Verdade ou consequência

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- Quem você pensa que é pra fazer isso?

- É melhor você calar a sua boca.

Acordei assim. Lucas e Matheus estavam discutindo. Discutindo baixo, pois ainda estávamos no carro. Eu estava ainda de olhos fechados. Abri e eles me olharam surpresos. 

- Oi – falei sonolenta – Perdi alguma coisa?

- Não, pequena – Math sorriu – Não perdeu nada.

Math, sempre tão simpático...

- Já estamos chegando? – perguntou Mariana.

- Não, Burro – zombou Pedro e todos riram.

- Não sou o Burro! – disse ela.

- Então você é o que? – perguntei ainda rindo.

- Sou a... Fiona! – ela sorriu.

- E quem é o seu Shrek, querida? – provoquei e ela ficou vermelha.

- Não tenho nem um Shrek – disse ela e tia Marta virou a cabeça, olhando para nós.

- Oh, meu amor. Nem unzinho?

- Não, mãe. Nem unzinho – na realidade, eu sei que Mariana gostaria de admitir o caso entre ela e o irmão, mas não era o certo a fazer.

- E você, Ju, tem algum Shrek? – perguntou tia Marta.

“Tenho dois”, pensei e ri. Não era o certo a falar-se, mas seria engraçado.

- Não sou a Fiona, tia. – eu ri – Mas respondendo sua pergunta, não, não tenho um Shrek.

Lucas e Matheus me olharam arregalando os olhos. Surpresos, de certo.

- Pois terá no futuro, Ju – Math disse e sorriu.

- E quem será esse Shrek? – perguntou tia Marta.

- Eu, é claro – ele disse e riu. Mas na verdade, eu reconhecia o tom de voz dele, e ele só estava brincando. Ou não.

A conversa continuou, e começamos a falar de namorados, e de outras coisas relacionadas a isso. Tia Marta sabia que nem eu, e nem Mariana éramos virgens, e ela não tinha nada contra isso. Graças a Deus. Minha mãe também não tem nada contra, mas sempre me falou para ter juízo, e cuidar com os garotos. Tio José estava calado. Concentrado na estrada. Acho que aquele assunto o constrangia. Acho que ele não era muito afim de ficar falando dessas coisas, ainda mais para seus filhos. 

Lucas sempre ficava me dando “empurrões” com seus cotovelo que me faziam desequilibrar. Eu quase caía do colo do Matheus. Mas não havia importância, eu não iria cair, pois tinha a porta do meu lado.

Quando chegamos na casa da Mariana, dei um abraço na tia Marta e no tio José, e nos meninos também. Falei para Mariana ir comigo lá em casa, para pegar minhas coisas. Fomos lá e eu peguei todas as minhas roupas (que não eram poucas), todos os meus calçados, maquiagens e tudo de necessário. Na verdade, eu peguei tudo mesmo, pois meu quarto ficou quase vazio. Precisamos fazer três viagens da minha casa para a casa da Mari, pois éramos só duas, e tinha muita coisa para carregar, e os meninos não queriam nos ajudar. Bom, Matheus não nos ajudou, pois estava arrumando suas coisas.

Depois de arrumar todas as minhas coisas no quarto da Mariana, fiquei de bobeira, sentada na cama e olhando para o espelho à minha frente. A cama dela era de casal, então eu dormiria com ela. Sem malícia, por favor. Pelo que ouvi, Matheus iria dormir no quarto de visitas, pois Pedro disse que não dorme com homem. Depois todos riram. Lucas estava lá, jogando Xbox com os dois outros, como sempre. Tia Marta e Tio José haviam saído, não sei para onde, e nos deixaram sozinhos. 

Lucas iria dormir ali, para a minha infelicidade. Mas, felizmente, estávamos começando a nos darmos bem. Todos estavam conversando, e era idiota, mas estávamos falando de quem já “pegamos”. A lista do Lucas era grande. Infelizmente, eu estava incluída nela. Na hora em que Lucas falou meu nome, Math engoliu em seco. A minha lista não era tão grande. Matheus, Lucas, o cara da sorveteria, o cara que eu encontrei no shopping, um gatinho que eu nunca vi que me agarrou no meio da rua, meu primo no jogo da garrafa, e alguns que eu peguei quando estava bêbada na balada. Matheus falou o nome de algumas garotas, e por fim o meu. Quando ele falou meu nome, me deu um selinho. Fiquei sem reação. Oras, eu não sabia que ele faria isso. O idiota do Pedro inventou de jogarmos novamente “Verdade ou conseqüência” mas na verdade, era só conseqüência (tudo bem, isso ficou confuso), pois você só podia escolher uma conseqüência. Já assistiram o filme “Verdade ou conseqüência”? Era mais ou menos assim. Bom, era bem diferente. As regras eram as seguintes: Você escolhia quem iria te desafiar; Se você não cumprir o desafio, deve dez reais para cada um que está jogando; Se você recusar o desafio e desafiar quem te desafiou, e a pessoa concluir esse desafio, você deve cinqüenta reais para ela. Muito simples. 

Lucas se encorajou e decidiu ser o primeiro. Pediu para que eu o desafiasse. Desafiei ele a (momento eu rindo maléficamente) tirar sua camiseta e shorts, e ficar apenas de cueca. Depois ele deveria dançar “Quadradinho de oito” e colocaríamos o vídeo na Internet. Ele fez e eu ri muito. Sério. Acho que estraguei o vídeo com minha risada nada delicada. Postei na Internet, como havia falado e ele quase me matou. Ri mais um pouco, e depois me recuperei. Voltamos ao jogo. Mariana seria a próxima. Ela escolheu que Matheus a desafiasse. Seu desafio foi tomar uma mistura muito louca. Fomos até a cozinha, e Matheus foi pegando os ingredientes. Um copo de 500ml, dois ovos crus, sal, água, leite, pimenta, mostarda, ketchup, açúcar, Nescau, e por fim ele pegou uma colher, e mexeu a mistura. Mariana olhou com nojo. 

- Eu não irei beber essa porcaria – disse Mariana.

- Então me desafie a beber, e estará me devendo cinqüenta pratas – Math sorriu.

- Tudo bem.

Mariana bebeu aquilo em pequenos goles, e foi engraçado. Ela fazia cada careta. Eu ria demais. Na verdade eu rio de muitas coisas que eu não deveria rir. Por exemplo, uma vez eu estava na missa, e lembrei de quando estávamos na casa do Matheus, e lá tinha uma porta de vidro. Pedro não viu que a porta estava fechada, bateu o corpo com tudo e caiu para trás. Não me lembro muito bem, mas passei mal naquele dia de tanto rir. Pedro riu de si mesmo. Foi engraçado. E me segurei para não rir dentro da igreja. 

Depois voltamos ao jogo. Era a vez do Pedro, e ele escolheu que Lucas o desafiasse. Lucas desafiou que ele deveria jogar um ovo podre em seu próprio cabelo. Desafio levinho. Ele fez e partimos para o próximo. Matheus, ele pediu para que Mariana o desafiasse. A vingança. Mariana fez a mesma coisa. Uma bebida nada normal. Ele teve que beber. Depois era a minha vez. Pedi para que Pedro me desafiasse, e adivinha o que ele me desafiou? Que eu dormisse na mesma cama que o Lucas.

Garota difícilOnde histórias criam vida. Descubra agora