S/N
Parece que toda vez que levanto os olhos, vejo Tom. Às vezes, ele está conversando com clientes, fazendo seu trabalho como proprietário/gerente. Mas, outras vezes, aparentemente muitas, ele está me olhando. Isso me deixa nervosa, mas não é um nervosismo para mostrar meu desempenho. Eu confio na minha capacidade de preparar um bom drinque, mesmo com uma instrutora aos berros no meu ouvido. Eu não me sinto confiante é com a minha capacidade de resistir ao que ele sequer tenta esconder.
Tom está interessado em mim. E não só como funcionária. Talvez muito pouco como funcionária, na realidade. Toda vez que meus olhos encontram os dele, me sinto como se ele estivesse me despindo. E só Deus sabe como eu adoro isso. Aquele olhar sexy, aveludado, que parece me tocar. Posso quase senti-lo, como mãos no meu corpo e lábios na minha boca. Admito ira grosseira, no meu ouvido. - Quem usa suco de laranja?
Eu dou um suspiro tão alto que parece um rosnado. Poderia explicar como uma pequena quantidade de suco de laranja acrescenta um sabor extra ao da tequila, mas não me dou ao trabalho. Já estou de saco cheio do mau humor da Taryn.
- Certo - respondo, pousando a garrafa de tequila de forma um pouco mais brusca do que pretendia. - Então me mostre como vocês fazem margaritas por aqui.
Cruzo os braços por cima do peito e me afasto.
O olhar que ela lança na minha direção é, ao mesmo tempo, furioso e satisfeito. Obviamente, ela queria que eu perdesse a linha. Bem, ela não perde por esperar.
- Pode fazer, vá em frente. As pessoas estão esperando - digo no tom mais calmo que consigo, inclinando a cabeça para mostrar o grupo de pessoas à espera, do outro lado do balcão. Seus olhos azul-claros brilham de raiva e seus lábios vermelhos se contraem. Ela está pronta para uma briga. E eu também.
- Melhor você deixar esse tipo de atitude lá fora, querida, ou esta pode ser a sua última noite por aqui.
Ouço as vozes abafadas subirem à nossa volta: várias demonstrações de espanto e sussurros de "vai ter briga de mulher". Eu os ignoro e me concentro em Taryn.
- Ah é? Acha que está com essa bola toda para se livrar de mim só porque é uma mandona compulsiva que precisa de atenção 24 horas por dia?
Seu riso é amargo, mas ela não se preocupa em disfarçá-lo. Acho que ela sabe que eu tenho razão. Não demorei muito para sacar qual é a dela: não passa de uma garota insegura, que tem uma situação malresolvida com o pai. Depois do meu teste com o body shot, ela fez o possível e o impossível para desviar a atenção de mim e atrair todos os olhares para si. Primeiro, trocou a música para uma mais dançante. Depois, começou a dançar no bar e sensualizando com qualquer homem que estive ao alcance de sua visão. E, naturalmente, eles adoraram.
Afinal, ela é bonita, mesmo com os dreads loiros e longos, e é sexy de um jeito malicioso. Que homem com um pênis que funciona normalmente não adoraria uma garota assim, se exibindo, provocando-o impiedosamente? Mas acabei descobrindo que isso contribuiu a meu favor.
Enquanto ela descia do balcão, me lançou um sorriso presunçoso. Estava tentando chamar mais atenção do que eu, mostrando que podia chamar mais atenção. O que ela não entende é que eu não quero toda a atenção. Ela que faça bom proveito. Pensar nisso dessa forma me deixa bem menos irritada. Decido dar a ela o que ela quer: o amor de todos os homens.
- O que acha de uma competição? Quem perder tem que fazer um número de dança.
Fico um pouco surpresa diante da sua hesitação, mas, quando vejo seus olhos se desviarem para a minha direita, entendo qual é o problema. Tom está conversando com um grupo de garotas animadas, não muito longe de onde estamos. Então entendo. Realmente entendo.
Puta merda! Ela está a fim do Tom!
Meu primeiro pensamento é que não a condeno. Acho que qualquer coisa com estrogênio gosta do Tom. Meu segundo pensamento é a surpresa com o fato de que eles ainda não tenham dormido juntos. Isso não é um comportamento típico de um bad boy. A menos que eles já tenham ficado e ela ainda não tenha dado o caso por encerrado. Isso seria muito mais típico de um bad boy. Por alguma razão, o ciúme corrói minhas entranhas.
- Fechado - diz ela com um aceno de cabeça.- Vence quem fizer a melhor margarita. As duas doses são por minha conta - digo, antes de me virar para o bando de homens que nos olham e ouvem. - Quem vai querer julgar?
Naturalmente, todos começam a pedir para serem escolhidos. Mas o problema acaba quando Tom se aproxima.
- Eu vou ser o juiz. - Ele se oferece, os olhos desafiadores na luz fraca do bar. - Acho mais do que justo.
- Claro - aceito, um pouco sem fôlego, quando ele chega bem perto e ficamos cara a cara. Eu observo Taryn. Sua expressão mudou de hostil para completamente feroz. Então me ocorre que o tiro poderia sair pela culatra. O que começou como um plano inteligente poderia acabar tendo o efeito contrário. - Você concorda?
- Por mim tudo bem. - A resposta dela vem acompanhada de um enorme sorriso para o Tom. - Eu sei do que ele gosta.
Os homens em volta do bar começam a gritar e a assobiar, cutucando e provocando Tom. Ele apenas sorri para Taryn. E isso me irrita. Não dá para saber se há algo entre eles ou não. Ou se a reação dele é apenas um sorriso tolerante de patrão.
Espero que, se algum dia houve algo entre eles, que tenha acabado.
Fico revoltada ao considerar que ele possa estar saindo com a Taryn, enquanto flerta comigo, me olhando e me provocando. Eu não deveria me incomodar. Afinal, ele é um playboy e é isto o que os playboys fazem.
Mas me incomodo.
Droga!
- Vamos lá, pessoal. Vamos dar uma ajudinha a essas garotas - pede Tom.
As pessoas em volta começam a aplaudir entusiasmadamente. Tom sorri e se vira para ficar de frente para mim, inclinando-se no balcão. Seus olhos encontram os meus e ele ergue a sombrancelha, daquele jeito supersexy, então murmura:
- Você tem uma chance de me deixar com água na boca.
Eu suspiro. E todos os pelos do meu braço ficam arrepiados.
Cacete, ele é demais!
Ainda bem que o salão está cheio de gente. Senão, eu poderia passar vergonha tirando toda a roupa e subindo no balcão para enrolar meu corpo em volta do dele.
A prudência desaparece da minha mente quando faço um comentário brincalhão, em resposta à provocação:
- Ah, posso fazer muito mais do que isso.
Seus lábios curvam-se em um sorriso que me deixa nervosa.
- Não duvido nem um pouco.
Então desvio o olhar e concentro toda a minha atenção no preparo de um drinque perfeito.
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Como prometido, um capítulo enorme pra vocês.
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Louca por você - Tom H.
RomanceQuando você conhece o charmoso e irresponsável Tom Holland, não imagina que resistir às suas investidas pode ser bem mais difícil do que você pensa. Harry, seu irmão gêmeo, também desperta o seu interesse. Responsável e bem-sucedido, ele é o oposto...