Bónus karoline

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"Dá pra viver, mesmo depois de descobrir que o mundo ficou normal.


É só não permitir que a maldade do mundo te pareça normal.


Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real e entender..." Kell Smith


Não lembro muito da minha vida antes de ser adotada, vivia no orfanato era bem cuidada, mas posso dizer que nasci no dia que conheci Mari, uma pessoa maravilhosa que me assumiu como sua filha mesmo não tendo saído dela, ela sempre me dizia que eu fui gerada num ligar muito melhor que o ventre...o coração.


Não tenho o que reclamar de como fui tratada no meu novo lar, sempre fomos uma família feliz, Pedro meu irmão sempre me protegeu e nunca deixou me sentir isolada, meus pais nunca fizeram distinção de nenhum de nós. Minha mãe descobriu no susto que estava grávida e deixou eu participar de tudo, acompanhei ela nas ultrassons e exames e até escolher roupas e acessórios.


Quando meu irmão nasceu me senti mais mãe do que irmã dele, queria cuidar de tudo e minha mãe com muito carinho sempre deixou. Amava cuidar do Juninho, fazia dele minha boneca.


Apesar de todo amor, sempre me senti fora de lugar, não sou decidida com Pedro e nem sei o que quero ser, nunca fui cobrada por isso, mas todos sabem que rumo tomar e eu o que quero???


Na adolescência escutava Ana Sophia falando das maravilhas de fazer intercâmbio e até cheguei a pensar que seria algo bom pra mim, ou será que talvez era mais uma vez, uma fuga, do tipo se é bom pra ela será pra mim.


Não sei explicar, as vezes tentava me encaixar nos sonhos dos outros pra quando alguém perguntar o que eu queria fazer, ter o que responder...


O tempo foi passando e a fase adulta chegou e com ela suas responsabilidades e cobranças e foi aí que tudo mudou...


Passei a ir em bailes funk pra me sentir liberta, lá não tinha cobranças só curtição, sempre chamei a atenção por ser morena, cabelos compridos, como dizem falsa magra e por isso sempre estava rodeada de rapazes, mas um em especial me chamou a atenção, ele era mais velho, tinha uma cicatriz no rosto mas seu olhar me atraia como um imã, o ar de mistério que rondava ele, me encantei na hora e fui até ele, tinha muitas mulheres em volta dele, que parecia ter qualquer uma que ele quisesse...


Quando ele me viu chegando, me olhou e como se estivéssemos hipnotizados, ele se levantou sem se importar com os demais e nos beijamos, sem nem ao menos perguntar nome ou qualquer dessas coisas clichês.


Com toda a certeza do mundo, foi o melhor beijo da minha vida e nesse mesmo dia acabei perdendo minha virgindade o que até então nem pensava, com ele não tive nem tempo de pensar, foi puro desejo...


Acabamos nos encontrando muitas vezes e ele virou meu vício, me sentia com ele o que há muito procurava paz, não havia cobranças ele me escutava, me apoiava, contei sobre minha família e como me sentia...


Sempre perguntei sobre ele, mas ele se esquivava, dizia que se eu soubesse, eu nunca mais iria olhar na cara dele.


-----Que isso love, você é apenas um homem com defeitos.


Sorrio encantada.


-----Não diga que não te avisei pequena.


Ele me tira de seu colo e se vira de costas, como se fosse pesado demais me contar olhando em meus olhos.


E então eu entendi.


Me senti uma isca, me senti uma tola e o pior.


Imagina meu susto quando descobri quem ele era realmente e que ele odiava meu pai devido o passado em comum deles, fugi com medo como sempre fugi das coisas, ele me respeitou, porém deixou comigo algo que ficará pra sempre um filho...


No desespero sabendo que seria a decepção dos meus pais, eu pensei em tirar de mim essa responsabilidade, maa lembrei da minha mãe, de todos os abortos que ela sofreu e que a quebrou no meio, me senti ainda pior por ter me apaixonado e não conseguir ficar longe dele, decidi armar um plano pra ir embora do país com Jhon o namorado de minha prima Ana.


Sei que era errado, mais tinha que tentar e foi o que fiz armei pra ela nos flagrar juntos e pensar que tínhamos algo, só que mais uma vez meti o pé pelas mãos e fui descoberta, além de trazer infelicidade a minha prima que não tinha nada a ver com a história.


Corri pro Rio atrás de paz, fiquei na casa do meu irmão Pedro mas ele já tinha sua vida com Malu, adorei ela mesmo sem conhecer e então mais uma vez causei confusão por ela pensar que eu era namorada do Pedro, parece que por onde passo trago confusão..


Voltei pra Minas e o que mais eu escutava era quem é o pai da criança, mas nunca falaria, ia ser mais uma decepção e esse se tornou o meu segredo. Me isolei ou me isolaram, só sei que passei a ser ignorada pela família exceto pelos meus irmão em especial Juninho, meu bebezão.


Malu e Pedro vieram passar um fim de semana em casa e minha barriga já estava bem aparente afinal já está com 4 meses e sabendo que era um menino, tenho muito medo dele puxar o sangue do pai é ir pelo mal caminho mas não vou permitir, serei o melhor que posso para ele.


Quando teve o acidente e consequentemente o sequestro do Pedro sabia que era obra do Stenio, mas por medo mais uma vez me calei.


Eu chorava e rezava escondida pedindo pra ele ter piedade do meu irmão, não cheguei a conhecer seu lado ruim, mas escutei muito de como ele era impiedoso com quem passasse pelo caminho dele, respirei aliviada quando meu irmão foi solto, mas logo veio a agonia quando soubemos que Stenio estava com Malu, sabia que meu irmão iria até o inferno atrás dela e que isso poderia custar sua vida, fiquei pior ainda quando meu pai resolveu ajudar, porque sabia que isso poderia mata-lo. Stenio queria se vingar do meu pai e isso eu não podia deixar, mas por outro lado cadê a coragem?


O tempo foi passando Malu ainda estava com Stenio e meu filho estava próximo a nascer, foi quando aconteceu algo que me fez perceber que era a hora de lutar por meu filho, por mim....ouvi minha mãe pedindo ajuda pra tia Mel porque ela sabia como salvar Malu, decidida a contar sobre o pai do meu filho paro ao ver a foto que aparecia no visor do celular, Malu grávida, sentada no colo do meu amor, lugar que devia ser meu e que por medo fugi.


Corro pro quarto e começo a chorar lembrando dos nossos momentos, ele sempre me tratou com tanto amor e o que fiz fugi como sempre fujo de tudo. Minha mãe veio atrás de mim e com todo amor e carinho me acalmou, foi então que soltei a bomba.


-----Estou grávida do Stenio, mãe me perdoe, me apaixonei e não suportei saber quem ele era. Digo morrendo de vergonha, escondendo meu rosto por ter escondido essa informação dela que sempre me apoiou e me deu forças. ----- Quero ajudar na missão de resgate, não posso deixar meu irmão matar o pai do meu bebê, meu único amor, farei de tudo pra manter ele vivo, mesmo sabendo o quanto ele errou, não posso deixa-lo morrer e nem muito menos matar meu pai ou meu irmão, chegou a hora ....


....a minha hora de enfrentar tudo e não fugir mais.

(Concluído) O Outro lado da moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora