Capítulo 33

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    Eles são quentes e a pressão é suave. No início. Por mais que eu queria resistir, a minha resolução vai para o espaço quando sinto a sua língua deslizar sobre meus lábios. Sem pensar, abro a boca.

    Aí, já era.

    O sabor de Tom é como um uísque escocês envelhecido na dose certa: intenso e delicioso. Sua língua escorrega ao longo da minha, acariciando-a, provocando-a, enquanto ele aperta a minha mão para me puxar para junto se si. Faço a única coisa que posso: colo meu corpo no dele.

    Os dedos da sua outra mão afagam meu cabelo e inclinam a minha cabeça para o lado, conforme ele aprofunda o beijo. Torna-se mais agressivo, como se quisesse me devorar. E eu quero isso. Ah, meu Deus, como quero isso.

    Em seguida solta a minha mão, e sinto ele tocar a base da minha coluna. Tom estica os dedos e cola o meu corpo ao dele.

     Já está ereto. E é imenso. Posso senti-lo pressionando a minha barriga. O calor explode por mim, formando uma camada úmida entre as minhas pernas. Faz muito tempo e, instintivamente, sei que qualquer momento sexual com Tom seria inesquecível, maravilhoso, arrebatador.

    Um momento que eu provavelmente lamentaria pelo resto da vida, quando eu me envolvesse demais e ele se entediasse demais.

    A realidade do que estou fazendo me atinge como um tapa na cara, e pulo para trás. Minhas mãos estão no seu cabelo, o meu corpo está colado ao dele, e estou tremendo de desejo, dos pés à cabeça. Mesmo assim, recuo.

    - O que houve? - pergunta Tom, com os olhos cheios de tesão e, ao mesmo tempo, confusos.

    - Não podemos fazer isso.

    - Era brincadeira a história da demissão.

    - Não é isso o que quero dizer.

    - Então o que é?

    Ele retrocede para me dar espaço, mas agarra as minhas mãos para evitar que eu me afaste completamente. Não sei por que permiti que as segurasse. Provavelmente porque, no fundo, não quero que ele me solte. Só sei que devo.

    - Tom, toda a minha vida escolhi o cara errado. O bad boy, o crianção, o rebelde sem causa. Aposto que você nem sequer completou o ensino médio, estou certa?

    Tom não me corrige e não nega.

    - Viu? Este é o tipo de cara que  me trai. Você é o tipo de cara por quem me atraio. Eu nem vou fingir que não sinto atração por você. Mas você é a pior coisa no mundo pra mim. Já sofri demais e estou cansada. Estou cansada de tentar domar homens como você.

    Ele me olha atentamente, assentindo com a cabeça devagar.

    - Entendo. Realmente entendo. Mas você me quer e eu te quero. Não podemos apenas ter isso?

    Eu olho para ele perplexa.

    - Você está brincando, não é?

   - Não.

    - Você está realmente propondo que a gente transe por transar, sem compromisso?

    - Ah, não seria transar por transar - argumenta Tom com um sorriso. - Seria tudo que você quisesse que fosse, com a condição de que, no fim, cada um seguisse seu caminho.

    - Esse é o problema. Quem escolhe a hora do fim? Você?

    - Não, pode ser você. Ou podemos decidir juntos. De maneira aberta e franca. Podemos parar quando você estiver pronta para parar. Ou antes que se torne algo que você não quer que se torne.

    Sei que deveria estar  ofendida, e não intrigada.

    -  Mas isso é tão... tão...

    - É exatamente como a maioria dos outros relacionamentos, só que sem todas as mentiras e  expectativas. Só isso. É prático e inteligente.

    - Um relacionamento sexual prático e inteligente? - Sei que a minha expressão é hesitante. Não há como evitar.

    - Sim, mas também ardente, excitante, intensamente prazeroso - defende Tom, com uma voz que assume um ritmo mais lento, mais profundo. Então, ele se aproxima de mim novamente. - Prometo que você não vai se arrepender. Prometo fazê-la sentir coisas e curtir coisas que você nunca sequer pensou antes. Farei de cada noite a melhor noite da sua vida, até você dizer que é hora de parar. Então, vou embora. Sem ressentimentos. Apenas doces recordações - ronrona, enquanto esfrega as nossas mãos entrelaçadas, de cima para baixo, na sua coxa.

    Sei que deveria dar um tapa nele, rir na cara dele, ou pele menos fingir estar profundamente ofendida, o que deveria ser o caso. Entretanto, não estou. Em vez disso, estou analisando a proposta.

    Tom é bastante inteligente para saber quando retroceder e deixar as cosias rolarem naturalmente. E é isso o que faz.

    - Pense a respeito. A gente volta a falar sobre isso no fim de semana. Neste meio-tempo - sussurra, ao se curvar perto do meu ouvido -, pense na sensação de ter a minha língua dentro de você.

    Então morde a minha orelha, e  sinto o reflexo percorrer até a boca do estômago. Mordo o lábio para não gemer.

    - Enquanto isso - prossegue -, vou ficar imaginando qual deve ser o seu gosto.

    E então, o cretino se vira e vai embora, me deixando molhada  de desejo, ao lado do capô do meu carro.

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Louca por você - Tom H.Onde histórias criam vida. Descubra agora