Capítulo 39

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S/N

    Eu me afasto rapidamente de Tom, antes de fazer algo estúpido, como uma proposta para ele.

    O que está acontecendo com você?

    Após alguns passos, lembro do meu carro. Então me viro para chamá-lo, antes que ele vá embora. Pego as chaves e as entrego a ele.

    Vejo sua expressão intrigada através do visor embaçado do capacete.

    - Você não precisa delas para entrar?

    - Tenho uma reserva - explico.

    Ele acena com a cabeça uma vez, pega as chaves e as guarda no bolso dianteiro.

    Dou um breve sorriso e me afasto apressadamente. Recuso-me a olhar para trás, embora saiba que ele ainda está parado ao lado do meio-fio. Posso ouvir o ruído gutural de sua moto em descanso. Porém, mais do que isso, posso sentir que ele está me fitando. Só lamento que não sejam as suas mãos, em vez disso. E a sua boca.

    Fico de olhos fechados enquanto pego a chave reserva debaixo do vaso de plantas, no pequeno pórtico coberto. E quando os abro para enfiar a chave na fechadura e destrancar a porta, ouço a moto acelerar. Acho que Tom estava se certificando de que eu poderia entrar sem as chaves.

    Ai, meu Deus do céu! Não me mostre seu lado gentil e atencioso! Assim não tenho a menor chance, não vou conseguir resistir.

    Depois de entrar, me apoio contra a porta e permaneço assim, de olho fechados, até não poder mais ouvir o menor ruído da motocicleta.

    Minhas pernas e minha bunda estão formigando por causa da vibração da moto. O resto do corpo está formigando por ter ficado abraçada a ele. Formigamento ou ansiedade. Ou ambos.

    Frustrada - tanto sexualmente quanto comigo mesma, pela falta completa de controle dos meus hormônios -, acendo a luz e me afasto da porta. A primeira coisa que vejo é o vaso de flores na mesinha de centro, na sala. Formam um foco luminoso de cores, em um cômodo sombrio. Eu caminho na direção dos lírios e me abaixo para sentir o aroma. O cheiro é maravilhoso, mas algo desperta o canto da minha boca. É o cartão que anuncia quem as enviou.

    Pego o pequeno retângulo de papel. Sinto-me culpada por ler uma "correspondência" endereçada à Marissa. Por outro lado, ela não deveria deixá-la jogada por aí. Ou na borda de um vaso de flores.

    Ao puxar o cartão do envelope, fico com raiva de mim mesma por me infligir uma tortura ainda maior. Tenho certeza de que o cartão é do Harry. E tenho certeza de que é algum recadinho carinhoso, que me fará querer pular de um edifício bem alto. Mas nem isso me convence a desistir. Sou muito curiosa, portanto vou em frente.

    E tenho uma enorme surpresa.

    S/N, se precisar de alguma coisa, é só me ligar. Estou sempre por perto. H.

    Um pequeno arrepio percorre meu corpo até minha coluna. Ele devia ter usado as chaves da Marissa para entrar e deixar isto para mim. Não sei se Harry somente as deixou e foi embora, ou se ficou por alguns minutos. Ou andou pela casa. Ou entrou no meu quarto.

Louca por você - Tom H.Onde histórias criam vida. Descubra agora