Capítulo 12

191 19 9
                                    

    Harry está cara a cara comigo. Seus olhos castanhos-escuros, como chocolate, demonstram preocupação, e seu perfume exala um leve toque de colônia cara, algo almiscarado. Misterioso. Sexy.

    - Tudo bem?

    Fico toda atrapalhada.

    - Estou contente por não ter feito xixi em mim mesma - falo sem pensar. Percebo uma discreta perplexidade na sua expressão e sinto meu rosto arder de vergonha.

    Ai meu Deus, por que falei isso?

    Então ele ri. Sua boca perfeita se abre num largo sorriso, revelando dentes igualmente perfeitos. Seu rosto se transforma de lindo em algo simplesmente de tirar o fôlego. E a risada... É forte e intensa, e desliza como seda sobre a minha pele.

    Eu sei que estou olhando fixamente para ele, mas não consigo tirar os olhos dos lábios tão próximos dos meus. Eles parecem tanto com os do seu irmão. Tão lindos. Tão proibidos. E apesar de saber que não deveria, eu gostaria, com a mesma intensidade, que ele me beijasse.

    O que é que está acontecendo comigo?

    - Eu também.

    Agora a minha cabeça dá um nó.

    - Como? - pergunto, confusa.

    - Eu também - repete ele.

    - Também o quê?

    - Também estou contente que não tenha feito xixi em si mesma.

    Ah, tá. Era isso.

    Pelo visto, é uma lei da física eu pagar mico toda vez que encontro esse cara. E seu irmão, também! 

    Eu me afasto dele para conseguir raciocinar e sorrio timidamente, balançando a cabeça.

    - Ah, meu Deus! Desculpe. Eu... eu só estava querendo dizer que deveria ter ido ao banheiro antes de sair. Bebi muita água hoje.

    Então rio, envergonhada. Ele continua me olhando como se achasse graça. Que situação horrível!
  
    - Para onde você está indo? - pergunta.

    - Para o trabalho.

    - Ah, sim. E onde fica? - Enquanto pegunta, ele enfia a mão no bolso, como se estivesse assumindo uma posição confortável para encarar uma longa conversa.

    - Tad's Bar and Grill, em Salt Springs.

    - Salt Springs? - repete,  intrigado. - Isso fica a mais de uma hora daqui?

    - Exato, por isso tenho que ir logo.

    Preciso escapar dele antes
antes que algo mais constrangedor aconteça. Como, por exemplo, estender a mão e tocar o tórax definido que consigo perceber sob sua camisa cara. 

    - Certo. Bem, dirija com cuidado.

    Com um aceno de cabeça e um sorriso educado, ele se vira e volta para o carro, que está com o motor ligado, a poucos metros de distância.

    Eu praticamente corro para o meu Honda Civic velho. Ele nunca pareceu tão acolhedor. Ou mais como uma cápsula de fuga. Pulo no banco, bato a porta e suspiro aliviada.

    Porém, para minha aflição, ao virar a chave, só ouço um ruído lento e contínuo. O carro não quer pegar, de jeito nenhum.

 O carro não quer pegar, de jeito nenhum

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Louca por você - Tom H.Onde histórias criam vida. Descubra agora