1959
-Ei, Paulie, dá pra acreditar que aqueles cabeçudos fizeram a gente sair de casa pra comprar cerveja enquanto eles ficam de perna pra cima jogando dominó?
-Você fez a mesma coisa semana passada, então dá pra acreditar sim.
-Ah, mas foi diferente...
-Quão diferente é a situação agora para o que aconteceu semana passada?
-Eu ganhei no cara ou coroa, ora!
-Realmente um baita motivo, John. –Disse ironicamente batendo palmas. –Você é um rapaz que sofre muito na vida.
-Obrigado por me entender, amigo.
-Você entendeu que o que eu disse foi ironia, não é?
-E você? Entendeu a minha?
Os dois companheiros saíram a gargalhar por Penny Lane, dessa vez não para pegar o ônibus, mas fazendo o caminho de volta a casa de um de seus amigos em comum. Todos da banda estavam a visitar Mike, um antigo colega da escola que havia se mudado há meses para Hamburgo e estava de volta apenas para matar a saudade do pessoal.
John e Paul traziam consigo uma sacola com uma caixa cheia de cervejas e uma garrafa de uísque barato. Passariam a noite curtindo e se entretendo de mais uma semana cheia.
-Sabe... –Começou McCartney. –Eu acho que a gente devia tocar Cayenne na próxima apresentação. Assim, como um aquecimento, mas que ao mesmo tempo vai servir pra gente aprimorar a música e talvez arranjar uma letra pra ela.
-Bem pensado. Por mim tudo bem. A gente passa pros outros e vê o que eles pensam.
-Espero que topem.
-Eles sempre topam, relaxa.
Entretidos com a conversa, não perceberam a confusão que se formou bem à sua frente: entre gritos e lançamento de garrafas, um grupo baderneiro saiu de um bar aos empurrões e socos. Pessoas em suas casas saíram em suas sacadas para ver o que se passava. Muito barulho, mesas e cadeiras para todos os lados. O dono do bar se viu desesperado por suas coisas e logo chamou pela polícia que tinha um pequeno posto a poucos metros dali.
-Ok, não vai dar pra gente passar por aqui. –Disse McCartney. –Vamos ter que esperar.
-Esperar? Não dá pra esperar.
-Vai querer passar por ali e levar uma cadeirada na cabeça? Fique a vontade, não vou lhe impedir. Inclusive quero ver.
-He! Engraçadinho! Vamos, vai dar pra gente passar pelos cantos.
-Não vou arriscar morrer ali.
-Não quer arriscar morrer ou não quer arranhar seu lindo rostinho? –Perguntou sarcasticamente.
-As duas coisas. –Respondeu ao passar os dedos pelo cabelo.
Lennon revirou os olhos. Tão previsível.
-Anda logo! –Disse empurrando McCartney.
-Argh! Está bem! Mas é isso que dá ir pra um bar longe só por causa de uma maldita cerveja!
Procurando uma maneira de passar pela confusão sem serem atingidos, os amigos ouviram os apitos dos policiais ao longe. Entreolharam-se espantados.
-Cara, é a policia! –Gritou Lennon. –A gente tem que sair daqui!
-Pra quê? A gente não fez nada!
-Tá pensando que a polícia só vai levar essa meia dúzia de bêbado, é? A gente mais parece que voltou de um bordel e pra completar: com uma sacola cheia de bebida a essa hora da noite. Sem falar que você ainda é menor de idade. Quer ir preso?
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PARIS 61 - Mclennon
FanficColetânea de one shots McLennon. Histórias diversas entre 1957-1980.