(Concluído) O Outro lado da moeda

Bónus Ruan

CAPÍTULO 44
"Não consigo olhar no fundo dos seus olhos.
E enxergar as coisas que me deixam no ar, deixam no ar.
As várias fases e estações que me levam com o vento.
E o pensamento bem devagar.
Outra vez, eu tive que fugir.
Eu tive que correr, pra não me entregar.
As loucuras que me levam até você.
Me fazem esquecer, que eu não posso chorar.
Olhe bem no fundo dos meus olhos.
E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar." de janeiro a janeiro, Roberta Campos

Estamos nos organizando para finalmente resgatar Malu e muito provavelmente meu neto quando recebo uma ligação de karol pedindo para voltar para Minas, Mari não está nada bem. Me despeço de Mel e Pedro e peço para aguardarem até eu voltar, vou para Minas na moto de Pedro, é desconfortável porém mais rápido. Quando chego em casa não encontro nenhum sinal de karol e Mari, vou até um hospital perto de casa e não as encontro, fico desesperado, sinto no fundo da minha alma que algo não está acontecendo, vou até o posto abastecer e um frentista conhecido me disse que Mari passou por lá mais cedo enchendo o tanque do carro e perguntando qual seria o melhor caminho para São Paulo, pago o combustível e volto para a estrada, com sorte eu consigo alcança-las, sinto pânico percorrendo pelo meu corpo, estou chegando a São Paulo quando recebo uma ligação de Mel me avisando que karol e Mari subiram o morro de Stenio, meu pânico só aumenta e faço o possível para chegar o mais rápido possível ao morro, São Paulo está com o trânsito parado e mesmo de moto não é fácil romper o trânsito, tenho que abastecer a moto novamente, agora já estou perto, quando chego ao local tem uns Federais que me avisam que Pedro e Mel subiram o morro com ajuda, subo de moto mesmo, quando localizo a casa de Stenio entro correndo e vejo Pedro mirando Stenio e Mari ao chão.
Mari fala para Pedro que o filho que karol espera é de Stenio, por um momento perco os sentidos, o que esse bosta fez com a minha bebê?
Não quero ninguém envolvido nisso, Pedro e Mari protestam, mas eu os faço entender que eu que fiz o mal para Stenio e somente eu vou poder resolver isso, peço para que todos saíam e me deixe sozinho com ele, Pedro diz que estará lá fora e qualquer coisa entra e estoura os miolos de Stenio, Mari não quer sair do meu lado, faço com que Pedro a leve com ele.
----Bem Stenio, agora somos só nós dois e aponto a arma para ele, porque você foi se aproximar da minha filha seu saco de bosta? Stenio não fala nada e dou um outro chute em suas costelas, ele geme de dor e começa a falar:
---A princípio foi por vingança sim, quando soube que você estava vivo eu fui até Minas te vigiar, Pedro não entrou na noia dos meus parceiros, já karol foi presa fácil, me fingi de amigo, confidente e acabei me apaixonando por ela. Nesse momento eu soube que não conseguiria fazer nada contra ela,  mas ela insistia tanto pra eu contar mais sobre mim foi ela  que disse que Pedro estava indo pro Rio de Janeiro sozinho e me entoquei na favela de um parceiro. Sozinho ele é uma presa fácil, só que ele é marrento e então eu fui atrás e vi que ele estava agindo como justiceiro, mesmo com minhas ameaças eles não se dobrou, então eu tive que pegar o bem mais precioso dele a Malu que é outra marrenta, quando ela não aceitou me ajudar e soube que eles estavam voltando de Minas fiz uma emboscada, peguei o Pedro e marquei ele assim como você me marcou no passado, ele terá cicatrizes, e toda vez que você olhar para seu filho você saberá que foi você que provocou isso.
------Você é um filho da puta miserável.
-----Sim eu sou. Eu reconheço isso, mas eu não fodi com a vida das pessoas. Aposto que ainda usa o argumento que tudo que fez foi por amor. Você é um filho da puta miserável,  e vai conviver a porra da sua vidinha medíocre sabendo que seu passado jamais te deixara em paz.
Sinto minhas pernas tremerem, cansaço e adrenalina a mil, nesse momento ele percebe e parte para cima de mim, estou enferrujado, faz muito tempo que não sou panelinha.
Desfiro socos em meus rosto e quando solto a arma para pegar em seu pescoço, ele consegue pegar minha arma, me dá um tiro de raspão no ombro e sai correndo, eu saio do jeito que posso atrás dele, vejo Pedro e Mari correndo em nossa direção e, começo a gritar.
-----Não, não, volta caralho sai dai.
Não sei como Stenio conseguiu reforço e começa um tiroteio.
Ele estava mais perto do que eu e  blinda o corpo de Mari com o seu.
As meninas conseguem entrar na casa e eu tento ajudar como posso, mas logo fico sem munição.
Observo a meio metro de distância um federal morto.
Me arrasto até ele e blindo meu corpo com o dele, facilitando minha mira e atirando mais precisamente.
Os traficantes por fim, reconhecem o corpo de Stenio no chão e recuam.
A guerra cessa.
Não consigo chegar até Mari rápido o suficiente.
Os profissionais de saúde, agem com rapidez, mas ainda estão longe.
Levanto-me como posso, a dor me queimando vivo.
Stenio respira fraco e sou obrigado a ser grato por ter salvo a vida da minha esposa, mas sei que ele não fez por mim.
Seguro seu corpo com meu braço direito e com muito esforço, consigo retira-lo de cima de Mari.
Um grito agudo vem de dentro da casa e reconheço ser de karol.
Merda, minha princesinha tá na reta final de sua gravidez.
Outro grito vem seguido desse e Mari aceita minha mão, olhando em meus olhos.
-----Vai nascer. _ela afirma e estou desesperado, meus pés parecem plantados no chão e minha voz presa na garganta.
-----Reage Ruan, vou lá ajudar, chame ajuda para Stenio.
Meu lado irracional,  acredita que ele deve morrer, mas meu lado racional me faz seguir os conselhos de minha esposa e corro até um paramédico indicando que tem um homem que foi atingido e respira com dificuldade e minha filha que está entrando em trabalho de parto.
Eles correm e eu tento também, mas estou cambaleando.
A adrenalina está se esvaindo do meu corpo deixando apenas a dor.
Chego na sala e vejo que além da bolsa estourada,  karoline  foi atingida na perna.
Ela está fazendo força e Malu chora no braço do Pedro.
E eu queria pegar a dor de todos para mim.
Inocentes pagando por um erro, que apenas eu cometi.
Não há redenção para isso.
Eu, Ruan CALLEGARI me declaro culpado.