Pedro

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CAPÍTULO 15
Pedro
Cadê a Maria Luísa?
Onde essa mulher se meteu?
Eu juro por tudo que é mais sagrado que estou tentando ser um cara normal e não conseguir todos os seus dados sem o seu consentimento.
A amiga dela me disse que ela saiu de férias por aí.
Acho que eu precisaria saber onde é exatamente esse por ai, se ela conhece agora tudo de mim.
Eu não pedi pra me apaixonar CARALHO e agora, estou fodido ligando para ela pela milionésima vez.
Eu deixei ela pensar que desisti.
Afinal das contas, eu não fiz porra nenhuma para ela sumir, apenas fui eu mesmo.
Talvez eu tenha sido pesado demais para ela que tem uma alma tão leve.
Barulhos do lado de fora do batalhão me chamam atenção.
Vou atrás de informações, até porque mesmo sendo Rio de Janeiro, não é normal uma baderna assim de graça.
Abro a porta e o primeiro sinal de fumaça que avisto é um vestido florido.
Maria Luísa esta gesticulando com uma das mãos na cintura, aparentemente muito brava com algo.
Como sou da homicídios,  não fico sabendo do que acontece nas outras áreas, a não ser que tenha alguma ligação com o que faço.
-----Maria Luísa?
Ela estremece visivelmente ao escutar minha voz e se vira como se não me conhecesse.
De forma mais dissimulada possível, ela olha pra minha identificação e sorri nervosamente.
------Callegari?
Sua voz treme no final da palavra o que não me passa despercebido.
------O que tá pegando aqui?
------Você acredita que meu prédio pegou fogo? Estamos desesperados, porque dizem que alguém provocou.
------São quatro horas da manhã,  ninguém vai fazer nada nessa porra.
------Pois não iremos sair daqui enquanto alguma coisa não ser resolvida.
------Eu tenho um galpão que pode ajudar temporariamente e você fica lá em casa comigo.
------Eu fico com os demais. Eu só preciso de um colchão e de coberta como os demais.
Olho ao redor e tem ao menos 20 pessoas, sendo a maioria homem.
-----E por que não pode ficar lá em casa comigo?
------Porque não fico na casa de homens desconhecidos. Assim como todos eu pago aluguel.
-----Não é seguro pra você. Poderia não ser teimosa?
-----Não sou teimosa, apenas agindo como meus pais gostariam, HONESTAMENTE.
-----Malu seja razoável,  não te fiz nada e você está fugindo.
Malu abre a boca, mas é interrompida por meu rádio avisando de emergência.
Rascunho no meu papel de boletim o endereço do galpão e entrego a ela.
------Nossa conversa ainda não terminou. Quero saber os detalhes de tudo.
E saio apressado para atender a ocorrência.
Em vinte minutos,  estou no local da ocorrência,  em um timing certo para desligar um pouco do meu drama pessoal e acrescentar motivos para não querer Maria Luísa dormindo ao lado de desconhecidos.
O que vejo, alimenta um ódio que esteve adormecido no decorrer desses dois meses que estou com Malu.
Claramente,  feminicidio.
A mulher estava morta, sem muitos sinais de violência o que levaria a crer que ela se suicidou.
Prova 1. Apesar de estar com a corda no pescoço,  sua língua não estava toda para fora.
Prova 2. As mãos da vitima,  estava com sinais de que ela esteve amarrada.
No segundo que levantei sua blusa, não precisei de mais nenhuma prova.
Estava multicolorida em hematomas.
Respiro fundo e saio da casa, evitando fazer qualquer coisa errada e precipitada que viria me prejudicar depois.
Olho para minhas mãos coberta por luvas esterilizada e penso no que poderia ter acontecido se Malu não tivesse me acordado a tempo.
Passado alguns minutos,  chega ambulância e perícia para colher informações.
E assim, vou pra casa.
Por mais que eu tenha ciência que estou acordado há mais de 24 horas, eu não consigo desligar.
Minha mente vaga para a mulher que foi morta e para Malu que está em um galpão por rebeldia.
Visto uma calça de moletom e uma regata e saio de casa após calçar um tênis.
O galpão fica próximo a minha casa e por isso vou correndo,  mas minha decepção é visível por não ver Malu por ali.
----- Ela ao menos veio para cá com vocês?
Pergunto a um senhor de idade.
-----Sim, ela nos trouxe e foi trabalhar,  parece que faltou alguém.
Ao que parece não sou o único a negligenciar o tempo de descanso.
Dou meia volta e sigo correndo até a padaria que Malu trabalha.
Ela pode não querer falar comigo, mas preciso ter certeza que ela está mesmo bem.
Malu me olha e automaticamente seu olhar desce por meu corpo.
Sento em meu banco de rotina e aguardo ela vir ao meu encontro.
Malu envia sua amiga Jaqueline que fala em excesso.
------Se você não fosse cliente , saiba que deixaria você esperar sentado.
----Eu fiz alguma pra estar merecendo isso?
------Você sabe bem o que fez safado, cachorro sem vergonha.
-----Foi algo que você inventou Jaqueline?
-----Não sou traíra como você que anda abraçado com morenas por aí.
-----Morenas por aí?
-----Você já sabe o que vai querer?  Ou devo dar mais tempo?
-----Uma água com gás por favor.
Aguardo minha garrafinha de pé no balcão e Malu foge de passar perto de mim como uma criminosa.
"Crime de feminicidio causado por ex marido da mãe,  uma vez que havia sido acusado de estupro."
Esquecendo de meu propósito ali, pego a garrafinha e pago no balcão saindo em seguida do estabelecimento.
Tento puxar na memória algo relacionado a isso, mas a raiva nubla minha mente.
"Senhor CALLEGARI,  poderia por gentileza não atrapalhar o andamento do meu serviço. Ass: Maria Luísa."
"NÃO PODERIA NÃO. VOCÊ PODE ESTAR CORRENDO RISCO DE VIDA E ESTA AGINDO COM TEIMOSIA."
"NÃO SOU TEIMOSA. SOMENTE NÃO ACEITO SER A OUTRA. "
"QUE OUTRA MARIA LUISA? ESTOU CANSADO DE TENTAR ADIVINHAR CHARADAS."
" Eu vi Pedro. E me dói só de lembrar. Você abraçado com aquela morena, horas depois de ter vindo me ver."
" Não fiz isso. Se estou me lembrando bem, você se refere a minha irmã.”
"Irmã? "
"Sim, karoline . Aprontou em Minas e veio pro Rio por alguns dias, até que a poeira baixasse."
"E se for mentira. "
"Estarei as 13 horas ai para te provar que é verdade. Passar bem e bom serviço."

(Concluído) O Outro lado da moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora