Prejuízos- Pedro

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CAPÍTULO 28
Pedro- Prejuízos
"Chegamos no Rio por volta de meia noite e me sinto em meio um filme de terror.
Uma equipe de caras encapuzados rodeiam meu carro pedindo para me manter quieto.
Realmente fico sem reação por um momento e depois, dou ré no carro, pisando fundo no acelerador e acabo derrubando alguns deles que estavam atirando.
Maria Luísa gritava de medo, assustada com o barulho.
Apenas queria nos tirar dali.
Por fim, resta apenas uns quatro ou cinco de pé e saio do carro, lutando tudo quanto e tipo de defesa que aprendi.
Quando volto para o carro, Malu não está mais ali...."
Acordo suando e chorando desesperado.
-----Ei amor, foi só um sonho.
Grudo em seu corpo chorando ainda mais, só que dessa vez de alívio.
----Você prometeu, Malu.
Malu me olha assustada sem saber do que estou falando e sem entender as minhas atitudes, mas parecia tão real.
-----Não deixa ninguém te levar por favor.
-----Ninguém me levará Pedro, estamos aqui juntos meu amor, pra sempre.
Demoro um pouco para me acalmar.
Odeio esse tipo de pesadelo.
Volto a dormir com muito sacrifício.
"Estou num lugar parecido com lixão, o cheiro é horrível e havia até mesmo animais mortos.
Não sei o que procuro e nem mesmo do que estou fugindo.
Minha camisa preta está toda rasgada e vejo que estou descalço ao pisar em um caco de vidro.
-----Merda.
Retiro o caco com dificuldades e sigo andando pelo local
Um homem mascarado surge a distância e estou correndo em sua direção.
Sinto que ele tem resposta.
Ele se mantém parado, como se tivesse me aguardando.
------Você é apenas uma comédia da sociedade Pedro.
O homem grita e forço minha respiração enquanto continuo correndo.
----Você foge de seu verdadeiro eu pra fingir ser o que a sociedade espera de um homem bom.
Não ligo para suas criticas, eu quero saber onde estou e como voltar.

-----Agora você tem apenas uma escolha, sua vida ou de Malu.
Meu corpo todo está em estado de alerta com sua última imposição.
Sua risada demonstra um estado de desequilíbrio mental.
Ele fala mais alguns insultos, mas demoro muito mais do que o necessário para chegar até ele.
E então, não estamos mais em um lixão e sim em uma praça pública.
------Vai Playboy, mostra sua verdadeira face.
Mantenho-me em silêncio, recuperando o fôlego gasto na corrida.
Ele mostra uma foto de Malu amarrada e a boca adesivada chorando e parece que escuto alguém chamado meu nome, mas estou cego de raiva e dou um murro em seu nariz..."
----Caralho Pedro, vai tomar no teu cu porra.
Olho assustado e meu pai está em minha frente com a camisa tampando seu nariz.
Sento colocando a mão na cabeça.
Que bosta!
-----Desculpa pai, eu não vi.
-----Não viu o cacete, sua mãe pediu para te chamar. Isso dói CARALHO, puta que o pariu.
Meu pai sai xingando e escuto minha mãe dizendo.
-----Puta que o pariu NÃO que eu sou mãe dele.
E um grito de o que houve veio seguido.
Em questão de segundos, Malu está do meu lado.
----Que aconteceu aqui?
-----Eu estava tendo um pesadelo e meu pai apareceu aqui. Que merda Malu, poderia ser você.
-----Eu não te acordo mais.
Disse rindo de meu desespero.
Por volta de meio dia, toda a família de tia Mel apareceu pro almoço.
-----Um gato te arranhou foi Ruan?
Minha tia não perde uma oportunidade de zoar meu pai.
-----Cala boca que eu não tô pra brincadeira hoje não.
----Como assim Mari? Voce está dormindo de calça jeans é?
----Ruan foi acordar Pedrinho que acabou acertando um murrinho sem querer.
-----Murrinho, Mariany? Pedro tu é um homem morto.
Todos riram e estou realmente arrependido.
Me sinto como uma bomba relógio.
De todos acho que ainda sou o mais quieto.

Para evitar chegarmos a noite, por causa do sonho, saímos de Pouso Alegre, as duas da tarde.
Seguimos inicialmente em silêncio pesarosos.
Eu não sei como, mas adentrando em São Paulo sentindo Rio, começamos a ser perseguidos.
Acelero um pouco mais e já estou a 160 km/h na rodovia.
Arrisco olhar para o lado e Malu ainda está cochilando.
Volto meu olhar para a pista com o único pensamento de nos tirar dessa.
Uma música melancólica toca na rádio e o carro cinza esporte, com o vidro fumê, ainda me segue.
Se eu tivesse sozinho, não me importaria.
Consigo pegar uma distância, ao passar no último segundo de um sinal verde, porém minha felicidade dura pouco, ao observar mais dois carros na minha cola.
Estava com a ideia de voltar pela estrada de Campanha e pegar o trevo-Três Corações, mas ia demorar mais, então segui sentido São Paulo.
Minha escolha ruim, está gerando resultados imprevisíveis.
Sigo uma rota alternativa do GPS e Malu acorda com o chacoalho inesperado.
Meu semblante diz tudo, mas ela procura se manter calma. O contrário do que houve no sonho.
-----Vai dar tudo certo Pedro. Você é o melhor no que faz.
Malu toca meu braço carinhosamente, mas ainda assim não consigo esquecer as cenas do sonho que são parecidas com a de um filme.
A pista dupla acaba, dando aos carros a oportunidade de ir e vir num espaço menor.
Foco nos carros atrás de mim e percebo que um deles está apontando a arma disfarçadamente.
Não há opção de acelerar mais, por estarmos na parte urbana da cidade.
Malu toca minha mão que está segurando firmemente o câmbio da marcha.
-----Eu confio em você e eu te amo.
-----Eu amo VOCÊ minha princesa.
Eu sei que não era o fim.
Eu sei que ainda teríamos muitas brigas sem pé nem cabeça.
Eu sei que ainda teríamos muitos abraços, muitos beijos, inúmeras maluquices, porém uma música parecida com um filme de suspense misturada com terror começa a tocar e no mesmo instante, Malu desliga o rádio.
Eu sei!
Ela também sentiu que havia algo errado.
Haviam sinais em excesso para que pudéssemos ignorar.
O celular de Malu fazia um bipe irritante, mas seus olhos não saiam de minha face.
Meus olhos estavam fixados na pista, mas sentia a sensação de costume quando Malu está me observando.
Retiro a mão do volante e seguro a dela.
Eu vi o carro vindo na direção contrária.
Eu vi que NÃO havia para onde fugir sem mais pessoas saírem machucadas
E numa última brecha, virei o volante para a direita e depois?
Um grito agudo ....
Nãooooooo.
E um impacto.
Pimmmmmmm...
Pimmmmmmm...
Os segundos as vezes parecem horas.
Essas horas disfarçadas de segundos, deveria ter sido o meu fim




(Concluído) O Outro lado da moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora