Capítulo 31

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  "Não procurem vingança nem guar­dem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor. "- Levítico 19;18.

Nathan Agnella.


(...) "Ela começa a falar, sua voz, seus gestos, trazem novamente lembranças a minha mente.Sou tomado por lágrimas, dor e ódio."

É como se eu pudesse voltar ao último dia que estive com ela e um dos dias mais tristes da minha vida, pois depois disso tudo mudou e para pior.

Flashback on:

" -- Filho, vamos se não iremos chegar atrasados na sua escola. -- diz minha mãe, enquanto termina de trocar a fralda da minha irmã.

-- Pronto mamãe, podemos ir.

Seguimos o caminho todo cantando as músicas de um CD infantil que gosto muito. Descemos do carro e minha mãe começa a me dizer coisas que nunca havia dito antes.

-- Filho, quero que saiba que sempre amei você e sua irmã, só te peço que cuide dela para mim independentemente de qualquer coisa.-- diz.

Nos entrega para as professoras, ainda não consigo entender perfeitamente o porquê de suas palavras. Antes de ir me dá um beijo na bochecha e diz as que seriam suas últimas palavras.

-- Amarei vocês para sempre nunca esqueça disto e nunca deixe que sua irmã se esqueça disto.-- diz acariciando nossos rostos.

Fico parado olhando ela ir embora e um vazio surgir, o silêncio se tornou a coisa mais dolorosa naquele momento."

Flashback off.

Desde este dia o abandono começou a ser real, na saída da escola quando não a vi mais foi o momento que minha ficha começou a cair e suas atitudes começaram a  fazer sentido.

Ela nunca mais voltou... Nem para nos buscar, nem para cuidar de nós...

Começo a me sentir mal com tanta emoção e lembranças, é como se  neste momento estivesse passado um  filme de toda minha vida de uma vez só em minha mente.

Meu coração dispara de uma forma dolorosa, começo a soar e tremer involuntariamente, sinto minha visão começando a ficar turva e peço para que os agentes me tirem desse lugar e me levem de volta para onde eu não deveria ter saído.

❤️

Sento no chão e me derramo e lágrimas, deixou elas saírem até não sobrar mais nenhuma dentro de mim. Não sei exatamente durante quanto tempo fiquei desta forma, mas sei dizer que senti como se estivesse "lavado minha alma" com esse desmoronamento.

-- Tem uma pessoa que quer falar com você. -- diz o agente que nem percebi que estava ali.

-- Falar comigo? -- pergunto, e o agente só me responde "venha".

❤️

Chegamos até a porta da sala de visitas, meu coração volta a palpitar mais forte novamente e não consigo entender, até que ele abre a porta e vejo quem está sentada me aguardando.

"Não pode ser verdade" penso, o agente fecha a porta atrás de mim, demoro alguns minutos para dar alguns passos em direção a cadeira que me deixa de frente a ela.

-- Olá, sente-se por favor. -- diz.

Não, não irei chorar de novo.

Sento na cadeira a minha frente, e permaneço em silêncio.

-- Tudo bem? Nathan é seu nome certo? Percebi que quando comecei a falar parece que você se sentiu mal e deixou o culto, então imaginei que poderia ter algo lhe afligindo, quer conversar? Desabafar? Sei que não me conhece mas estou aqui para lhe ajudar.

Aquela mancha de nascença... Não pode ser... É coincidência demais. Meu corpo estremece e começo a soar frio.

-- Ei, tá aí? -- diz ela me despertando dos meus devaneios.- Eu poderia saber qual é o seu sobrenome?

"Hahaha" solto uma risada, mas não uma risada de felicidade, mas uma risada de quem tá afim de destruir tudo a sua volta, assim como está destruído por dentro.

- Meu sobrenome? Você veio até aqui, somente para saber O MEU SOBRENOME? - digo já alterado, sendo movido pela raiva.

-- Não, não é isto, você entendeu tudo errado, eu só quero lhe ajudar. -- diz ela tentando aproximar sua mão da minha.

A encaro olhando no fundo de seus olhos, tentando descobrir de onde vem essa falsa bondade, essa falsa pureza.

-- De você só quero uma coisa: distância. Espero não a ver nunca mais Fernanda Agnella.-- digo levantando e indo em direção a porta.

Sinto seu olhar pesar sobre mim, imagino o quanto ela deve estar se contorcendo de tanta dúvida agora, já que não me reconhece.

-- Conversa encerrada.-- grito para o agente que logo abre a porta e me tira de dentro da sala.

Sigo em silêncio durante todo o caminho. Neste momento só consigo pensar em Ashley, pensar que devo protegê-la ao máximo e não deixar que esta mulher se aproxime novamente dela, não quero que minha irmã sofra como sofreu algum dia.

No meio do trajeto peço novamente para que me deixem fazer uma ligação, já que  nenhum dos meus sabem que estou aqui. Preciso sair deste lugar o mais rápido possível, em um dia já tive várias emoções, não quero nem imaginar os outros.

❤️

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Amo vocês.

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