Um assunto estava pendente depois da entrevista na STV. E que seria gloriosamente resolvido no fim daquele mesmo dia.
Lennon estava dentro de mais um quarto daqueles infinitos hotéis pelos quais já havia passado junto aos seus amigos. Sob luz baixa, não havia um que destoasse da degradante mesmice de objetos e cores, exceto o que fazia junto ao seu companheiro de longa data.
Encontrava-se moderadamente inquieto, sentado no chão com as costas contra a estrutura da cama e estava à espera dele. Sua vida era sempre aquele ansioso momento por encontrá-lo, para poder fazer-se presente em mais uma noite tórrida. Era sua motivação para estar vivo, pois mais nada no mundo lhe dava mais satisfação e fome de viver do que ver aquele rosto dia após dia, por vezes sorrindo, por vezes clamando seu nome.
Já havia jogado os sapatos longe e estava com a gravata frouxa no pescoço quando ouviu passos no corredor. Eles se aproximavam devagar como numa cena de filme de suspense. Por baixo da porta, a alguns metros a sua frente, a luz do outro lado se encarregou de mostrar o ser prostrado bem ali próximo e pronto para entrar.
Ele não bateu, na verdade, nunca batia, pois sabia que não havia cerimônias para o que inevitavelmente sempre fazia entre as quatro paredes.
Abriu passagem com cuidado e entrou furtivo.
Fechou a porta com um clic e olhou para Lennon de cima, como uma presa em potencial. Animalescos. Devia ter imaginado meio mundo de situações em um segundo.
Pôs o dedo indicador em frente a boca num pedido de silêncio para ele, e depois sorriu cínico.
Tirou os sapatos, deixando-os rente à porta, e em seguida afrouxou a gravata, jogando-a em uma das cadeiras que ali havia. Depois, desabotoou a camisa vagarosamente, servindo de uma interminável tortura visual. Lennon molhou os lábios, mas seguiu pacientemente imóvel.
Jogando finalmente a camisa no chão, McCartney se ajoelhou. Seguiu olhando para a sua presa da mesma maneira que um tigre selvagem faminto fazia em tempos escassos. Havia ali um glorioso banquete do qual iria lhe saciar todos os possíveis e inimagináveis desejos.
Pondo as mãos no chão ele passou a engatinhar até ele. Comedido, esperando para o bote.
Lennon tirou o próprio cinto num reflexo. E vendo o outro se aproximar mais, tratou de se livrar das calças em dois movimentos, deixando apenas duas últimas peças que mais serviam para causar mais expectativa. Seu coração palpitava por não ter a mínima ideia do que ele faria dali pra frente.
E chegando finalmente aos pés da presa, pousou suas mãos naquelas panturrilhas carnudas à sua frente. Abriu-lhe as pernas procurando mais espaço para adentrar ali, e engatinhando ele seguiu até ficar com o rosto frente a frente ao seu pedaço de carne preferido. Olhou com atenção o sorriso debochado que ele exibia e achou excitante o atrevimento.
-Gatinho, gatinho... –Lennon sussurrou.
McCartney respondeu lambendo-lhe a boca. A presa mordeu o próprio lábio, pendendo a cabeça para trás, tendo achado aquilo a coisa mais graciosa e erótica do mundo. Indiscutivelmente delicioso.
Sem demora, aquele ser de olhos mágicos prostrou-se de joelhos entre às pernas de Lennon. De modo paciente veio a desabotoar-lhe a camisa, esperando alguma reação repentina dele, porém, só conseguiu alguém ainda mais abrasado com aquilo. E antes que pudesse se deter às próprias calças, sua presa se encarregou de fazer o trabalho.
Afastou-lhe as mãos e deixou que ele provasse do próprio veneno quando decidiu por tirar-lhe o cinto da maneira mais demorada possível. Um jogo de provocações onde o silêncio fazia toda a comunicação.

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PARIS 61 - Mclennon
FanfictionColetânea de one shots McLennon. Histórias diversas entre 1957-1980.