Ele franze o cenho por um segundo, e logo seu rosto se ilumina.
- Ah! É mesmo. A Ginger e o Tad querem que você apareça por lá essa noite, para a sua festa de despedida atrasada.
Começo a balançar a cabeça negativamente.
- Não vou deixá-lo sozinho para ir a uma...
- Vai sim. Vai ter jogo essa noite. Eu gostaria de assisti-lo em paz, enquanto você dá umas boas risadas com seus amigos. É muito para um velho lesionado pedir à sua filha?
Solto uma bufada de raiva.
- Como se eu fosse dizer não depois de você falar dessa maneira.
Novamente, sei o que ele está fazendo. E por quê. Mas vou aceitar, apenas porque sei o quanto ele adora futebol e deve mesmo estar querendo assistir ao jogo sozinho, e não comigo por perto. Eu ficaria preocupada, conferindo sua pressão sanguínea a todo momento, enquanto estaria tenso e gritando diante da televisão.
Seu sorriso é satisfeito, quando ele volta a se concentrar na TV, pela segunda vez. Então o deixo sozinho e vou preparar o jantar.
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Quando passo pela porta do Tad's, sou recebida por um monte de assobios, o que me deixa inibida e me leva a puxar a saia, tentando deixá-la mais comprida. Essa é a parte chata de não se ter tempo para fazer uma mala. Eu fico limitada a usar as roupas que estão no meu armário, na casa do meu pai; roupas que há alguns anos ficaram pequenas. Minha saia preta está mais curta do que eu gostaria, e a camiseta que estou usando está um pouco mais... justa do que o necessário. Sem falar que não me lembro de alguma vez ela ter mostrado tanto a barriga. Se não fosse adulta, meu pai provavelmente não teria deixado eu sair enquanto não mudasse de roupa. Infelizmente, as únicas opções restantes eram uma calça de ioga ou um short feio de calça jeans, sujo de tinta. Então, tive que ficar com a saia curta e a blusa apertada mesmo.
Não levo muito tempo para me sentir à vontade e confortável no ambiente familiar. O vaivém das bebidas é constante e há um clima de animação mais intenso do que o normal. Não demora muito e minha cabeça está girando, descontraída, avisando-me que é hora de pegar leve com o álcool.
Estou rindo com a Ginger, que trocou seu turno essa noite para participar da comemoração, quando vejo a porta se abrir, atrás dela. Sinto um aperto doloroso no coração, quando vejo o meu ex, Bucky, entrar abraçado à namorada, Scarlett.
Ele está com a mesma aparência de sempre - perigosamente bonito, com seu cabelo castanho-escuro sedoso, olhos azul-claros e um sorriso do mesmo jeito; com uma garota ao seu lado, enquanto olha para outras mulheres. Ele nem tenta disfarçar. E Scarlett, por incrível que pareça, simplesmente finge não notar. Alguém falou em disfunção emocional?
Ginger, percebendo minha expressão boquiaberta e meu olhar fixo, se vira para olhar.- Ah, meu Deus, quem deixou aquele cretino entrar?
Então se vira e começa a levantar da cadeira, como se fosse dar um jeito na situação. Eu a seguro pelo braço, impedindo-a de levantar.
- Não faça isso. Não vale a pena.
No fundo, eu bem que gostaria de vê-la colocar aquele safado para fora, mas isso só me faria parecer mais patética, portanto me limito a beber o bastante para afugentá-lo da mente.
Faço um sinal para Tad, que excepcionalmente está atendendo atrás do balcão essa noite para substituir Ginger. Peço outra rodada de bebida. Até onde eu sei, esse é o caminho mais rápido para abstrair. E abstração está parecendo algo muito tentador no momento.
Ginger e eu fazemos um brinde e tomamos nossas bebidas. Sinto o calor do álcool descer até meu estômago, acendendo um fogo agradável. Ela grita animada e eu rio, mas não consigo desviar o olhar do salão lotado, à procura de Bucky.
Quando finalmente o vejo, ele está sentado em um banco alto. Apesar da garota ao seu lado, os olhos dele me encontram. Percebo neles um sinal de reconhecimento. E de um forte desejo, exatamente como sempre houve. Reajo na mesma hora, como sempre também. Só que agora a reação se desvanece quase imediatamente, com as chamas sendo extintas pelo o balde de água fria da realidade, e por ele estar com Scarlett essa noite, em vez de estar comigo.
Durante meses eu ouvi suas mentiras, me permitindo ficar cada vez mais apaixonada, enquanto ele mantinha uma namorada que nunca teve intenção de deixar. A pior parte é que eles têm um filho. Basicamente, Bucky tinha uma família. E embora nunca tivesse se separado de fato, ele me fez sentir como uma destruidora de lares. Ele fez eu me sentir como a minha mãe. E, por causa disso, não merece o meu perdão.
Tento curtir o resto da noite, curtir uma reunião de despedida com meus velhos amigos e colegas de trabalho, mas meu estado de espírito insiste em permanecer sombrio. Cada bebida e cada risada parecem contaminadas pela presença do centésimo bad boy por quem um dia fui apaixonada.
Ginger pede outra rodada de bebidas, que aceito agradecida, embora saiba que estou passando dos limites, e nós entornamos os copos de um gole só, entre os gritos de incentivo dos nossos amigos. O álcool está começando a afogar as minhas mágoas, quando alguém na porta chama a minha atenção novamente.
Dessa vez, é Tom quem entra no bar, descontraidamente.
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Louca por você - Tom H.
RomanceQuando você conhece o charmoso e irresponsável Tom Holland, não imagina que resistir às suas investidas pode ser bem mais difícil do que você pensa. Harry, seu irmão gêmeo, também desperta o seu interesse. Responsável e bem-sucedido, ele é o oposto...