Capítulo 38

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Tom

    Não consigo tirar as mãos de S/N quando saímos do bar. Pelo menos não completamente. Quando ela fica diante de mim, coloco a mão na base da sua coluna. Sinto a contração do seu corpo com o contato. Não é uma hesitação, mas uma verdadeira contração. Como se tivesse levado um choque com uma pequena corrente elétrica. Como se estivesse sentindo tudo que estou sentindo. E posso apostar qualquer coisa que ela também está.

    É a percepção sexual. É atração. É expectativa. Ela fez a sua escolha. E não precisa me dizer nada, ou sequer admitir para si mesma, mas fez. Posso sentir.

    Levo-a até o seu carro. A minha moto está estacionada lateralmente, na frente dele. S/N para quando nos aproximamos.

    - É isso que você está dirigindo? - pergunta, virando aqueles olhos grandes para mim.

    - Sim - respondo. Então acrescento com um sorriso afetado: - Mas você não está surpresa, não é? Não é isto o que os bad boys fazem? Andar de moto e destruir corações?

    Seu sorriso é fraco.

    - Acho que sim.

    Então ela se vira e dá a volta para abrir a porta do carro e levantar o capô.

    Eu não devia ter dito isso.

    Estendo o cabo de ligação direta que trouxe atrás do banco da moto e prendo uma das pontas na minha bateria e a outra no carro de S/N.

    - Isso vai ser o suficiente para dar a partida? - pergunta.

    - Deve ser. Vamos tentar.

    Eu a observo enquanto se senta atrás do volante para dar a partida. O motor não vira: só dá um clique.

    Ela balança a cabeça e sai do carro, desanimada.

    - Não está funcionando.

   - Sério mesmo? - pergunto, debochando.

   S/N inclina a cabeça para o lado e me lança um olhar fulminante.

    Caramba, essa garota é adorável.

    - Está parecendo algum problema de alternador, não de bateria.

    Ela joga o corpo por cima da porta do carro, desapontada.

    - Ah, meu Deus! Isso deve custar caro, não é? - resmunga.

    - Não é barato. Mas eu conheço um pessoal... - falo imitando um gângster.

    Ela levanta os olhos e sorri.

    - Aqueles seus contatos suspeitos, não é? Será que vai me meter numa roubada se usá-los?

    - Provavelmente - respondo, sério.

    Vejo um sinal de desconfiança em sua expressão. Ela não sabe se estou brincando.

    - Pegue suas coisas. Vou levá-la para casa. Pedirei a um amigo meu para vir buscar o seu carro, e amanhã a gente vê o que pode ser feito. - Ela parece indecisa, tamborilando os dedos na porta. - Não se preocupe em deixá-lo aqui por algum tempo. Não creio que alguém vá roubá-lo.

    Ela bufa de raiva. E logo parece envergonhada por ter feito isso.

    - De certo modo, seria quase um alívio.

    - Bem, eu conheço um cara...

    Ela ri sem reservas. Adoro sua risada.

    Sem discutir, S/N fecha o carro e se aproxima da minha moto. Então pergunta, intrigada:

    - E agora?

    - Você nunca andou de moto?

    - Não.

    - Que tipo de namorada de bad boy você é? - pergunto fingindo desânimo.

    - Com certeza uma muito ruim.

    Eu sento na moto e pego o único capacete que tenho.

    - Que nada, você apenas não conheceu o bad boy certo.

    Ela ruboriza. Quero beijá-la. Novamente. E vou. Só que não agora.

    - Coloque isto e suba atrás de mim - digo, entregando-a o capacete. Obedientemente, ela o coloca na cabeça, lança uma perna por cima da moto e senta no banco. Ao ver suas pernas longas, nuas, em volta dos meus quadris, olho para ela. Seus olhos estão brilhando atrás do visor levantado do capacete, enquanto ela se ajeita atrás de mim.

    - Ponha os braços em volta da minha cintura e segure firme.

    Mantendo o contato visual, ela se inclina para mais perto e desliza as mãos em volta da minha barriga.

    Então ligo o motor. Espero alguns segundos enquanto recupero a calma. É difícil libertar a mente da imagem dela diante de mim, sem roupa, com as pernas enroladas no meu corpo. Eu lhe daria a melhor carona para casa que ela já teve na vida.

    Com um grunhido, a moto pega, eu acelero e libero o descanso. Mudando rapidamente a marcha, arranco como um raio, rua abaixo.

    Adoro a adrenalina da minha moto. Sempre gostei. Tento ao máximo afastar a sensação do corpo de S/N nas minhas costas, mas acho que só uma semana trancado em um quarto com ela seria capaz de fazer isso. E seria uma semana incrível!

    Não levamos muito tempo para chegar à casa dela. É uma espécie de doce tortura. Por um lado, eu gostaria que demorasse mais. Por outro, fico contente por termos chegado logo. Quanto mais tempo ela ficasse abraçada ao meu corpo, mais difícil seria me controlar. Principalmente agora que sei que ela me quer.

    E está tão perto de ceder.

    Quando paro ao lado do meio-fio, S/N hesita por alguns segundos antes de saltar. Então para ao meu lado, entregando-me o capacete que já retirou da cabeça. Eu coloco sobre a perna, e aguardo ela dizer alguma coisa. Parece que ela tem algo a comentar.

    - Como você sabia onde eu moro?

    Ela não parece preocupada, apenas curiosa.

    - Ficha de funcionários. Lembra?

    - Ahhh - murmura com um aceno de cabeça. Ela está esperando. E acho que sei o que é. - Você quer entrar?

    - Eu preciso voltar, mas  obrigado, de qualquer maneira.

    Ela sabe disfarçar a decepção. Mas não tão bem.

    - Certo, bem, obrigada. Fico muito agredecida por ter ido me ajudar. E pela carona também, claro.

    - Sem problemas.

    - Bem, então nos vemos amanhã, certo?

    - Certo. Entrarei em contato.

    Ela acena com a cabeça mais uma vez, lentamente. Esperando.

    - Bem, boa noite.

    Gosto de olhar para ela, observar sua incerteza e hesitação. E as tentativas em negar o que ambos sabemos que ela está sentindo. Provocá-la vai ser uma curtição. Uma curtição apimentada, doce, sexy e deliciosa.

    Estendo a mão e afasto uma mecha de cabelo do seu rosto.

    - Bons sonhos, meu anjo.

    Apresso-me a colocar o capacete para esconder o meu sorriso. Quero que ela esteja pronta para implorar.

****

    Próximo capítulo é hot! (Até que enfim não é mesmo)

Louca por você - Tom H.Onde histórias criam vida. Descubra agora