Garota difícil

Lembranças

-Juliana-

Hoje seria um dos dias mais entediantes da minha vida, sério. Três provas, uma seguida da outra, acredita? Matemática, português, e ciências. Posso te dizer que eu não sou burra, mas também não sou a mais inteligente da sala. Minha média de notas é nove, normalmente. Preciso tirar pelo menos um sete em todas essas provas, me esforcei muito, estudei a semana inteira.

Eu já estava pronta, cabelo solto, como sempre, com uma calça jeans e a blusa branca que o colégio nos obrigava a usar.

Combinei com Mariana, para que ela passasse aqui em casa às sete e dez, pois a aula começava as sete e meia, e demorávamos muito para chegar até o colégio, por conta de sermos duas lerdas. Já havia se passado dois minutos do horário que tínhamos combinado de ela estar aqui em casa, sou muito pontual. Ouvi a campainha tocar e fui correndo até a porta para atendê-la.

- Está atrasada. - falei e sorri.

- Desculpa, acordei atrasada.

- Foi dormir tarde? - perguntei à ela.

- Sim, meu irmão não parava de me incomodar - falou ela, com cara de tédio.

Estávamos a caminho do colégio, e como eu disse, demorávamos muito. Que falta que o carro do papai me fazia. Bem, meus pais não são nada presentes na minha vida, estão em viagem no momento. Não gosto disso, pois com apenas dezessete anos, eu tenho que morar sozinha, considerando que meus pais passam a maior parte do tempo na estrada. Não sei por que médicos viajam tanto assim. Semana que vem eles voltam para casa. Graças à Deus tem a Rosa, nossa empregada. Ela fica comigo na maioria das vezes, e sabe fazer um ótimo bolo de chocolate.

Entramos no colégio, e nos sentamos em um dos bancos, esperando o sinal bater. Pedro veio sorrindo me abraçar. Mariana e Pedro são irmãos, na verdade, irmãos de consideração, pois o pai do Pedro, e a mãe da Mariana são casados. Já contei pra vocês? A Mari e o Pê são os meus melhores amigos. Confio muito nos dois. O Pedro anda com o Lucas, o galinha do colégio, e sendo assim, podemos considerar, que o Pedro também é galinha, pois nunca vi ele com uma menina por mais de uma semana.

Não converso com o Lucas, apenas somos "conhecidos", só nos vimos por conta do Pedro. É tão estranho, mesmo o Lucas tendo namorada, ele dá em cima das outras garotas. Me levantei e dei um forte abraço no meu querido, e um beijo em sua bochecha.

- Oi, Ju - Pedro disse, e depois se desgrudou de mim - Dormiu bem?

- Sim, sim. - sorri - Tive uma ótima noite com o Caio Castro - fiz cara de safada e ele riu.

- Hm... safada - rimos.

- Vou te matar, Pedro, seu idiota - Mariana disse se levantando e indo até o irmão - Olha isso - ela disse apontando para os olhos, aonde tinha leves marcas roxas. Olheiras, por conta de que ela não havia dormido quase nada.

- Ta, mas e daí? - ele riu.

- Af - resmungou - Vai lá com seus amiguinhos, sai daqui, hoje eu não estou com paciência - Mariana disse e colocou a mão na testa.

- Tudo bem, maninha - Pedro falou irônico - Vou indo - ele sorriu e beijou minha testa - Amo você, Ju.

Sorri e fiz um coraçãozinho nada legal para ele, ele riu e foi até onde Lucas e Sabrina estavam. Sabrina, argh, a namorada do Lucas, a maior bitch da escola, acredite.

Quando o sinal bateu, decidimos ir para a sala. Entramos, e nos sentamos. Nós duas sempre nos sentávamos uma ao lado da outra. Normalmente no meio da sala, nem na frente, nem nos fundos, mas sim em um lugar onde se dava para aprender bem a matéria.

Como eu esperava, Sabrina e Lucas entraram na sala se pegando. Era incrível, pois essa cena se repetia todos os dias.

- Chegaram - disse Mariana, revirando os olhos.

Eu ri, e falei:

- É melhor não encarar, Mari. A senhorita Sabrina não gosta de ninguém olhando o namorado dela - ri, e imitei certinho a sua voz de piriguete.

- Um, dois, e por fim, três - a professora de matemática disse, entrando na sala, e revistando com o olhar todos os alunos - Ótimo, todos presentes. - ela sorriu - Cadernos, livros, e estojos embaixo da mesa. Apenas caneta, lápis e borrachas que ficaram com vocês. Quero avisá-los que essa prova é muito importante.

Ela foi até sua mesa, e pegou as folhas, em seguida começou a entregá-las à todos.

- A recuperação será que dia, professora? - Lucas pediu à ela.

- Senhor Denner, para quê pensar em recuperação, se a intenção é se dar bem na prova? - ela o encarou séria, e depois sorriu - A recuperação será daqui dois dias. Pois preciso de um para corrigir as provas. Agora, sem mais perguntas, façam a prova, e ao fim, me entreguem. Vocês tem quarenta e cinco minutos.

Depois de quarenta e cinco minutos de longo tédio, terminei a prova. E olha, foi horrível, mas creio que me dei bem.

As outras duas provas foram facílimas, até por que eram apenas de assinalar com um X.

Quando bateu o sinal para o recreio, dei graças à Deus. Sorri para Mariana, e ela sorriu para mim também.

- Então, vamos?

- Claro - respondi sorrindo.

Fomos para a porta da sala, e quando íamos sair, Lucas me segurou pelo braço. Me virei para ele, e o encarei.

- Juliana, correto? - ele perguntou, com o sorriso mais safado de todos. Soltei suas mão de meu braço brutalmente, fazendo ele rir.

- Sim - respondi.

- É mais linda do que eu lembrava - ele disse baixo e riu - Pedro pediu para mim, para que eu avisasse que hoje ele não iria com vocês para casa. Ele vai na casa da Sabrina hoje, comigo e com o pessoal do time.

- Hm - falei indiferente - Legal, aproveitem bem a noite, opa, falei errado, o dia - falei totalmente irônica olhando para ele.

- Você não me deve satisfações, Lucas.

Dei meia volta, mas ele me segurou pelo braço novamente.

- Ainda está brava comigo? Meu Deus, Juliana, aquilo aconteceu na oitava série!

- É, mas eu não esqueci. Agora me dê licença, tenho coisas melhores para fazer.

Me segurei para não rir. Mariana me olhou segurando o riso. Fomos para a cantina, e comemos em uma mesa afastada.

Na oitava série, aconteceu algo muito, mas muito ruim. Eu tinha quatorze anos, eu acho, mas mesmo assim aquilo foi ruim para mim. Eu me arrependi totalmente do que fiz. Eu toquei meus lábios no dele. Nós nos beijamos, e foi totalmente estranho, pois foi com ele, que eu tive o meu primeiro beijo, e o que era para ser um momento especial, eu guardo como se fosse um dos piores momentos da minha vida, pois depois daquilo, ele me trocou pela Sabrina, e eu chorei por dias, semanas... e a única pessoa que me compreendia era a Mariana, que está comigo à quinze anos, e dês de pequenas, somos melhores amigas..

p.s: essa história não é minha,é de uma menina do ask,estou apenas repostando