Capítulo 18

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                           S/N

    O toque do meu celular me faz acordar. Abro um olho embaçado e dou uma conferida no relógio, ao lado da cama. São seis horas e quatro minutos. Da manhã. Quem estaria me ligando num horário tão inconveniente?

    Olho a tela acesa do telefone. Não reconheço o número e penso em não atender, mas exatamente pelo fato de estar tão cedo é que estendo o braço e nego o aparelho. Sempre sinto certa apreensão quando o meu telefone toca muito cedo ou muito tarde.

    - Alô? - digo, com a voz rouca  até para os meus próprios ouvidos.

    - S/N?

    Um tremor percorre a minha coluna. É Tom. Sua voz invoca a imagem do seu rosto lindo, o sorriso convencido e seu peito sexy.  Imediatamente, fico toda  derretida.

    - S/N? - diz ele novamente.

    Não, não pode ser o Tom. Deve ser o Harry. É cedo demais para um dono de boate estar acordado. Mas fico empolgada do mesmo jeito pela imagem mental, além da possibilidade de Harry ligar para mim.

    Nunca imaginei que ficaria assim tão pervertida!

    - Sim.

    Uma risada alta.

    Sexy pra caramba!

    - É o Harry. Desculpe ligar tão cedo, mas vou ficar fora a maior parte do dia e queria saber como foram as coisas na boate. Afinal, conseguiu o emprego?

    - Não tem problema nenhum  ter ligado a essa hora. Sério. Obrigada por se preocupar. É... na realidade, eu vou fazer um "teste" hoje à noite. Não sei bem o que é.

    - Ahhh - diz ele, como se soubesse do que se tratava. - Tom gosta que seus funcionários saibam entreter os clientes.

    Pela primeira vez, eu me lembro que foi Tom quem providenciou o stripper, e o pavor se instala.

    Jesus amado, eu não vou ficar pelada!    

    Na mesma hora, eu me aprumo na cama.

    - Cacete! Ele não espera que eu faça um striptease, não é?

    Outra risada.

    - Não. A menos que você queira.

    - Deus me livre!

    - Eu já achava isso, especialmente depois da sua primeira experiência na Dual.

    Noto um sorriso em sua voz.

    Tom contou a ele! Droga!
   
    Acho que está na hora de mudar de assunto.

    - Afinal, o que ele espera exatamente quando diz "entreter os clientes"? - pergunto.

    - Vamos apenas dizer que você não pode ser tímida diante de  uma multidão. Você tem algum  problema com isso?

    Sim, normalmente sou um  pouco tímida, mas nada que impeça a minha capacidade de agir. E fracamente, fico até meio chateada por ele dar a entender que eu possa ser assim.

    - Pode acreditar Harry, sou capaz de fazer o que qualquer garota consegue fazer, tranquilamente.

    Bem, isso pode não ser totalmente verdade. Mas não vou admitir isso, de jeito nenhum!

    - Então não terá nenhum problema. Com a sua aparência e personalidade, você vai arrasar.

    O comentário dele me agrada, embora Harry não devesse notar a minha aparência. Mas fico feliz que tenha percebido. Significa que ele não é indiferente a mim, o que na verdade é ruim, mas me faz sentir que não estou sozinha nessa. Entretanto, não pode rolar nada. Ele é comprometido.

    Droga.

    Ouço um bip abafado, como se Harry estivesse recebendo outra chamada.

    - Falando do diabo, é o Tom ligando agora - avisa Harry. Então murmura quase distraidamente: - O que será que ele está fazendo acordado uma hora dessas? - Acho engraçado eu ter pensado a mesma coisa. Após alguns segundos, ele pigarreia e volta a falar comigo: - Bem, enfim, boa sorte hoje à noite. Isso é tudo que eu realmente queria dizer. Volte pra cama. Vá dormir o seu sono de beleza. Não que você precise.

    Eu me pego sorrindo como  uma idiota. Tenho vontade de dar uma risadinha, mas me contenho.

    - Obrigada, vou fazer isso.

    - Durma bem, S/N.

    Mesmo depois que ele desliga, a pele dos meus braços e do peito está arrepiada. Adoro o modo como Harry diz o meu nome.

    Como ele descobriu o meu telefone?, penso aleatoriamente.

    Permaneço na cama por um longo tempo, fitando o teto e pensando nele. Imaginado como seria estar fitando o teto em vez disso, onde quer que ele estivesse, na cama ao seu lado. Meus olhos vão se fechando lentamente, enquanto penso nele virando-se para cobrir o meu corpo com o seu, sentido seu quadril se encaixar entre as minhas coxas.

    E, com esses pensamentos, volto a dormir.

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Louca por você - Tom H.Onde histórias criam vida. Descubra agora