Cardi cardi

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PEDRO
" Porque garotas como você passam tempo com caras como eu
Até o sol se pôr quando eu chegar
Eu preciso de uma garota como você....Girls Like You Maroon 5"

Já beijei muita boca.
Já me esfreguei em muitos corpos.
Já fodi com muitas mulheres.
Alguns vão dizer que sou puto.
Eu digo apenas que curti minha vida.
Quando decidi realmente entrar para vida militar,  parei de romantizar focando na vida real. E a vida real tende a ser cruel pra caralho.
A vida real, não tem dó.
As estatísticas mostram que quem age correto toma literalmente no cu sem lubrificante,  mas é preciso fazer sua parte independentemente do que as outras pessoas estão fazendo.
Garotas geralmente tem sonhos de namorar, casar, ter filhos e morrer felizes para sempre, isso não é nem de longe ruim, mas garotas assim, são feitas para homens que podem dar isso a elas.
Eu vivo como policial e "justiceiro" como me apelidaram,  o que quer dizer que apenas um passo meu em falso e posso foder com a vida de alguém.
Sabe por quê?
Eu não estou pra brincadeiras,  uma falha da justiça e eu caio em cima.
Infelizmente isso me limita e esse foi o principal motivo por não deixar minha família vir morar comigo.
Tudo isso funcionou perfeitamente,  até eu decidir ir tomar um café da manhã em uma padaria aleatória.
Maria Luísa me tirou da zona de conforto e de toda a mesmice que estava vivendo no Rio de Janeiro.
Seus olhos grandes amendoados e sua boca carnuda sem travas, ou filtro como ela mencionou,  me deu vontade de voltar a época da paquera, envolvendo Whatsapp e beijos na porta, hoje, do serviço.
Maluquinha me surpreendeu não me ligando.
E assim após falar muitas asneiras,  inclusive cogitando que meu pau de 22 centímetros é pequeno,  falo com exatidão porque já medi, levei-a para almoçar.
Malu, me fez parar perto do fórum próximo a uma grade.
Perdi qual assunto estava sendo dito, quando olhei para sua boca e porra, era muito mais gostosa do que imaginei ser.
Deixando o desejo falar mais alto, agarrei seu cabelo arrastando Malu até a grade pressionando meu corpo contra o dela, apertando sua bunda sem me importar se era dia ou madrugada.
Seus gemidos e sua mão puxando meu cabelo de volta tirava minha sanidade e minha mão voou para o zíper de sua calça.
A voz da razão soou em meu ouvido como um pedido misturado de para com me fode.
-----Estamos na rua, não podemos
Forço-me a solta-la e por juízo na minha cabeça. Muito errado.
-----A gente se fala tchau.
-----Não espera.
Malu saiu correndo como se em suas roupas estivessem pegando fogo.
Esmurro a grade em que estava inutilmente encostado e subo na moto pilotando após pegar o capacete reserva que voou ao menos meio metro de onde estávamos.
Tentei enfiar na minha cabeça para deixar Malu em paz, ela é maluquinha sim, mas é inocente ao ponto de não saber que está mexendo com fogo.
Do lado de fora de meu apartamento,  começa cair uma chuva atípica para o Rio de Janeiro.
Meu humor está tão negro quanto o tempo depois da noticia que recebi.
"Garota de 16 anos é abusada pelo padrasto desde os 14. A mãe descobriu e fez o boletim, mas por estar fora do flagra o suspeito aguardará o processo em liberdade."
Respiro fundo e o ar desce mais denso que o normal.
É apenas uma criança Carvalho.
Meus dedos parecem ter vida própria digitando
"O restante das informações agora,  todos os detalhes , fotos, tudo."
O erro das pessoas que não pensam, é agir na base da impulsividade.
Quando o ódio cega irmão,  é impossível de voltar atrás.
No compartimento secreto do meu guarda roupas, pego minha roupa preta e de antemão,  coloco a touca no bolso.
O caso aconteceu fora da minha área de acesso, mas tem uma pessoa me ajudando nessa.
É relativamente impossível,  ter olhos e ouvidos em todos os lados.
Pego minha faca Jadkommando e coloco escondida no coturno, assim como a pistola semiautomática no cós da calça.
Quando você sai para caçar, tem que estar disposto a tudo, seja matar ou morrer.
Graças a Deus, não foi necessário chegar em nenhum dos extremos.
Chego próximo ao endereço e vejo uma cena que me cega completamente.
O verme, porque é impossível chamar o inútil de homem, está espancando sua esposa e então tiro fotos, antes de dar meu próximo passo.
Ao ver uma pessoa se aproximando, Cristóvão,  o agressor,  para de desferir socos contra a mulher que cambaleando segue correndo para o meio do nada que presumo ser algum tipo de quintal.
-----Não se mete.
Tento contar até três , mas ao chegar no 1 estou socando com luva o palhaço que vem pra cima de mim acertando um murro no meu maxilar.
Ainda mais puto de raiva,  volto pra cima dele pegando meu soco inglês do bolso arremessando socos em sua costela e rosto.
Seguro em seu saco, levando ele para a parte escura sem conseguir ver muita coisa.
-----Sabe por que estou aqui?
-----Porque é um enxerido.
-----Resposta errada.
Retiro a faca do coturno e corto fora a porcaria que ele chama de pinto e enfio em sua boca.
-----Agora babaca, você não estupra mais ninguém.
Sigo andando com a consciência de que tenho sangue nas mãos,  mas antes eu que já sou fodido, do que mais inocentes.
Subo na moto que deixei a distância e sigo pilotando sem rumo.
A madrugada me abandona dando a chance de chegada para um novo dia e sem que me desse conta, estava a espreita do serviço de Malu, que passa correndo igual um verdadeiro furacão.
-----Ei parece que vai tirar o pai da forca.
Malu dá um pulo e um grito ao  mesmo tempo.
------Que susto caralho.
-----Eita boquinha nervosa.
-----Parece que andou arrastando a cara no asfalto.
-----Foi apenas um murrinho leve.
-----Juízo hein? Ou conto para sua tia.
-----Por que estava correndo?
Pergunto mudando de assunto
-----Erro de cálculo. Ás vezes é assim mesmo..
Por incrível que pareça ao lado de Malu, a parte negra que me incomodou durante a noite,  pareceu desaparecer.
-----Não quer entrar e tomar uma xícara de café?
Sorrio me lembrando do episódio de Chaves.
-----As damas primeiro.
-----Dez minutos.
E sai correndo novamente.
E antes de adentrar o portão, ela me mostra com os dedos, o número 10 novamente.

(Concluído) O Outro lado da moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora