- Juliana – Mariana estalava os dedos em frente ao meus olhos. – Está aí? Ou está em Londres? – ela zombou de mim rindo. Percebi agora, eu estava encarando Lucas no momento em que estava pensando. Minhas bochechas coraram. Ele riu de mim, e eu mostrei a língua para ele, e depois ri. Pedro também estava na mesa deles. Nesse exato momento, ele se levantou, e agora está vindo até nós.
- Chegou o intruso – Mariana disse, e revirou os olhos.
- Bom dia pra você também, maninha.
- Olha, não quero nenhuma confusão aqui, hein – falei rindo deles – Estou dizendo, vocês ainda vão se casar – ri.
- Vira essa boca pra lá, eu hein – Mariana disse.
- Claro, claro. Vamos nos casar, sim. E vamos ter sete filhos – Pedro disse irônico.
- Vou ser madrinha de todos – sorri, fingindo acreditar.
Ouvi passos atrás de mim, e logo em seguida, mãos tampando meus olhos.
- Adivinha quem é?
Reconheci a voz, e seriamente, preferi não ter ouvido.
- Sai, Lucas. – falei tirando brutalmente suas mãos de meus olhos.
- Nossa, achei que seria mais querida comigo – ele disse, e puxou uma cadeira, sentando-se ao meu lado.
Revirei os olhos, e continuei tomando meu refrigerante.
- Ainda estão brigados? – Pedro falou baixo, apenas para que Mariana ouvisse. Mas eu ouvi, é claro.
- Desde sempre, e para sempre. – falei olhando séria para Lucas.
- Sério? – ele disse e eu assenti – Não vejo razões para isso. Foi só um beijo.
- Meu primeiro beijo – o corrigi e ele riu.
- Eu te dei seu primeiro beijo? – ele quase se engasgou – Não creio.
- Então fique não crendo – saí daquela mesa, batendo os pés em passos longos.
Fui ao banheiro. A raiva tomava conta de mim. Passei água sobre meu rosto, e me senti bem melhor. Logo vi pelo espelho, que Mariana havia entrado no banheiro.
- Você está bem? – falou ela, parando ao meu lado e ajeitando seu cabelo.
- É, mais ou menos.
- Espero que esteja, por que o garanhão quer falar com você – ela disse rindo.
- Garanhão, que garanhão?
- O Lucas, sua boba.
- Não quero falar com ele – falei, arrumando meu cabelo.
- Mas ele quer, e está te esperando na porta.
- Sério que eu tenho que agüentar isso? – eu disse e ela assentiu – Merda.
Saímos do banheiro, e como Mariana disse, ele estava lá. Mas dessa vez, ele estava só, até estranhei, pois é difícil a Sabrina não estar com ele. Ele estava com as mãos nos bolsos frontais de sua calça jeans, e com aquele cabelo jogado, do jeito que só ele tem. Se eu não odiasse ele, posso dizer que até o acharia bonitinho.
- Diga rápido – falei chegando perto dele.
- Fui – disse Mariana, sumindo pelo corredor.
Ótimo, ela me deixou sozinha.
- Desculpe-me – ele disse.
- Olha, Lucas, eu já disse que o que você fez vai ser bem difícil de perdoar. Então nem adianta pedir desculpas, eu sei que você nunca iria pedir isso, se não fosse pelo Pedro, que provavelmente te pediu para fazer isso.
Ele olhou para mim, no fundo dos meus olhos. Fiquei com um pouco de medo.
- Acha que eu vim aqui só por que o Pedro me mandou? – ele disse, ainda olhando daquela mesma maneira.
- Acho – afirmei com certeza absoluta.
- Pois você acha errado. Ju, eu estou arrependido, confie em mim, não vou mais te magoar – ele disse, tirou as mãos do bolso, e pegou em uma de minhas mãos com força. Larguei em seguida.
- Quantas vezes eu vou ter que repetir que o que você fez é imperdoável? – falei nervosa, ele riu e me puxou pela cintura. Ficamos cara a cara. Ele me encarava com um sorriso bobo nos lábios. Estávamos prestes a colar nossos lábios, e ele estava até com os olhos fechados, mas eu fui mais rápida, e saí dali correndo.
- Eu sei que você ainda gosta de mim, Juliana! – gritou ele, rindo.
Eu me virei, e o encarei brava. Fui até ele, e dei um belo de um tapa em sua linda face, que no momento eu deveria ignorar.
- Te conheço, Juliana. Te conheço... – disse ele, saindo por aí, pelo corredor.
O jeito é viver normalmente, e arcar com as conseqüências de ter dado o primeiro beijo com sua antiga paixão infantil, que acabou sendo o motivo de seus maiores pesadelos na adolescência. É por esse motivo, que eu continuo odiando todos os dias, a Sabrina.
As duas aulas custaram a passar. Educação Física. E como se não bastasse, era futebol. Meninas VS Meninos. Achei meio patético isso, mas mesmo assim joguei. Eu queria parecer forte, e não mostrar-me uma menina indefesa que ainda não superou ver sua paixãozinha infantil beijando outra.
Marquei dois gols, e “sem querer”, chutei a canela do Lucas, que me olhou com fúria nos olhos. Mari parou ao meu lado, analisando a situação. Provavelmente, ali nasceria uma séria discussão entre eu, e Lucas.
- Para quê fez isso, Juliana? – disse ele gritando, fazendo com que todos que jogavam junto, paracem para olhar-nos.
- Foi sem querer – falei irônica rindo.
Uma rodinha havia-se feito em volta de nós.
- Você chutou a minha canela “sem querer”? – disse ele, fazendo aspas no ar.
- Pois é, isso mesmo – falei, sorrindo sarcástica.
- Só não bato em você, por que é mulher – disse ele, dando as costas para mim.
- Covarde – falei provocativa.
- O que disse? – falou ele, virando-se para mim novamente.
- Exatamente o que você ouviu – falei, com o mesmo sorriso sarcástico de antes.
Creio que eu sou uma das únicas pessoas que puxam briga com Lucas Denner. Considere-me corajosa.
Quando uma pessoa tenta bater em mim, eu não deixo pra lá, eu parto pra cima. Bato até ver sangue saindo de suas narinas (ta, eu exagerei. Não sou uma assassina, psicopata, ou coisa assim). Simplesmente, me defendo, e era isso que eu estava fazendo no momento.
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Garota difícil
RomanceJuliana,uma menina doce que no passado se apaixonou por Lucas,seu primeiro amor,seu primeiro beijo,mas ele humilhou ela e depois daquilo nunca mais se falaram,mesmo estudando na mesma escola e tendo os mesmos amigos. Depois de muito tempo Lucas tent...