Capítulo 42

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Tom

    Algo em sua expressão faz com que eu me sinta uma refeição. E, se fosse, eu seria uma refeição feliz, com certeza. Embora ainda esteja impaciente, sinto-me aliviado. Deduzi que ela acabaria mudando de opinião. Eu sabia que S/N não conseguiria lutar por muito tempo contra o que há entre nós. É forte demais.

    E muito tentador.

    - Se continuar me olhando desse jeito, você vai ter uma grande surpresa quando subir nessa moto - digo.

    - Uma grande surpresa? - pergunta ela, um sorriso malicioso surgindo no canto da boca. - Ah, sei. Você está falando de algo pequenininho como um Tic Tac?

    Adoro o seu senso de humor. É um pouco tímido, como ela, e surge nos momentos mais insólitos.

    Eu sorrio e estendo a mão.

    - Então venha aqui e me deixe refrescar o seu hálito.

    Ela ri. E, como sempre, imediatamente quero fazê-la rir de novo. Ela pensa demais, preocupa-se demais. Não sei com quê, mas ainda assim consigo  perceber sua inquietação. Isso me faz querer melhorar o seu estado de espírito e proporcionar a ela tantos momentos de descontração quanto eu puder.

    Momentos de descontração recheados de prazer.

    Ela põe a mão sobre a minha e segura firme, atrás de mim. Sem me virar, passo o capacete para ela. No espelho lateral, eu a vejo colocá-lo na cabeça. Ela fica muito sexy de capacete. Deve ter a ver com o modo como eu a imagino vestida de couro preto, justo, inclinando-se para a frente na minha moto, enquanto estou atrás dela, com as mãos nos seus quadris...

    Trinco os dentes. Maldita garota e seu corpo maravilhoso!

    Em seguida, estico os braços, seguro a parte de trás dos seus joelhos e puxo-a para a frente. Posso sentir mais do que ouvir sua respiração ofegante, no momento em que se aconchega nos meus quadris e seu peito aplaina nas minhas costas.

    Fico satisfeito com o fato de que provavelmente agora ela esteja se sentindo do mesmo modo que eu, na mesma sintonia. Mas então S/N resolve apostar alto. Ela coloca os braços em volta da minha cintura, desliza as mãos perigosamente para baixo do meu estômago e as deixa descansando bem acima da fivela do cinto. Exatamente acima de onde, muito em breve, ela vai sentir meu pau duro, se não tiver cuidado. Respiro fundo, antes de dar a engrenagem na moto e acelerar, para sair do meio-fio.

    Não posso deixá-la na faculdade muito rápido.

    Ao nos aproximarmos do campus, ela aponta adiante, mostrando qual o caminho a seguir para deixá-la perto de onde ela tem de ficar. Quando chegamos, paro ao lado da calçada e pouso os pés no chão para estabilizar a moto, enquanto ela desce. S/N para diante de mim e, após tirar o capacete, sacode o cabelo para soltá-lo. Parece o gestual de uma garota em um comercial de xampu. Posso apostar que não faz ideia do quanto é sexy. Mas é. Cacete, ela é muito sexy!

    Então me entrega o capacete, mantendo o contato visual. Como não o tomo das suas mãos, ela lança os olhos para baixo e de volta para mim, com uma expressão confusa. Ainda sobre a moto, afasto o capacete em vez de pegá-lo, passo as mãos pelo seu cabelo e a puxo para junto de mim, colando sua boca na minha.

    Embora obviamente surpresa, ela não recua e me beija com vontade. Como se quisesse mais. Bastaria um pedido, e eu a levaria direto para casa, e passaríamos o dia na cama. Mas quando afasto o rosto e investigo os seus olhos, percebo que ainda é um pouco cedo demais para isso. Ela está quase, mas não totalmente pronta.

    Mas eu posso esperar. Não tenho escolha.

    - Quando você vai dizer "sim"?

    Ela não responde nada, enquanto me fita. Seus lábios estão vermelhos e inchados, e sua boca, ligeiramente aberta com a respiração ofegante.

    Sorrio. Certo, não vai demorar.

    -  Ligue para mim quando quiser que eu venha buscá-la - digo, dando um rápido beijo em seus lábios, antes de recolocar o capacete. Ela parece atordoada, o que me faz querer sorrir. - Não se preocupe. Você não precisa dizer "sim" hoje. Eu espero. Vai ser compensador para mim. - Antes de abaixar a viseira, dou um sorriso e uma piscadela. - E para você também.

    Em seguida, arranco e desço a rua. Quando olho o espelho lateral, vejo que ela ainda está exatamente onde a deixei, me fitando.

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Louca por você - Tom H.Onde histórias criam vida. Descubra agora