satisfacio

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[capítulo inspirado nas músicas "Inside Out" de Madonna e "I love you... Te quiero" de Belinda]

Posso ver e sentir... Estou tocando o céu.

Uma boca explorava um corpo. Faminta. Instigante. Um dorso estava sendo consumido por ela em meio a lençóis brancos. Mãos que a acompanhavam, delicadas, provocavam arrepios consecutivos.

Aquela boca, macia, de contornos claros, sorria devassa. Quis provocar com alguma conversa.

-Há quanto tempo não conversamos?

-Sempre conversamos. –Respondeu a outra boca absorta em satisfação.

-Sempre? –Perguntou seguida de uma mordiscada próxima ao ombro.

-Sim... Por nossas músicas.

Sorrindo com a resposta, não poupou-lhe beijinhos carinhosos. Ele era todo suculento, como uma maçã grande e doce. Era ter todos os sentidos aguçados quando estava perto dele, quando o abocanhava por inteiro. Seu cheiro doce deixava-o elevado; a textura da sua pele deixava-o dependente; o gosto do seu prazer era como um manjar dos deuses; ouvir os arquejos que emitia fazia-no traçar o caminho certo para a plenitude, e olhar para ele era como se tivesse um vislumbre do que parecia ser o paraíso, pois já morrera de prazer incontáveis vezes. A boca lasciva seguia intentando:

-Está cansado?

-Um pouco...

Suas unhas deslizaram com cuidado por aquelas costelas, arrancando um suspiro baixo. Deixou que a ponta da língua seguisse até a orelha de seu predileto. E gemeu ao dizer:

-Cansado até pra mim?

-Oh não... –Respondeu inebriado. –Pra você, jamais.

Em meio a uma mordiscada no ombro, soltou um risinho baixo. Estava surtindo efeito. E agora escorregando seus dedos pela perna de seu amado, disse:

-Vamos fazer música...

-Hm... –Sorriu. –Música?

-Sim, deixe-me amá-lo novamente.

Viu que ele ficara satisfeito com aquela resposta, e então se virou pra encará-lo. O dono da boca faminta repousou seus olhos cor de avelã nos de cor âmbar a sua frente, e fora tomado de júbilo. Não pôde evitar lançar-se até a outra boca que já o esperava.

O que se ouvia eram os ofegos um do outro, bocas que se alimentavam e nutriam o desejo. Era a necessidade que aquilo tudo provocava. Foram dias de abstinência, que passavam penosos com o trabalho exaustivo em turnês; queriam parar tudo o mais rápido possível, queriam um tempo um para o outro, um tempo que há muitos anos não usufruíam. O mundo lá fora podia esperar. E com esse pensamento, escorregando suavemente, se posicionou sobre o amado, mais uma vez naquela manhã.

Os beijos seguiram. Mãos bagunçavam cabelos, sentiam cada curva de seus corpos e provocavam com pegadas. Entre arquejos, o de baixo sorria, enquanto o outro se desconsertava maravilhado com aquela visão. Mirava cada detalhe daquele rosto como se fosse a última vez que o estava vendo; e com as bocas próximas, disse:

-Oh Deus, como eu amo o seu sorriso... Eu poderia... –Interrompeu-se hipnotizado.

-Poderia...?

-Viver e morrer por ele. –Completou seguro.

Seu amado, tímido com as palavras, puxou-o para um beijo breve antes de dizer:

-Não faria diferente pelo seu. Não faria diferente por você.

PARIS 61 - MclennonOnde histórias criam vida. Descubra agora