Bons momentos

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Algo me dizia que aquela música era para mim. Ele tocava olhando para mim. Lucas sabia realmente tocar violão. 

Math me abraçou e me deu um beijo na bochecha.

- Parabéns, Denner – disse Matheus, e sorriu – Música bonita. Deve ter alguma garota nessa história, não é? Sabrina?

Lucas sorriu e não respondeu.

Depois de tudo, outras pessoas tocaram e cantaram. Eu era forte para essas coisas, de ficar acordada até tarde, mas hoje eu estava realmente cansada. Meus olhos estavam se fechando muito rápido, e eu fazia um esforço enorme para abri-los. Fiquei encostada no peitoral do Math e ri.

- Está rindo de quê, doidinha? – ele sorriu – Está chapada?

- Eu não bebi, Math – eu sorri – Nem fumei, nem me droguei.

- Então por que está rindo assim?

- Quando estou com sono isso acontece.

- Isso o que? – ele riu.

- Eu falo merda, eu fico rindo, sei lá, é uma coisa minha.

Math sorriu.

- Quer dormir?

- Quero – respondi quase caindo no sono.

O que me lembro é que ele me pegou no colo e me levou até a porta da casa, falou para que eu arrumasse a cama dele, pois eu iria dormir com ele, sem maldade. Ele avisou que voltaria rápido, só iria dar tchau para as pessoas. Coloquei três cobertores pois estava frio, me deitei na cama, e dormi.

MATHEUS NARRANDO:

Algo me dizia que aquele Lucas não era uma boa pessoa. Um bom amigo, talvez, mas um bom namorado, não. Eu conseguia ver que ele era o tipo de cara que traía a namorada, e vi o jeito que ele olhava para a Ju. Talvez ele achasse que ela seria fácil, que ele conseguiria ela facilmente. Lucas, você está completamente enganado. Conheço ela desde sempre, sem exagero. E sempre fui apaixonado por ela. Creio então, que é meu dever protegê-la, não deixar nem um babaca ferir os sentimentos da minha pequena Ju. Sou mais velho que ele. Um ano, porém continuo sendo mais velho. Já vivi coisas dolorosas, eu sei, todos vivemos, e acho que amadureci com elas.

E é agora que darei uma lição nele.

Lucas estava conversando com um de meus primos. Cheguei perto deles, permaneci levantado, os dois estavam sentados.

- Oi, Lucas – eu sorri.

- Oi, Matheus – ele não sorriu.

- Posso conversar com você?

- Tudo bem – ele se levantou e foi me seguindo.

Não fui em um lugar muito isolado, um lugar próximo até, mas eu precisava “falar um pouquinho” com ele.

- Então, o que quer? – disse ele.

- Serei bem direto – Você tem namorada, não é?

- Sim.

- Então por que fica olhando para a Juliana?

- Todos os homens olham para as mulheres, mesmo tendo namorada.

- Olha, Lucas, eu sei o jeito que você é – eu pausei –, um pegador, o que tem o que quer. Mas me escute bem, eu gosto da Juliana, eu sou apaixonado por ela, e você não será quem tirará ela de mim.

- E quem disse que eu gosto dela?

- Seus olhos o entregam.

- Como sabe disso?

- Podemos conhecer uma pessoa pelos olhos dela – eu sorri – É melhor que você fique longe dela. Juliana é muito sentimental, chora fácil, e você não será quem deixará ela nesse estado. Nunca brinque com os sentimentos de uma garota, nunca!

- Eu entendi. Mas não precisava conversar comigo sobre isso. Não gosto dela. Nem amigos nós somos.

- Diz isso por que tem medo de falar o que sente – eu queria que ele admitisse isso, ele precisava admitir – Seja sincero, cara. Você gosta dela, ou não?

- Não

- Nem um pouquinho?

- Talvez um pouco.

- É, eu já desconfiava – eu ri – Mas você não é o único, Lucas. Eu a amo, e sou capaz de tudo para ter ela. Ela já foi minha uma vez, e será minha novamente.

- Vocês já namoraram?

- Não. Só ficamos.

- Então ela nunca foi sua. – ele sorriu.

- Você entendeu muito bem o que eu disse, Denner. Se é guerra que você quer, guerra terá.

JULIANA NARRANDO:

Abri meus olhos e reconheci o quarto. Matheus. O quarto do Matheus. Virei para o lado e lá estava ele, dormindo, tão lindo... Virei para o outro lado e estava lá Lucas, deitado no colchão do chão. Ele também estava dormindo, pelo menos eu acho que estava. 

Espero que tudo dê certo. O que é tudo, eu não sei, mas me refiro aos dois, Lucas e Matheus, que os dois sejam amigos, mesmo eu não sendo mais amiga do Lucas. Nossa amizade acabou naquele exato momento em que vi ele com Sabrina. Tentei excluí-lo da minha mente. Excluir seus beijos. Mas não dá. O cérebro não é um computador, que é só você apertar Delete e pronto. Não, é bem diferente. Porém eu queria que fosse assim. Excluí-lo de minha vida. Excluir as noites que passei em claro, chorando por ele. Excluir as sensações que tive à beijá-lo. E como ele beijava...

A mãe do Matheus era muito minha amiga. Bom, amiga, não. Apenas uma querida pessoa em que eu me dava muito bem. Sempre quando eu vinha aqui quando pequena, ela dizia “Sinta-se em casa” e eu levava isso ao pé da letra. Na verdade, eu nunca quebrei nada aqui, nunca fui de bagunçar, mas quando eu estava com a Mariana, Pedro e Matheus a história era diferente. Fazíamos a festa, sem nos preocupar com o que iria acontecer no próximo dia. Isso acontecia quando tínhamos mais ou menos dez anos. Mas sempre fui comportada, sempre. E quando eu me irritava com o Matheus, eu ficava no jardim de sua casa, pegava um livro e começava a lê-lo. Eu fazia isso normalmente na frente deles. Eu era muito boa nessas coisas, de dar um gelo nas pessoas. No fim, Matheus se arrependia, se sentava do meu lado e me pedia desculpas. Eu aceitava suas desculpas, e nós nos abraçávamos. Na verdade, isso acontece todas as vezes que eu venho aqui, mas sempre o motivo da briga é diferente. Uma vez foi por que ele ficou com ciúmes do Lucas, pois ele tinha me dado o primeiro beijo. Matheus e Lucas não se conheciam, mas mesmo assim Matheus tinha ciúmes dele. Eu fiquei rindo da cara dele e ele se zangou. Acabei dando um beijo nele também, e simplesmente ele ficou feliz, e me pegou no colo, e começou a girar-me pela grama. Foi estranho. Ele acabou me deixando cair no chão. Matheus caiu por cima de mim. Eu acabei rindo muito, e ele me roubou um beijo. Depois eu comecei a chorar, pois aquilo havia me lembrado do acontecimento entre Sabrina, Lucas e eu. Do meu beijo com Lucas, e de depois eu ter visto ele com ela. Matheus me deu muito apoio, isso foi bom. No fim fizemos uma sessão de filme, compramos pizza e madrugamos, Matheus, Pedro, Mariana, e eu.

Garota difícilOnde histórias criam vida. Descubra agora