Primeiro encontro

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– Lucas, querido, como estás? – ela largou o garroto e veio para perto de mim.

– Não me venha com sarcasmo que eu não gosto disso!

– Sarcasmo, Lucas? Quem aqui está usando sarcasmo?

– Viu? Está sendo sarcástica de novo.

– Algum problema, gata? – O garoto que ela tinha beijado antes, argh, perguntou aproximando-se.

– Não. Pode sair daqui. Quero conversar com a minha namorada – disse seco para ele.

– Namorada? – ele riu – Namorada nada. Ela tá comigo agora, entendeu, colega?

– Contigo? – Fiquei frente à frente com ele. Tive vantagens pois era mais alto e mais forte – Ela tá contigo é o caralho. Se liga, "colega" – imitei-o –, ela não tá contigo porra nenhuma!

– Lucas, chega. – disse Juliana – Não quero que você brigue com ele.

– Ah, e você ainda defende esse filho da puta?

– Filho do quê? – o garoto disse fechando os punhos.

– Olha, cara, não se mete, por favor – olhei para ele e depois para a Juliana, e disse: – É sério, precisamos conversar. Agora.

Ela bufou e assentiu.

[...]

– Diga.

– Primeiro preciso que você me desculpe.

– Não quero discutir contigo. 

– Sério, Ju, preciso do seu perdão.

– Tente outra hora – Ela se virou para o lado contrário que o meu. 

– Sério que você vai bancar a criancinha?

– Não sou criancinha – Ela se virou para mim.

– Consegui.

– O quê?

– Consegui fazer pela primeira vez no dia que você me olhasse nos olhos.

Eu sorri e ela me olhou confusa.

– Te chamei de criança. Sei que você não gosta que eu te chame disso, então foi a única maneira que encontrei de chamar sua atenção e fazer você me olhar nos olhos – expliquei – Lerdinha – ri.

– Não me chama de lerda!

– Viu, eu sei te irritar.

– E como sabe... – Pela primeira vez na noite, vi um sorriso, pequeno, no canto dos lábios, mas era um sorriso. Ela percebendo que eu vi seu ato, tratou de recompor a postura de "garota-raivosa".

– Você sorriu.

– Erro seu.

– Erro meu?

– É. Eu não sorri. Você deve estar vendo coisas – Ela jogou o mesmo trocadilho que eu havia falado pra ela anteriormente, só que agora, ela falou o mais sarcástico possível.

–Não perde uma, hein?

Ela riu.

– Não sei porque ainda quer falar comigo. Já terminamos e não temos mais nada um com o outro – ela disse.

– Eu amo você, e não vou desistir tão fácil assim.

– Está perdendo o seu tempo.

Ela se sentou no gramado, fazendo "perna de índio".

– Sei que não estou perdendo meu tempo – sentei-me ao lado dela.

– E como você sabe disso?

Fiquei calado. Pensei por alguns segundos e disse:

– Porque sei que você ainda me ama.

Juliana ficou calada. Olhou-me nos olhos e depois para minha boca. Sacudiu a cabeça e ficou me encarando. Não consegui mexer um músculo se quer. Apenas fiquei ali, olhando pra ela, sentindo sua presença. Pra mim, estar ao seu lado já bastava. Não que isso fosse bom, mas pelo o que eu fiz com ela, nunca imaginei que ela falaria novamente comigo, e muito menos que ela ficaria assim, do meu lado, quieta, mas pelo menos ela está do meu lado.

Sorri e passei meus dedos sobre sua face serena. Ela não se mexeu. Peguei em sua mão e a apartei forte. Ela não se mexeu. Estranhei aquilo. A encarei por alguns segundos e estranhei mais ainda quando ela simplesmente caiu. Desabou no chão. Fiquei super preocupado e fui pra cima dela o mais rápido possível. Não entendo nada sobre medicina nem primeiros socorros, mas sabia o que deveria fazer: respiração boca à boca.

– Ela desmaiou.

– O quê? – disse me virando para ver quem havia falado.

– Ela desmaiou – repetiu a velhinha.

– A senhora sabe o que eu devo fazer? – perguntei, aflito. Qualquer dica seria boa no momento.

– Leve-a ao pronto socorro.

– Obrigado, senhora.

Peguei a Ju no colo e saí correndo para o meu carro. Coloquei ela no banco do lado do motorista e coloquei o cinto-de-segurança nela. Saí o mais rápido possível dali, cantando pneu. Cheguei até o Hospital e peguei-a no colo, levando-a até a recepção.

– É urgente – disse para a atendente.

– Por favor, sente-se no banco de espera.

– O quê? NÃO! Ela precisa ser atendida, agora!

– Senhor, lamento informar, mas temos casos mais graves que... – ela olhou para a Juliana e completou: – que um simples desmaio.

Fiquei super nervoso. Quem aquela enfermeira idiota pensa que é? enfermeira talvez não, mas atendente... ah, que seja! A Juliana não teve um "simples desmaio". Vai saber o que aconteceu com ela... 

Decidi me sentar na cadeira de espera. Coloquei Juliana no meu colo. Peguei do seu bolso o celular e liguei para a Mariana.

– Amiga! – ela disse rindo – E aí, deu certo o plano?

Fiquei calado.

– Ju, você tá aí? 

– Que plano, Mariana?

– Lucas? – ela gaguejou – Ai, meu Deus. O que raios você tá fazendo com o celular da Ju?

– Estou com ela no hospital – respirei fundo – Ela desmaiou. Preciso de você aqui.

– Ela desmaiou? – ela sussurrou – Lucas, o que você fez com ela? – disse sussurrando novamente.

– Eu não fiz nada, sério. Agora só peço uma coisa à você: vem aqui no hospital e traz a Ashley e os meninos junto contigo. Estou preocupado.

– Tudo bem – ela suspirou.

– Ok. Tchau.

– Tchau, Luc.

Desliguei o telefone e fiquei esperando por eles.

Garota difícilOnde histórias criam vida. Descubra agora