Capítulo 22

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  "Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo". - João 16;33

Maggie Lander.

É tão triste quando paramos para pensar no nosso passado, nas nossas atitudes e como reagimos perante cada situação. Alguns se orgulham do passado, das suas conquistas ou das suas batalhas que se tornaram vitórias.

Mas e eu, do que vou me orgulhar? O que vou dizer para minhas filhas que foi "minha maior conquista" além delas? Aliás, nem elas já que são frutos de uma ambição gigantesca em busca de um dinheiro que no fundo eu sabia que não era e nunca se tornaria meu.

O que ganhei vivendo uma vida que não era minha? Vivendo o que no fundo eu sentia que não era pra mim e buscando um dinheiro que eu nunca tive mas que se eu quisesse poderia conquistar ou já ter conquistado.

São essas as perguntas que estão me assombrando desde aquela mensagem, muitos diriam que é o demônio ou capeta que está fazendo isso comigo mas, sabe o que eu acho? Que a culpa não é completamente deles, que a maior culpa da minha vida ter se tornado o que se tornou sou eu. Eu dei brecha para que fizesse o que bem entendiam de mim e com a minha vida e achava que meu mundo era muito bom assim... Estava completamente errada.

Nunca busquei me aprofundar em religião, principalmente no evangelho saber mais de Jesus essas coisas, mas sempre soube que se dermos uma brecha o diabo entra e faz ali a sua festa e eu não dei somente uma brecha, praticamente abri a porta e deixei ele entrar.

Tive uma infância muito boa, a falta que o dinheiro fazia o amor supria. Não sofri abusos do meu pai ou padrasto pelo contrário, sempre me apoiavam em tudo.

Meu pai não era somente o meu alicerce mas da minha irmã também, separou da nossa mãe, casou novamente e sumiu... Sim, simples assim, sumiu deixando claro que havia nos deixado em seu passado, não desejo nada de ruim a ele até porque o pior ele já tem em sua vida: uma filha como eu.

Minha relação com minha mãe? Nunca foi das melhores, pra ela tanto fazia se eu estivesse bem ou não, se eu ia a escola ou não, quanto mais longe eu ficava dela pra ela era melhor e acabava que pra mim também pois as humilhações que ela me fazia passar de um jeito ou de outro mexiam comigo.

Nunca me deu muito carinho, sempre negava aos meus abraços, suas demonstrações de afeto por mim foram as mínimas e quando existiam era totalmente frias e distantes, creio que só cuidava de mim por obrigação e amor ao meu pai. 

Eu me lembro que certa vez ela sumiu durante um ano e foi nesse momento que eu e minha irmã ficamos ainda mais próximas de nosso pai já que ele foi a única pessoa que cuidou da gente nesse tempo, sempre me transmitindo paz e um amor imenso.

Depois que meu pai resolveu seguir sua vida perdi meu chão mas logo busquei me recompor e ir atrás dos meus objetivos. Entrei na faculdade depois de muito esforço e comecei a usar a minha beleza ao meu favor tendo através dela alguns privilégios como andar com os caras mais concorridos e ricos seja da faculdade, do trabalho ou de onde fosse. Casado ou solteiro pra mim não fazia diferença. Minha irmã achando que eu era um exemplo resolveu seguir o mesmo caminho que eu, perdendo assim quase todo o afeto que minha mãe ainda tinha por ela. Hoje tenho a certeza que sou o "patinho feio" da família, a coisa ruim ou até mesmo a praga que por onde passa faz um estrago muito grande.

Todos os seres tem seu limite, sinto que cheguei no meu e que não devo mais atormentar a vida de ninguém nem mesmo das minhas filhas. Elas merecem uma mãe melhor, talvez uma mãe como Ashley.

É muito triste quando não temos com quem desabafar ou para compartilharmos até mesmo as nossas alegrias. Já que não conquistei amigos e os colegas que tive me deixavam de lado, não me achavam boa o suficiente para ter algum vínculo de amizade com eles ou andavam comigo até quando eu tinha algo a oferecer a eles. Assim fui me tornando cada vez mais introvertida me destruindo mais  e mais interiormente e sempre pensando em suicídio. Já me cortei várias vezes e por vários motivos, um deles foi de uma desilusão amorosa na qual deixou em mim muitas marcas uma delas foi: não conseguir confiar mais nos homens e nas pessoas de um modo geral.

Saio de casa disposta a me suicidar, não posso fazer isso lá já que moro junto com Julie e não quero deixá-la traumatizada. Sigo para um lugar tranquilo e que na minha infância era o meu refúgio: uma mata com folhas secas e que no seu fundo abriga um lindo lago.

Sento em frente ao lago e tiro do meu bolso um comprimido que vai me livrar deste mundo e livrar esse mundo de mim, levo-o em direção a boca quando sinto o meu telefone vibrar e tocar muito alto dando um susto enorme em mim.

Droga!! Porque não deixei essa porcaria pra trás...

❤️

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Amo vocês.

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