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Capítulo 25

Afastei-me tão rápido que até pareceu bruto demais. Olhei para a garota e grunhi ao ver Bruna sorridente ali.

—Que porra Bruna!

—Oi amor! Estava com saudades e você... — ela olhou para dentro da casa e fez um cara de ofendida.

Quando olhei para Barbara foi quase como receber um soco bem no estômago.

Ela estava quieta, mas com aquele olhar pesado que faria com que eu me jogasse da ponte.

—Quem é essa puta de cabelo torto?

Bruna quase gritou indo em direção à Barbara, mas a segurei pelos braços e a puxei de volta para fora.

—Caralho, Bruna! Pelo amor de Deus, não fala merda com ela! — disse um pouco irritado e ela grunhiu.

—Essa vadia...

—Cala a boca! — gritei e respirei fundo para manter a calma. —Não quero nada com você, Bruna. Eu estou com ela, estamos juntos e é sério.

—Zayn...

—Não. Sinto muito, Bruna.

Bruna me olhou com fogo nos olhos e puxou seu braço com violência. Ela deu o dedo do meio para mim e em seguida saiu andando furiosa pela rua.

Fechei a porta rapidamente e olhei para Barbara que ainda estava quieta no sofá. Assim que viu que eu a estava olhando, ela abraçou a almofada e ligou a televisão.

—Barbara, essa garota era só... Era uma amiga, e antes de conhecer você eu e ela tínhamos... Eu não sei como explicar isso para você. — confessei meio perdido em palavras, mas ela só assentiu.

Merda!

Sentei ao seu lado e tentei pelo menos envolver seus ombros com um dos braços, mas ela se inclinou como se fosse deitar.

—Babe... — tentei argumentar, mas ela só se manteve quieta.

Suspirei e esfreguei meu rosto com força. Mesmo que ela não quisesse me ouvir ou tocar agora, iria ficar ao seu lado.

Quieto e calado, mas iria.

***

Encarei Barbara ainda quietinha com a cabeça deitada sobre a almofada no braço do sofá e suspirei. Era tão linda e especial para mim, mas estava bem chateada comigo e eu não sabia como resolver isso com ela.

—Babe, quer pizza? — perguntei e ela deu de ombros. —Já comeu pizza?

Barbara não fez nada além de negar com a cabeça ainda vidrada no programa chato sobre sorteios que passava na televisão.

—Babe, fala comigo?

—Eu nunca comi pista.

—Não é pista amor, é pizza. — disse sorrindo por ela ter falado e ela suspirou. —É uma delícia, você vai gostar.

Tentei beijar seus lábios, mas ela virou o rosto e acabei beijando sua bochecha. Respirei fundo e assenti.

Levantei indo em direção ao telefone e liguei para a pizzaria pedindo duas com sabores variados para que ela provasse cada um deles.

Terminei de fazer o pedido e pude ver que Barbara não estava mais no sofá. Olhei em volta e vi que ela estava no quarto.

—Babe?

Ao olhar para lá vi ela sentada no chão como uma criança enquanto rabiscava em um dos meus cadernos de desenho com lápis preto.

Sorri fraco e sentei com calma ao seu lado enquanto ela rabiscava freneticamente alguma coisa no papel que não consegui distinguir o que era.

Toquei seu antebraço com delicadeza, mas ela se afastou como se meu toque a machucasse. Isso me afetou um pouco, devo dizer.

—Barbara, se está com raiva de mim precisa conversar. Não é assim que resolvemos as coisas. Eu não quero que se sinta assim em relação a mim.

Barbara continuou rabiscando freneticamente aquele papel e dei um longo suspiro. Ela estava agindo como se não me ouvisse.

—Babe, eu não tive culpa. Você viu que estava com você, viu que a afastei e que não fazia ideia do que estava acontecendo. Nós ficamos há um tempo e ela confundiu as coisas, mas isso não vai acontecer mais. Okay? — disse calmo a olhando rabiscar.

Nem um mísero aceno para dizer que sim ou que não. Barbara só riscava a folha com mais e mais velocidade.

Só então notei que a folha estava começando a parecer como aquarela, mas não era por tinha, é que ela estava chorando sobre a folha.

Meu coração ficou imensuravelmente apertado com isso e me senti o cara mais terrível de todo o mundo.

—Babe... Me perdoa, eu não quero te ver chorar nunca.

Barbara rasgou a folha com violência e fungou. Ela estendeu o desenho abstrato em frente ao seu peito e me olhou chorando.

—Babe...

—Isso...

—O que é, babe?

—Dói. — ela disse e fungou novamente.

Barbara jogou a folha e levantou rápido correndo até o banheiro e fechando a porta em seguida. Grunhi e novamente peguei a folha me sentindo um babaca.

Encarei o seu desenho abstrato e analisei-o atentamente. Aos poucos comecei a assimilar seus riscos no papel e percebi o que ela fez implícito em meio aos rabiscos.

Virei a folha e pude ver que Barbara traçou o desenho — que parecia ser eu beijando alguém — com mais força e disfarçou com riscos por cima. Mas com a folha ao contrário era possível ver claramente.

Oh, Barbara. Eu não queria machucar você.

[...]

Psicopatia • z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora