Capítulo 30 - parte 2

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"Última chamada para o vôo 567" ouço assim que coloco os pés no aeroporto, corro e consigo fazer meu Check-in a tempo.

-- O vôo parte em 5 minutos sua poltrona é a número 27. Tenha um ótimo vôo e boa noite.

-- Obrigada.

Após despachar as minhas malas sigo para meu assento, neste momento passam muitas coisas em minha mente sobre minha mãe, ainda bem que não irei correr o risco de encontra-lá.

Durmo praticamente o vôo todo, acordo um pouco assustado com um policial me chamando dizendo para acompanhá-lo. Sigo em silêncio e sentindo um aperto no peito me dizendo que o pior aconteceu.

-- Sente-se aí. -- diz ele apontando para cadeira a minha frente.

-- O que está acontecendo? -- pergunto.

-- Você identifica esta mala como sua? -- diz ele me mostrando a mala na qual estavam todas as minhas "coisas".

Não é possível que isto esteja me acontecendo.

-- Onde vocês estam querendo chegar?

-- Acho que fui muito claro com minha pergunta mas, se você não entendeu eu repito sem problemas, você reconhece esta mala Nathan Agnella? Não é este seu nome? - diz o policial federal, agora mais próximo a mim.

-- Não precisa mesmo responder, você tem o direito de permanecer calado e falar só diante de seu advogado. Te deixaremos fazer somente um telefonema antes de ir para o presídio.

Presídio? Minha ficha não cai e permaneço paralisado.

Como vou pagar todo esse carregamento? Como vou conseguir um advogado essa altura do campeonato, se nunca imaginei que isso um dia fosse realmente acontecer. E Ashley, como irei explicar toda essa situação a ela?

     ❤️

Ao chegar no presídio sou obrigado a tirar toda minha roupa. Pegam todos os meus pertences e colocam em um saco plástico.

Me levam até uma espécie de cabine e raspam todo o meu cabelo o qual eu tinha todo carinho e cuidado. Em seguida troco de roupa e tiro fotos.

Após fazer todo este processo sou encaminhado a uma cela lotada de caras nojentos, sinto repulsa e ânsia só de olhar para cada um deles e me imaginar convivendo com estes seres. Sou empurrado para dentro como se fosse um animal.

-- Eu quero fazer a minha ligação. -- peço antes que o agente tranque a cela.

-- Deixa eu te avisar uma coisa, aqui não funciona da forma que o playboy quer, aqui tem regra e você vai ligar quando eu quiser. Está me entendendo? -- diz me intimidando e saí andando me deixando com os outros presos. Olho para aquela cela suja e só consigo pensar em minha irmã, o quanto ela irá sofrer se descobrir que estou nesta situação.

-- Tá aqui porque meu bom? -- diz um dos meus, agora, colegas de cela puxando assunto. Olho para cara dele e analiso mais um pouco a cela.

Me sento em um canto vazio e respondo, mesmo que entre os dentes.

-- Narcotráfico.-- digo.

-- Da pra vocês calarem a boca? Preciso dormir ou vocês ainda não perceberam? Daqui a pouco tem culto e eu não consegui dormir nada até agora.-- diz um outro presidiário que está deitado no fundo da cela.

Culto. Pastora. Essas palavras  eu conheço muito bem, até mais que eu gostaria. Balanço a cabeça repreendendo as lembranças que insistem em voltar por mais que a minha vontade seja apagá-las.

Me encolho, encosto meus braços na parede e deito sobre eles. Acabo cochilando sem perceber e acordo com um sacode.

-- Levanta, vamos, acorda.-- diz um deles gritando.

-- O que? Para onde? -- pergunto sem entender onde ele quer me levar.

-- Vamos para o culto.-- diz ele, levanto, limpo minha roupa e o sigo.

Chegamos a pátio onde parece que estão todos os presos reunidos, nos sentando. Um homem que parece ser pastor saúda todos com a paz e entrega uma Bíblia para cada detento, pego a minha e a admiro. Nunca tinha pegado em uma Bíblia por vontade própria antes. Ele faz uma oração e logo chama a pastora que irá ministrar o culto.

Ela começa a falar, e sua voz, seus gestos, trazem novamente lembranças a minha mente. Sou tomado por lágrimas, dor e ódio.

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Amo vocês.

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