta estava chorando como um otário fodido.
Se bem, que é o que eu era.
Novamente aquela porra de celular começou a vibrar e não consegui nem mesmo encarar novamente a foto.
— Achei que íamos ficar juntos pra sempre! — joguei o celular com força na parede e o mesmo se transformou em pedaços de vidro no chão.
Que se foda.
Inalei mais uma. E mais uma. E mais uma.
E então começou a acontecer algo novo, e até então bom demais: eu a vi.
Barbara estava ali, saindo do nosso quarto e usando a minha camisa velha do Slipknot enquanto me encarava com seus doces olhos negros e caminhava até mim. Sorri largo e senti uma pontada forte no peito.
— Z? — ela me chamou e a encarei.
— Oi babe, eu senti tanto sua falta! Puta que pariu! Por favor, me beija, eu quero tanto te beijar! — disse um pouco exasperado ignorando aquela dor no peito e ela sorriu.
— Eu beijo você. Você é bom. Eu te amo. — ela disse e sorri largo.
Barbara caminhou até mim e sentou em meu colo. Era tudo tão real que aquela dor no peito e — agora — dor na cabeça não faziam tanta diferença assim. Sorri largo e senti como se pudesse tocá-la.
— Barbara, eu te amo tanto. Por favor, fica aqui comigo. Eu juro que vou trabalhar mais e vamos ter mais dinheiro, mas eu quero tanto que você fique comigo! Eu não sou nada, mas eu sou melhor quando estou com você. — disse já chorando.
De repente parecia que as coisas estavam ficando mais turvas e Barbara parecia sumir de meus braços como fumaça. Meu desespero foi imediato. Tentei a tocar, mas a minha mente já não estava ajudando.
Senti mais dores. Na cabeça, no peito, tudo parecia girar e aos poucos sentia como se o ar estivesse ficando mais denso e nem mesmo conseguia olhar em volta direito.
Alguma merda está acontecendo.
De qualquer forma, eu só queria que Barbara estivesse aqui. Ela não está e não vai voltar. Um merda a mais ou a menos no mundo nem faz diferença.
Que se foda de qualquer forma.
[...]
N/a: Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa tá chegando o fim! Só falta mais um T-T
Eu choro mesmo, mds! Nem acredito que meu nenê tá acabando :c
Quero postar o próximo ainda hj, comentem muito! Mamãe ama muito e muito obrigada por todo carinho de vocês, tanto por aqui quanto no tt ♥ Eu me derreto toda ♥
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Psicopatia • z.m
FanfictionCondenado a cumprir pena com serviço comunitário em um manicômio, Zayn não imaginava que encontraria lá o grande amor da sua vida. Barbara, que já passou por dolorosas situações em sua vida, acaba aprendendo aos poucos a amar através dele e de sua g...