Capítulo 11

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    Assistir as aulas mais importantes de contabilidade, logo nos dois primeiros anos de faculdade, havia sido uma decisão inteligente. Porém, mesmo com um horário flexível de aulas fáceis, por alguma razão ainda me sinto cansada hoje. É noite de sexta-feira e o fim de semana só está começando.   

    E já está uma droga.

    Eu gostaria de pensar que é somente o pavor de ter que trabalhar no fim de semana, mas sei muito bem que não é só isso. Tem a ver com aquela conversa estúpida que eu tive com a  Shawna durante a degustação de bolo.

    Este cara parece ser tudo que você sempre quis.

    Suspiro. Isso está ficando mais claro a cada dia que passa.

    Harry visitou Marissa todas as noites esta semana. Quanto mais ouço ele falar, vejo seu sorriso e observo como age, mais lamento não ser o tipo de pessoa que vai, sem dó nem piedade, atrás do que quer.

    Mas não sou assim. Marissa detém a exclusividade dessa característica. Bem, Marissa e minha mãe.

    Se algum dia eu me tornar uma ladra, Harry será a primeira coisa que vou roubar.

    Posso ouvir a sua voz, enquanto ele conversa com Marissa. Não há dúvida que ambos têm planos bem excitantes para hoje à noite. Suas vidas milionárias são o recheio dos contos de fadas. Infelizmente, a minha vida está bem longe dos contos de fadas.

    Com uma chacoalhada firme que faz meus olhos lacrimejarem, ajeito o meu rabo de cavalo e me olho no espelho. O uniforme de trabalho de Marissa é um blazer de mil dólares e sapatos Jimmy Choo. O meu é um short preto e uma camiseta preta com os dizeres: Dê uma passadinha no Tad's. Uma garota como eu nunca terá uma vida daquelas.

    Fico contente quando ouço a porta da frente se fechar. Pelo menos agora não tenho de passar pela dupla dinâmica para poder sair. O fim de semana já está uma merda, e só está começando.

    Ter que vê-los babando um pelo outro é a última coisa que eu preciso.

    Por garantia, aguardo alguns minutos. Depois, pego minha bolsa e as chaves, jogo a mochila, na qual carrego tudo e mais um pouco, no ombro e me dirijo à porta. Estou pensando que deveria ter ido ao banheiro antes de sair, quando levanto os olhos  e vejo Harry no seu carro preto  luxuoso, falando ao telefone. Sem prestar atenção no que estou fazendo, não me dou conta do meio-fio e acabo levando um tombo.

    Provavelmente eu teria conseguido manter o equilíbrio se não estivesse sobrecarregada com o peso no ombro. Como pisei em falso, foi impossível evitar a queda.

    Caio com as pernas para cima, dentro do estabelecimento. Na minha cabeça, eu me vejo dando  aquelas cambalhotas de palhaço, balançando os braços e as pernas.

    Pois é. Estou fazendo papel de  otária. Mais uma vez. E bem na frente do Harry.

    Quantas vezes mais eu vou ter que passar vergonha diante deste cara?

    Estou pensando nisso, enquanto tento me recompor, o mais rápido possível. Porém, antes de conseguir me desvencilhar do emaranhado das alças das bolsas, sinto duas mãos fortes agarrando os meus braços e me levantando.

 Porém, antes de conseguir me desvencilhar do emaranhado das alças das bolsas, sinto duas mãos fortes agarrando os meus braços e me levantando

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Louca por você - Tom H.Onde histórias criam vida. Descubra agora