Capítulo 21

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Maggie Lander

Voltar para esta cidade, assumir a responsabilidade de ser mãe, sofrer um atentado e ter que me conformar com os sentimentos que Enzo cultiva por Ashley. Tudo isso despencou em minha vida de uma vez só, sem chances para que eu contestasse. 

Por mais que eu aparente ser uma mulher fria e sem sentimentos, essa gravidez mexeu bastante comigo me deixando muito vulnerável para sentimentos como o "gostar". Aprendi a gostar das crianças e do carinho atencioso de Enzo comigo em todo momento.

Chego para buscar minhas filhas e bato na porta, já que Naomy proibiu que eu tivesse uma cópia da chave usando a justificativa de que eu poderia roubar a casa ou dar chances para que outros fizessem isto, e com quem dou de cara quando a porta se abre? A estranha oferecida da Ashley, mas o que ela está fazendo aqui a esta hora? Já que não são nem 7 da manhã ainda.

-- Me da licença, preciso ver minhas filhas. E aliás o que você está fazendo aqui? Errou o caminho de casa ou não tem uma novamente e acha que aqui é algum tipo de albergue?! -- pergunto disparando todo meu ódio e sarcasmo a empurrando e já entrando, não querendo admitir a possível realidade.

-- Bom dia pra você também Maggie, não que eu te devesse alguma satisfação sobre a minha vida, mas pra sua informação eu tenho casa sim e respondendo a pergunta sobre o que estou fazendo aqui é que não sei se você sabe...-- nesse momento vejo Enzo descendo as escadas lindo como sempre só que hoje parece que sua beleza resolveu resplandecer com o triplo de nitidez.

-- Deixa que eu respondo Ash, ela está na casa do NAMORADO dela, algum problema Maggie? -- diz dando ênfase a última palavra que por incrível que pareça teve um impacto muito forte no meu peito, tomando todo o ar e palavras que estavam  na minha boca naquele momento.-- Eu ia te contar mais você foi mais rápida do que eu. Estamos namorando a dois dias.-- envolvendo ela em seus braços terminou de jogar na minha cara aquela dolorosa realidade.

Escuto tudo estaticamente, na tentativa de que meu cérebro filtre palavra por palavra. Não posso acreditar que isso esteja acontecendo comigo, parece que meu chão partiu ao meio e eu cai dentro do buraco que havia se formado. Cai e me deparei com a realidade cruel: estou gostando de Enzo. Logo eu, MAGGIE LANDER, mulher moderna que pega e não se apega, que tem todos que quer e precisa em seus pés, infelizmente ele foi uma exceção, a exceção mais dolorosa do mundo.

Sinto que vou chorar e logo tento disfarçar já que não posso deixar transparecer os meus sentimentos por ele, ninguém pode perceber isto.

-- Onde estão minhas filhas? -- mesmo já sabendo a resposta pergunto a eles quebrando o silêncio pré formado, tentando assim amenizar o efeito daquelas palavras em mim.

-- Estão lá em cima, uma delas acabou de dormir agora.-- responde Ashley. Não suporto ouvir a sua voz ridícula, antes mesmo de terminar de ouvir já estava na metade da escada.

Porque isso logo agora? Agora que tenho filhas para criar, mesmo não sendo bem essa exatamente a minha vontade, vem esse sentimento ridículo que nunca pensei em sentir. Sinto o peso de cada lágrima que cai do meu rosto, ainda encostada na parede do corredor sento no chão e as deixo rolar, até escutar o choro desesperado de uma das minhas filhas.

Chego no quarto e me surpreendo com a decoração, se não fossem as placas eu não saberia qual das duas era a Eloísa e qual era a Charlotte.  Grande mãe que sou, não sei nem dizer qual é qual das minhas filhas.

Vou em direção ao berço de Charlotte e a pego no colo, sinto arrepios no meu corpo borboletas no meu estômago, e lágrimas voltam a rolar molhando seu rostinho a fazendo parar de chorar.  Essas lágrimas não eram de dor como as outras  e sim de uma felicidade que eu desconhecia, pode ser pelo tal "amor de mãe" que tanto dizem.

A balanço cheiro e beijo, é como se eu estivesse sendo transportada para outro universo sem problemas ou Ashley para atrapalhar minha vida.

Meu telefone vibra após receber uma mensagem, coloco minha filha no berço e vou ver qual era aquela mensagem.

Maldita hora!

Número desconhecido: "Pensou que iria se livrar de mim fácil assim? Haha, sonha! Suas filhas não irão te livrar da minha vingança sua vagabunda. Sobreviveu por sorte de principiante, mas desta vez não irei te dar uma segunda chance."

Sabia que reconhecia aqueles olhos com sede de vingança. Ele não pode tentar contra mim agora, não sou mais largada pelo mundo, tenho duas filhas para criar e só de pensar em perder ou ficar longe delas já fico apavorada.

Meus pensamentos se confundem, sinto uma leve vertigem e me apoio na cadeira para não cair.

Será que não irei poder aproveitar o melhor e único  momento bom da minha vida? Sei que já fiz várias coisas ruins mas acho que também mereço ser feliz um dia, assim como todos os seres existentes...

De repente volta com peso total um pensamento que eu tinha desistido a tempos, mas, que agora parece o melhor a se fazer: suicídio.

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