Capítulo 47

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Tom

    Nada que vejo me surpreende quando entro no bar frequentado por pessoas que vão assistir a jogos pela televisão. O lugar é bem típico, com várias TVs enfileiradas nas paredes e um conjunto de mesas no centro do salão, em frente aos aparelhos. O bar fica à minha direita, seguido por quatro mesas de sinuca, acanhadas sob as imensas luminárias Budweiser. Logo atrás, há uma pequena pista de dança.

    Em poucos segundos, meus olhos encontram S/N. É como se eles fossem atraídos por ela, como um ímã. Quando a vejo no bar com seus amigos, sei que duas coisas são verdade. A primeira é que ela vai ficar bêbada se não parar de beber logo. E a segunda é que vou levantar aquela saia até a sua cintura, antes do fim da noite.


    Quando os seus olhos encontram os meus, vejo resistência estampada neles. Já vi isso antes, mas pensei que tivéssemos superado esse estágio. Não consigo deixar de me perguntar o que aconteceu desde a manhã de hoje para que ela regredisse.

    Estou com um palavrão na ponta da língua, mas eu o contenho e mantenho uma expressão indiferente, enquanto caminho em sua direção. Quando paro ao seu lado, observo-a endireitar a coluna e erguer o queixo. Sim, resistência. E ela está decidida.

    Embora isso me frustre, acho o gesto bem sensual. Ele me instiga a fazer com que ela me queira, apesar de todas as razões que a fazem pensar que não deveria.

    E lá vou eu.

    Novamente.

    - Eu poderia te oferecer uma bebida, mas pelo visto você já bebeu bastante.

    - Já tenho um pai para me dar bronca. E ele está em casa se restabelecendo de uma perna quebrada, muito obrigada - diz de forma mal-articulada.

    - Não queria ofender. É apenas uma observação. - Então chamo o bartender, que está me olhando com ar completamente hostil. - Jack. Puro e sem gelo. - Estou no território dela agora. S/N está entre amigos e eles são, obviamente, muito protetores. O mais estranho é a necessidade que eles têm de protegê-la de mim, embora nunca tenham me visto.

    É, acho que ela realmente tem uma atração por um tipo específico de homem. E esse pessoal deve saber disso.

    Fico profundamente aborrecido com o fato de ter sido rotulado por ela, como fizeram todos os seus amigos. Não há nada que eu deteste mais do que ser julgado injustamente. Nenhuma dessas pessoas sabe nada a meu respeito, inclusive S/N.

    Seria interessante ver como ela reagiria se soubesse tudo, se tomasse conhecimento da verdade. Em poucas frases curtas, eu poderia dar a ela todas as razões para fugir de mim, o mais rápido e para o mais distante que pudesse. Mas não vou fazer isso. Porque sou egoísta. Não quero que fuja, por enquanto. Antes disso preciso tê-la mais.

    Muito mais.

    Quando o bartender pousa o copo diante de mim, deslizo uma nota de 10 dólares e bebo o drinque de um gole só. Em seguida, aceno com a cabeça para pedir outro, e arrasto o copo vazio sobre o balcão.

    Decido ignorar S/N, enquanto espero pela bebida. Finalmente, ela fala. Contenho um sorriso. Eu queria que ela desse o primeiro passo. E consegui.

    - O que está fazendo aqui? - pergunta, levantando-se do banco para ficar ao meu lado. Eu me pergunto se isso a faz sentir-me mais no controle, no comando da situação.

Louca por você - Tom H.Onde histórias criam vida. Descubra agora