26

6.8K 635 324
                                        

Capítulo 26

Estava há uns quinze minutos batendo na porta e a chamando quando bateram na porta e soube que era a pizza.

Paguei o carinha e deixei as caixas na mesa de jantar. Voltei para a porta do banheiro e respirei fundo.

—Babe, abre aqui? A pizza chegou, quero tanto que você prove. — disse baixo. —Por favor...

Ouvi um gemido baixo e franzi o cenho assustado. Não tive demora bater na porta com mais força.

—Barbara, por favor, abre essa porta. O que você está fazendo?

Mais silêncio.

Grunhi e saí em direção às gavetas. Procurei aquela porra de molho de chaves reserva e por um milagre consegui achar.

Peguei a da pontinha arredondada e enfiei na fechadura, girando em seguida e me deparei com bastante sangue na pia.

A olhei apavorado e ela estava ainda mais. Engoli seco e tentei manter a calma, porque se surtasse a situação pioraria.

—Barbara, o que fez? — perguntei baixo e vi ela esconder os braços atrás das costas.

—Eu não consegui.

Barbara disse chorando enquanto negava com a cabeça freneticamente. Já eu, estava a ponto de surtar.

Ela se machucou novamente e por algo que para qualquer pessoa seria banal. Mas não para ela, por tudo que viveu e suas inseguranças.

—Oh babe...

Ainda estava com medo do que tinha acontecido, não sabia bem como lidar com aquilo, mas eu a amo tanto, tanto, tanto que a primeira coisa que fiz foi ir ao seu encontro e a abraçar forte.

Barbara desabou em meus braços chorando como se estivesse liberando algo preso. Foi então que notei que não era "" por causa do beijo.

Hoje foi um dia difícil, ela relembrou todo o inferno que viveu e acontecer mais essa merda só a fez desmoronar de vez.

Beijei seu ombro e a abracei mais forte. Caminhei lentamente com ela para debaixo do chuveiro e o liguei.

Barbara gemeu um pouco, mas se manteve chorando e agarrada ao meu peito como se aquilo a ajudasse.

—Está tudo bem, doce coração. Foi só um dia ruim. Isso vai passar, assim como todos os outros dias ruins. E você vai acordar, levantar e dizer para você mesma o quão forte é e que mais uma vez está de pé.

A abracei mais forte e a ouvi fungar. Nossos corpos estavam grudados enquanto a água caia sobre nós dois e fechei os olhos tentando acalmar o meu coração também.

—Eu tentei, eu juro... — ela disse entre soluços.

—Eu sei.

Beijei o topo da sua cabeça e acariciei seus ombros com delicadeza. Barbara se afastou e desliguei o chuveiro.

Segurei em suas mãos e vi alguns dos cortes feitos no manicômio sarados e novos outros, mas não tão violentos como antes.

—Promete que não vai mais fazer isso?

—Eu quebrei a promessa.

—É por isso que hoje nós vamos renová-la. — disse baixo e acariciei suas bochechas. —Eu te amo, Barbara. E cada vez que você se machuca, meu coração também fica machucado.

Disse sincero a olhando nos olhos e vi os seus transbordando prontamente. Ela balbuciou um "me desculpa" e a abracei mais forte.

***

Barbara estava enrolada na toalha enquanto eu usava uma bermuda seca e coloquei duas fatias num prato para ela.

Sentamos no sofá mesmo e peguei uma fatia de frango para mim enquanto observava ela. Barbara pegou a fatia olhando para como eu fazia e então mastigou.

Primeiro sua cara foi confusa e depois de surpresa e por fim aquela cara maravilhosa de quem come pizza.

Gargalhei e ela sorriu. Comi meu pedaço enquanto nós dois nos entreolhávamos e não conseguia deixar de sorrir.

Parece que cada momento que passava com ela era precioso e me fazia sentir uma felicidade real que desde a morte da minha mãe não sentia.

—Você está triste? — ela perguntou me tirando dos meus devaneios e sorri.

—Não babe, estou feliz como nunca antes.

Barbara sorriu pequeno e mordeu mais um pedaço de outra fatia. Sorri a observando e assim que terminei a primeira fatia me senti satisfeito.

Passei o canal e parei num jogo de basquete que passava. Depois de um tempo ela terminou e deixamos tudo na mesa de centro.

Barbara se aconselhou em meu peito, acariciei seus ombros nus e encostei minha cabeça na sua, deixando um beijo ali.

—Ela era sua amiga?

—Quem? A Bruna?

—Sim. — ela disse baixo.

—Sim, babe.

—E ela te beijou.

—Ela não devia ter me beijado, porque eu estou com você.

—Está comigo?

—Sim, babe. Quando duas pessoas estão juntas, elas só beijam uma à outra. — disse e sorri.

—Então eu só posso beijar você?

—Ora essa, mocinha! Você queria beijar mais alguém? — perguntei me fazendo de ofendida e a fiz cócegas.

Assisti aquela mulher linda gargalhando e pude jurar que se morresse agora, morreria feliz. Era tão linda e tão preciosa para mim.

—Eu te amo tanto, Barbara. — disse a olhando nos olhos e ela corou.

—Então faz isso em mim? — ela pediu segurando minha mão e apontando para o desenho de mandala.

Sorri largo e dei uma risada sincera. A puxei para um abraço e beijei sua bochecha algumas vezes.

—Isso dói um tanto para fazer, você quer mesmo?

—Quero muito! É tão bonito!

—Então amanhã a gente vai acordar cedo, vamos comprar umas roupas para você, e depois vamos no estúdio do Louis. — disse e ela sorriu.

—Lá ele faz esse desenho?

—Faz sim, meu amor. — sorri de volta e ela abraçou meu pescoço.

—Obrigada! Obrigada! Você é tão bom! Eu quero muito! — ela disse animada e sorri.

Barbara se afastou por um segundo me olhando os olhos e — de supetão — me roubou um selinho. Ri e me aproximei dela, iniciando um beijo lento e calmo.

O momento perfeito, as sensações perfeitas, a mulher perfeita e não tinha mais nada que eu pudesse pedir aos céus.

Nos separamos rapidamente quando ouvimos o barulho de sirenes e a luz azul e vermelha entrando pela janela da casa.

Oh merda!

[...]

N/A: Oh merda!!!!!!!! Comentem e votem muito para mamãe ❤️❤️❤️

Psicopatia • z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora