Bónus Stenio

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"As vezes nem sempre.
É como a gente quer.
Não da pra entender.
O coração de alguém.
Que não gosta de ninguém.” Palavras não curam, Jeferson Morais.

Minha mente fervilha voltando ao passado.
Fragmentos de momentosos felizes.
------Seu sorriso é o mais lindo no mundo Mari.
-----Você diz isso para me agradar Ste.
-----Não é sério tá ligada,  eu olho pra você e meio que encontro um caminho.
-----Porque Ruan não pensa como você?  Ele nunca me leva pra passear, ele fica com umas safadas no colo e sabe-se lá mais o que ele apronta.
Sorrio.
Eu sei que ele só finge estar com outras pela segurança da Mari,  que suas ações ilícitas pode arrancar ele dela.
-----É muito feio isso da parte dele se fosse eu, não te deixaria sozinha jamais.
Jamais.
Minha mente me prega peça, viajando para anos depois quando vejo karoline me encarando.
Como uma feiticeira.
Karoline  carregava uma áurea de pureza, mas na verdade essa era sua capa de proteção.
Sustentei seu olhar e ela veio caminhando em linha reta.
Ela não precisou me dizer nada, eu soube através dos seus olhos, o que ela veio buscar.
Ela veio em busca de barulho, ela queria sair da paz.
Geralmente não beijo na boca, apenas fodo para me aliviar, só que karoline não olhava para meu corpo ela veio em hipnose.
Seu beijo tímido ganhou força e nossos corpos tiveram seu primeiro contato e ela estremece,  não de medo, mas de luxúria.
Ela não me pergunta o nome em momento algum, é como se nos conhecêssemos de outra vida.
Ela me oferece seu corpo e eu tomo sem pressa,  mas me assusto que junto ao seu corpo veio também sua virgindade.
No inicio,  foi planejado, mas karoline  não me fazia muitas perguntas e era bom ouvi-la sobre todas as indecisões do futuro.
Mas ela também se foi e eu fui pro Rio atrás de vingança.
Eu buscava uma paz que pudesse tirar esse afogamento constante da minha mente.
Eu não me arrependi em momento algum.
Só que minha vida é transformada em 360 graus,  quando Malu foi morar comigo.
Quando olhei em seus olhos a primeira vez, eu vi além de audácia,  eu vi uma calmaria louca e distorcida.
E aqui estou....
Poderia estar lutando e matar um por um.
Eu vi a culpa nos olhos da Mari.
Eu vi dor.
E eu sei que se eu não tivesse decidido que era a hora da vingança, ainda teria seu sorriso lindo como a minha melhor lembrança.
Os  parceiros chegaram.
Eu não tive tempo de mandar mensagem pra abortar a missão.
Eu não ia me entregar, mas eu iria bolar algo doido pra morte de um moleque mais doido ainda.
Lembro de uma música que sempre ouvia na adolescência.
“Meus olhos grandes de medo revelam a solução, meu coração tem segredos que movem a solidão..
Me sinto tão estranho aqui diferente de você irmão, a sua forma e distorção, não pareço com ninguém  sei lá, pois eu sei que nós temos o mesmo destino então tô tentando me encontrar, tô tentando  entender, porque tá tudo assim??” O dia que não terminou, Detonautas.
.. Tantos tiros, gritaria, clarões e de repente uma dor dilacerante,  algo queimando, doía tudo nem sei exatamente o que e onde eu fui atingido, só sei que fiz de tudo para proteger as pessoas que ainda me faziam ter algum tipo de sentimento, enquanto eu estava ali deitado passava um batalhão de coisas em minha cabeça, minha infância, minha mãe,  todas as dores e lutas, toda a humilhação que me fizeram passar, o ódio que parou minha vida, deixei de ter vontades e sentimentos só para poder alimentar esse ódio, do nada fui tomado por um sentimento de paz, ouvi alguém gritando que karol estava em trabalho de parto, sentia meu coração batendo cada vez mais devagar, em minha cabeça o sentimento de ódio foi substituído pela lembrança dos olhares e carinhos trocados entre eu e karoline , uma vontade de viver para pelo menos ver meu filho, mais gritaria, a escuridão começando a chegar, sinto alguém me movendo, mas já não tinha forças para manter os olhos abertos.
Apenas o cansaço..
Depois de algum tempo não sentindo nada, só ouvindo umas vozes desconhecidas e uma dormência no corpo todo, sinto a vontade de abrir meus olhos,  em algum lugar dentro da minha cabeça sentia que tinha morrido, que a hora de pagar por tudo que fiz tinha chegado, mas ao mesmo tempo uma esperança e uma vontade de abrir os olhos e recomeçar minha vida tinha voltado, sabia que se eu tivesse vivo, e abrisse os olhos teria que pagar por tudo que fiz, e só Deus sabe o que seria de mim, se conseguiria seguir um caminho que eu não conhecia, ou se acabaria voltando pra mesma bosta de vida que vivi sempre,  fiquei alguns dias buscando forças nesse pensamento, querendo abrir os olhos, mas ainda não me sentindo pronto pra isso, até que ouço uma voz conhecida ,  era Malu que aparentemente veio me visitar no hospital (ou quem sabe num cemitério). Depois de uns minutos sem entender o que ela estava dizendo, decidi me concentrar, ouvi ela dizendo que meu filho tinha nascido, que se eu saísse dessa, seria preso por alguns anos, mas que ela, Karol  e Mari estavam dispostas a me ajudar a construir uma vida digna depois que eu saísse da prisão, que eu poderia conhecer e conviver com meu filho recém nascido... A vontade de viver cresceu de uma forma gigantesca, mas o cansaço ainda predominava, resolvi me entregar mais um pouco a escuridão dos meus sonhos, quem sabe daqui a mais uns dias.
Parece que tem momentos que não sinto nada.
Outras sinto dores por todo lado.
Respirar está cada vez mais difícil.
Escuto uma voz grossa dizendo que era mais uma infecção hospitalar e que éram pra rezar, pois ainda não tinham doador de sangue e os antibióticos estavam demorando a fazer qualquer efeito devido a imunidade já ruim.
Decido desistir,  mas então lembro que ainda não vi o rosto do meu filho.
"É, Deus né?  Eu sei que nunca tive um papo reto contigo, mas nem peço pela minha vida não. Só quero ver o rosto do moleque,  tá ligado?
Eu te peço perdão por todas as minhas falhas.
Eu estraguei uma família com minha vingança e sei que não mereço perdão.
Eu gosto de olhar nos olhos dos meus inimigos e amigos...."
Não consigo terminar meu papo, pois a escuridão me domina novamente.
Colocaram uma tonelada de algo na minha visão porque não consigo abrir os olhos.
Escuto uma voz desconhecida de duas mulheres
-----Esse mundo é louco mesmo, pai e filho doaram sangue para esse homem.
-----Isso se chama bom coração.
-----Eles eram inimigos mortais. O pai ainda está fraco e machucado,  mas fez questão.
-----É o amor que habita no coração de cada um.
Eu gostaria de sorrir, mas novamente a escuridão estúpida,  diz que preciso descansar um pouco mais.

(Concluído) O Outro lado da moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora