Capítulo 24

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                              S/N

    O silêncio no carro é ligeiramente tenso. Bem, talvez tenso não seja a palavra exata. Para mim, parece... impregnado, de uma atmosfera sexual. Fico me perguntando se o Harry sente o mesmo.

    Talvez não. Talvez ele se comporte assim com todas as  garotas.

    Penso nisso por alguns segundos. As perspectivas são, ao mesmo tempo, decepcionantes e incômodas. Mas no fundo não creio que não seja bem assim. Pode ser apenas meu ego, mas não acho que ele aja dessa forma com mais ninguém.

    Pelo menos espero que não.

    Por alguma razão, Harry parece o tipo fiel.

    Eu ficaria muito surpresa se ele traísse a Marissa.

    Aposto que ele é mesmo um bom rapaz. O tipo de homem de que preciso desesperadamente na minha vida. O mais triste é que ele nunca será meu, justamente porque é um cara bacana.

    Por natureza, um cara bacana jamais trairia a namorada, daí a impossibilidade de rolar alguma coisa entre nós. Mesmo se eles terminassem, Harry provavelmente seria bacana demais para magoar Marissa saindo com a prima dela.

    Como Shawna diria, isso é uma puta sacanagem!

    - Achou a solução?

    A voz suave, divina do Harry interrompe meus pensamentos confusos.

    - Solução pra quê?

    - Para a fome no mundo.

    Sei que devo estar olhando para ele como se ele tivesse criado asas ou um terceiro olho. Ele desvia o olhar da estrada e me observa algumas vezes, antes de dar uma gargalhada.

    - Bem, não sei se deu para perceber, mas não entendi nada.

    - Deu para notar - fala para me provocar, com um sorriso. - Só quis dizer que você estava muito concentrada. Está tudo bem?

    Eu me reclino no apoio de cabeça de couro e fito seu perfil maravilhoso. Com o cabelo penteado para o lado, diferente do estilo descabelado do irmão, e a pele bronzeada, ele me lembra muito alguém, está na ponta da língua, mas não lembro quem.

    Ele mexe comigo e chacoalha minhas emoções.

    - Você fica muito bem de smoking, sabia?

    Ele se surpreende com meu comentário, mas sorri. Ergo a cabeça e olho o para-brisa.

    - Ai, meu Deus - digo -, eu não dou uma dentro, não é?

    O que deu em você?

    Ele ri.

    - Na realidade, acho que a resposta é sim.

    - Você me conhece bem, Bond.

    Ele ri novamente.

    - Bond? James Bond? De onde você tirou isso?

    Viro a cabeça para fitá-lo novamente. No mesmo instante, tudo fica embaralhado com os hormônios.

Louca por você - Tom H.Onde histórias criam vida. Descubra agora