Capítulo 5
Barbara partiu o abraço, voltou a olhar para a parede e se encolheu mais, começando a desenhar de forma abstrata com a ponta dos dedos na mesma.
—Preciso que venha comigo, Bárbara. É hora do seu banho...
—Banho... — ela sussurrou e me olhou.
—Gosto de água. — disse e eu sorri.
—Pode vir comigo? — perguntei e ela assentiu.
—Quer ajuda? — a voz de Nathan soou e quando o olhei vi que trouxe uma camisa de força.
—Não precisa, Nathan. — disse e voltei a olhar para Bárbara.
Levantei e logo ela fez o mesmo. Não sabia como de fato guiar ela até lá, mas com camisa de força nem pensar.
—Bárbara, posso segurar sua mão?
—A mão? — ela disse olhando para minhas mãos tatuadas e pareceu só notar aquilo agora. —Posso ver?
Bárbara perguntou olhando-me e sorri pequeno assentindo. Nathan nos encarava confuso e impaciente, então apenas fiz sinal com a cabeça para que ele fosse embora.
Senti o toque da garota em minha mão com a mandala e ela a ergueu, enquanto olhava atentamente cada traço do desenho.
Ela passou as pontas de seus dedos por todo o desenho tatuado em minha mão e depois olhou para mim com os olhos atentos.
—É bonito.
—Obrigado.
—Pode fazer em mim também? — perguntou e arregalei um pouco os olhos.
—Acho que posso pensar nisso. — disse ao notar o olhar apreensivo dela. Não podia negar assim de cara.
Bárbara apenas assentiu olhando para o chão e estendi a mão para que ela a pegasse e a mesma demorou um tempo a encarando, até que enfim ela pegou.
Seguimos lentamente até o banheiro e a guiei até a cadeira. Bárbara sentou e começou a encarar as paredes em volta.
—Promete que não vai correr daqui? — perguntei e ela me olhou.
—Eu... Não sei... Eu quero ir embora...
—Eu não quero prender você, Bárbara. Precisa me prometer que vai ficar aqui. — disse baixo e vi seus olhos escuros marejarem.
—Prometo!
—Ótimo, agora tem que cumprir.
—Promete que não vai me dar remédios? — ela falou baixo me olhando esperançosa e suspirei. —Por favor, eles me deixam louca!
—Bárbara, eu não...
—Só hoje e amanhã, aí você vai ver! Por favor! Eu não sou louca! Eu não sou! Não sou! — ela começou a repetir novamente e chorar.
—Tudo bem. — sussurrei me rendendo e ela arregalou os olhos para mim.
—Promete? Por favor!
—Eu prometo. Hoje e amanhã. — disse firme e vi seus olhos transbordarem. —Não chore, por favor.
—Obrigada! Eu não sou louca! Eu não sou! Você vai ver! — ela disse ainda repetidamente e assenti.
—Preciso começar o seu banho logo. — disse e ela assentiu. —Pode... A roupa... Eu...
Bárbara parecia não entender e eu só estava esperando ela se atracar no meu pescoço novamente. Respirei fundo e a olhei com calma.
—Precisa tirar a roupa. — disse baixo tentando não soar errado.
Bárbara se manteve quieta. Não se moveu e apenas piscava me olhando, então respirei fundo e lentamente levei minhas mãos até a barra de sua roupa.
A garota não se moveu e me sentia terrível conforme ia retirando a sua camisola. Olhei apenas para seus olhos evitando causar-lhe mais constrangimento.
—Bárbara...
A garota levantou devagar da cadeira e se colocou ajoelhada no chão com a cabeça deitada no assento. Estava claramente numa posição sexual e tive que olhar para o teto em respeito a garota.
—Bárbara, você...
—Isso nunca vai acabar. — ela sussurrou e começou a repetir isso ainda baixo inúmeras vezes.
—Oh meu Deus! Bárbara! Eu não vou fazer isso com você, eu não vou te machucar...
Tentava argumentar, mas estava totalmente perdido. Ela deve ter pensado que eu ia tocá-la por ter tirado sua roupa e está relembrando aquele inferno.
—Bárbara... — sussurrei e precisei tomar uma atitude antes que a mesma surtasse.
Segurei-a pela cintura e a fiz sentar na cadeira normalmente com calma, apenas olhando para seus olhos negros novamente.
—Eu não vou fazer isso com você, está me ouvindo? Eu não vou te machucar, ninguém mais vai. — disse sério e ela assentiu com os olhos transbordando.
—Ele me mandava ficar desse jeito e todos eles me machucavam. Se eu não fizesse, ele batia minha cabeça na parede. Ele me machucava, ele me machucava tanto, eu não queria...
Engoli seco sentindo a dor da garota e com cuidado toquei sua mão. Ela afastou-a, mas logo voltou a tocar minha testa até o meu nariz.
—Ninguém mais vai fazer isso com você.
Levantei e caminhei até a mangueira. Puxei o suficiente para ficar perto de Bárbara e diminui toda a pressão da mesma. Liguei e deixei que a água caísse sobre ela.
Barbara soltava gemidos baixos, provavelmente pela água gélida daquela mangueira e levei até ela o sabonete líquido e shampoo.
Virei de costas e esperei até que ela dissesse estar pronta. Olhei para cima enquanto lhe entregava o roupão e ela logo o vestiu.
—Eu gosto de água. — ela disse baixo olhando para o chão e sorri pequeno. —Você gosta?
—Gosto, mas prefiro quente.
—Aqui não tem quente, é sempre frio como no porão... — ela disse se encolhendo e suspirei.
—Está tudo bem agora. — disse e sorri para ela.
Caminhamos até o lado de fora e peguei uma nova camisola para a garota. Apesar de estar estranhamente quieta, sabia que ela ainda estava mentalmente perturbada.
A guiei de volta até seu quarto e a mesma adentrou-o em passos extremamente lentos, quase como se não quisesse voltar.
—Pode se vestir, e se sentir frio pode pedir cobertores ao Nathan, tudo bem? — disse calmo e a me olhou suplicante.
—Você vai embora?
—Está quase no meu horário. — disse baixo e ela abaixou a cabeça.
—Você é tão bom, fica aqui! — ela pediu com seus grandes olhos negros e sorri fraco.
—Eu não posso.
—Promete que vai voltar? — ela questionou com um olhar suplicante e assenti.
—Prometo.
—Tem que cumprir. — ela disse e sorri.
—Eu irei, Bárbara.
[...]
N/a: Vou postar todos os capítulos de antes hoje, desculpem pelo monte de notificação kkkk mas vai parar de onde estava quando meu perfil foi deletado. Há males que vem para o bem kkkk 💗

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Psicopatia • z.m
FanfictionCondenado a cumprir pena com serviço comunitário em um manicômio, Zayn não imaginava que encontraria lá o grande amor da sua vida. Barbara, que já passou por dolorosas situações em sua vida, acaba aprendendo aos poucos a amar através dele e de sua g...