(Concluído) O Outro lado da moeda

Pedro

Pedro
“Trouxe o meu colchão pra sala.
Hoje eu vou dormir aqui.
Pois não quero relembrar.
Os momentos que vivi.
O lençol que a gente usava.
Tem perfume de jasmim
O que tanto me agradava.
Hoje não faz bem pra mim.
Depois que você foi embora.
Entrou outra em eu lugar.
E é só quando eu me deito.
Que ela vem me visitar.
Passa a mão em meus cabelos.
Insiste muito em me beijar.
E eu com delicadeza.
Peço pra se afastar.
Eu não quero compromissos.
Nem tão pouco me apegar.
Nem novelas tenho visto.
Da vontade de chorar, de chorar
Tenho medo de acordar de madrugada
E uma luz semi apagada refletir ela pra mim
Sei que está tão curiosa e louca pra me perguntar
Quem está no seu lugar
Quem roubou meu coração
Se chama solidão” -Luan Santana- A Outra

Acho estranho a ligação de Karoline.
Do nada minha mãe passa mal e precisa do meu pai.
Minha mãe,  deixou claro como água que não apoia essa operação.
E somente por isso, chegamos a conclusão que era emocional.
-----Não, assim que acabar eu vou.
Eu havia acabado de receber o sapatinho, descobri que possivelmente serei pai.
Possivelmente o caralho.
Eu vou ser pai.
Surtei e então decidimos que a melhor tática seria atacar pelas beiradas.
Meu pai é a única pessoa que conhece o morro de cabo a rabo. Ele já comandou aquela porcaria, mas a saúde da minha mãe é mais importante.
-----Você vai sim pai, se quiser ir de moto é mais rápido.
-----Eu já tô velho pra isso.
Retiro os olhos impaciente e jogo a chave em seu peito.
-----Você vai,  nós temos reforços. Quanto menos pessoas da minha família envolvidos,  melhor.
Assim que meu pai chega em Minas e não encontra ninguém eu sei que algo errado está acontecendo, ligo para minha tia e a aviso.
-----É óbvio Pedro,  sua mãe me ligou pedindo ajuda. Eu disse a ela que não era pra se meter. A chance de ter tiroteio é tipo cem por cento e seria mais uma cabeça para a gente se preocupar.
-----Merda tia, sinto cheiro de encrenca e das grandes.
Ela chama um reforço da Federal para nos ajudar.
Entro no carro e vou o mais rápido que consigo para a favela. Através do binóculos, vejo minha mãe e karoline  entrando no morro, minha mãe dirige e não consigo chegar até elas sozinho.  Estou muito longe e continuo observando.
Com a ajuda da Federal conseguimos subir o morro e chegar na frente da casa de Stenio, nesse momento vejo Malu e karoline indo correndo em direção a ele.
Quero dar um beijo na minha maluquinha, mas nesse momento não confio em mim e sua feição também diz que não sou confiável.
Peço para tia Mel tomar conta das duas, mas elas não arredam o pé da frente daquele MERDA.  Entro na casa e os federais estão aguardando para ataque.
Olho nos olhos de Stenio apontando a arma para a sua cabeça, minha mãe entra na frente.
Parece um circo de horror onde eu sou o vilão.
----- Pelo amor de Deus filho, não mata o Stenio, ele foi meu amigo enquanto estava sofrendo tudo o que passei com o seu pai, e ele é o pai do filho que karol espera.
A cada momento que passa, meu ódio por esse filho da puta só aumenta.
Fico sem saber o que pensar, nesse momento minha mãe fala para Stenio se entregar
---- Filho por favor, não faça nada com ele, apesar de tudo tenho muito carinho por ele e não esqueça, ele é pai do filho da karoline . ___Minha mãe se vira para ele e no momento de distração, tia Mel consegue tirar as duas da linha de tiro com muito esforço. -----Por favor se entregue Stenio.
Ouço minha mãe dizer e ainda mirando a cabeça de Stenio, por mais que minha mãe esteja na sua frente ela é mais baixa. Grito -----Stenio diga logo o que vai fazer ou estouro seus miolos agora mesmo.
Ele não diz nada.
Stenio parece hipnotizado e de mãos atadas.
-----A escolha na verdade é sua Pedro. Você quem decide. Eu trilhei um caminho. Não vou pedir absolvição de algo que fiz errado. Seja o justiceiro que tem sido sobre os fracos e oprimidos.
----Cala a boca.
Nem minha mãe, nem Malu ou karoline sabem do que fiz com quem eu achava ser culpado.
-----Não é assim que se faz com quem bate em mulher? Seu pai espancava sua mãe. Não é o que faz com quem estrupa mulher? Eu tirei a virgindade de sua irmã.
------Nãooooooo é mentira.
Minha irmã grita chorando implorando pro Stenio se calar.
-----E por último Pedro, não é o que faz quando se mantém por puro capricho alguém em cárcere privado contra a sua vontade?  Malu esteve por 3 meses dentro dessa casa juntamente com o seu filho.
Eu já não queria ouvir,  suas palavras alimentavam ainda mais minha raiva e eu só queria apertar o gatilho.
Atiro para cima e todas gritam com o barulho.
Trêmula minha mãe tira uma arma de dentro da bolsa e mira em Stenio.
----Então tá bom, eu comecei essa palhaçada eu termino.
Minha mãe tira a mira de Stenio e mira na própria cabeça.
Merda cadê meu pai que não aparece.
Stenio tem uma expressão indecifrável no rosto, com agilidade tira a arma da mão da minha mãe, prendendo seus braços pra trás
Ele diz algo em seu ouvido e sem conseguir prever seus próximos movimentos atiro em sua direção.
Eu não mirei realmente para matar, mas acho que de alguma forma acertou ele em algum lugar.
-----Você se ferra Pedro, por ser impulsivo demais, você não ouve o que te falam,  ou melhor, só ouve o que quer.
Escuto o barulho do motor da minha moto.
Meu pai chegou.
Ele chega correndo e desacelera ao ver minha mãe ao lado de Stenio.
----- Seu filho da puta!
Meu pai chuta a costela de Stenio que estava deitado ao chão.
Ele grita de dor, mas sua expressão diz que não pretende se render tão fácil.
------Deu Ruan, deu dessa guerra sem fundamento.
-----Agora não Mariany, não era sequer para estar aqui.
Minha mãe se levanta e da um tapa na cara do meu pai.
Uma cena que nunca vi.
-----Que isso não se repita. Eu não sou de porcelana CARALHO.
Percebo que minha mãe também está em seu limite,  ela só fala algo que não é tecnicamente correto quando está muito brava .
-----Melanie e Pedro tirem elas daqui, vou ter uma conversinha com esse idiota.