Hospital

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JULIANA DRUMMOND NARRANDO:

Abri os olhos calmamente. Quarto branco. Olhei para a minha roupa. Roupas de hospital. Hospital? Por que raios eu estou num hospital?

– Ju, que bom que você acordou – ele sorriu. Estava sentado na poltrona ao lado da minha cama.

– Lucas, o que eu to fazendo aqui?

– Você teve um desmaio. Eu te trouxe aqui.

– Por que eu desmaiei?

– Não sei.

– Nana? – Mariana sorriu – Você tá bem?

– Um pouco – coloquei a mão na minha testa – Minha cabeça tá doendo.

– Pelo menos você acordou, Nana – ela sorriu.

– O que ser "Nana"? – Lucas riu.

– Eu chamava a Ju de Nana quando ela era pequena – Mariana explicou.

– Ah, interessante.

– Alguém mais veio? – perguntei me sentando, mas permanecendo na cama.

– Sim. Ashley, Matheus – ela pausou –, e o Pedro – ela revirou os olhos.

– Não se acertaram?

– Não – ela negou com a cabeça.

– Por que não? – Lucas perguntou.

– Não consegui perdoá-lo – ela negou com a cabeça novamente – É difícil.

Nos calamos.

– Srtª Drummond? – um médico, alto, loiro, olhos escuro, aaaaah, é o paraíso, perguntou e eu assenti. Lucas o fuzilou com os olhos.

– Aqui – levantei a mão e depois ri.

– A senhora já pode voltar para casa – ele sorriu. Que sorriso é esse, Jesus?

– Senhora? – indaguei com a sobrancelha levantada.

– Senhorita? – ele riu.

– Não – ri – Pode ser só Juliana mesmo.

– Ok, Só Juliana – ele riu.

Lucas me olhou e depois olhou pra ele. Revirei os olhos.

LUCAS DENNER NARRANDO:

Saímos do hospital e, antes, passamos na sala de espera para chamar os meninos.

– Você tá bem, Ju? – Ashley perguntou abraçando-a.

– Estou – ela respondeu.

– Juliana – Pedro sorriu – E o meu abraço? – ela o abraçou e depois riu.

– E o meu? – Matheus fez bico e a Ju o abraçou.

– Que confiança toda é essa, Matheus? – indaguei puxando a Juliana para mim.

– Opa, irmão. Foi só um abraço – ele se defendeu.

– Me larga, Lucas – ela se soltou de mim e me encarou – Que confiança toda digo eu! Quem você acha que é?

– Uai, pensei que a gente tinha voltado – falei, coçando a cabeça.

– Não voltamos.

– Por que não?

– Não te perdoei.

– Ah! Ainda com essa história de me perdoar? – revirei os olhos.

JULIANA DRUMMOND NARRANDO:

***

– Acreditam, meninas? – Ashley negou com a cabeça – E o filho da mãe ainda disse que queria voltar comigo. Eu me nego em acreditar em tamanha cara de pau.

– Ih, Ash, mas é assim mesmo – Mariana riu – Esses meninos são um bando de otários. Só dão valor depois que perdem.

– Meninas... 

– Fala, Ju – elas disseram juntas e depois sorriram.

– Eu estou me sentindo enjoada – Fiz careta e elas riram.

– Deve ser só mal-estar. Hoje tá quente, dá nisso – Ashley riu.

– Não é mal-estar – entortei a boca – É vontade de vomitar.

– Vomitar?! – Mariana me olhou arregalando os olhos.

– Me perdoem. Eu preciso ir ao banheiro.

Fui correndo para o banheiro. Apoiei minhas mãos na pia. Olhei-me no espelho. Enjoo. Enjoo. Enjoo. Vontade de vomitar é sintoma de... Não, não é isso. Me pus a vomitar e depois passei água na boca, escovando os dentes em seguida.

– Você tá bem? – elas me olharam preocupadas.

– Não. Preciso de ar.

Chamei elas para que fossem comigo até a beira-mar. Elas concordaram e fomos. Andamos por alguns minutos e, realmente, o sol estava de rachar. Nos sentamos em uma sombra e eu deitei minha cabeça sobre o colo da Mari.

– Ju... 

– Oi, Mari.

– Posso te fazer uma pergunta? 

– Pode – suspirei.

– Serei direta, tudo bem?

– Tudo.

– Você tá grávida?

Eu a olhei e soltei um riso abafado.

– Hein? – ela insistiu na pergunta.

– Não sei, Ash – fui sincera – Eu não sei.

MARIANA SCHNEIDER NARRANDO:

E se for verdade? E se a Juliana estiver mesmo grávida? O que iremos fazer? Só há uma resposta para todas essas perguntas, e sabe qual a pior parte? Eu não sei qual é.

Vi no visor do meu celular, e eu havia acabado de receber uma mensagem.

"Pode me encontrar na praia? Ou, sei lá, aqui em casa? Preciso conversar contigo. E é sério. Amo você. Pedro."

– Meninas – Elas me olharam – Preciso resolver umas coisas. Desculpem-me.

Sai correndo, indo até a "minha" casa, ao encontro do Pedro.

Garota difícilOnde histórias criam vida. Descubra agora