Pedro

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#Em homenagem as 5.000 visualizações e mil.votos."

CAPÍTULO 31
Pedro
"O lugar denominado inferno, é individual e é uma simples questão de opinião. "
Acordo e estou em um quarto branco com pernas e braços algemados.
Uma dor latente no meu braço esquerdo,  indica que em algum momento eu fui atingido.
Não entendo o motivo pelo qual não há qualquer um de meus parentes falando pelos cotovelos aqui.
Há apenas um silêncio.
Fecho os olhos  para analisar a situação.
Se eu estivesse em um hospital normal, não precisaria estar algemado, logo algo está mais do que errado.
Lembro dos sonhos que tive e imediatamente me lembro de Malu.
Caramba!
Onde ela está?
O que fizeram a ela?
Ouço uma movimentação do lado de fora e então tem duas pessoas conversando no quarto.
-----Amanhã da pra tirar ele daqui?
----Não é recomendado,  devido a ferida e tal. Precisa de curativos, assepsia ao menos três vezes ao dia.
-----Dr não quero faltar com respeito, mas o senhor está sendo muito bem pago para resolver isso. E então?
O medico gagueja um claro e sai do quarto.
Recebo um tapa na cara.
-----Eu sei que tá acordado babaca.
Abro os olhos e vejo um rosto com cicatrizes próximo do meu rosto. Olho em seus olhos e não estou nenhum pouco intimidado.
----Quem é você?
-----Já nos falamos, não vai me dizer que perdeu a memória?
-----Me refiro ao que você representa,  o que quer?
-----Na sua vida sou um simples nada. Mas sabe Pedro, minha mãe disse que eu não deveria guardar rancores,  mas eu perdi tudo, por causa de terceiros.
-----Velho fala o português declarado. Esse lenga lenga tá enchendo meu saco já.
------Ainda bem que não é meu filho , muito mal criado você.
-----Minha mãe não cometeria uma sandice dessa. Ela ama meu pai e não teria lugar para um merdinha se fingindo de injustiçado como você.
Levo um murro na cara que me fez forçar as algemas,  agora sei o que meu pai sentiu ao levar um murro sem esperar.
Cacete...
-----Não me enche você. Agora vamos ao jogo. Se seu pai precisasse escolher entre sua mãe e você, quem ele escolheria?
-----Minha mãe óbvio.
-----Por quê?
-----Porque estou apenas aguardando o tempo de sair daqui e acabar com a sua raça.
-----Você é muito resmungão. E se ele tivesse que escolher sobre a Malu? Será que a resposta seria a mesma?
Meu sangue ferve ao ouvir o nome das mulheres da minha vida saindo da boca desse verme.
------Sabe CALLEGARI,  a Malu queria trocar de lugar com você. Estou ponderando sobre aceitar. Ela é bonita, gostosa e flexível. Você é feio, chato e resmungão.
-----Não ouse ou te acharei no inferno ou na puta que te pariu.
-----Olha a ofensa. Você não está em muita posição de ameaça. Acho melhor você dormir pra descansar um pouco.
Engulo o ódio.
-----Qual seu nome?
-----Pra que o meu nome Pedro?
-----Eu gosto de saber o nome dos meus inimigos.
-----Stenio. E sabe não perca seu tempo tendo a mim como um inimigo. Você disse sobre me buscar no inferno. O inferno está por todo lado não se esqueça.
Stenio da dois passos e volta de ré, apertando meu machucado.
------Seu filho da puta.
O local ficou latejando e um homem de meia idade entra no quarto me aplicando uma injeção na veia e quando acordei o cenário já era outro.
Um quarto sem janelas, apenas um vitro,  cheirando a mofo e abafado, apenas.
Uma de minhas mãos estavam algemadas o que já era algo.
Não sentia fome, não sentia sede, apenas vontade de sair daqui com urgência.
Quando não temos nada para fazer, o tempo simplesmente para.
Comecei fazendo flexão de braço com o que eu tinha de bom e depois trabalhando a perna.
Era minha única distração.
Em algum momento foi jogado uma garrafinha de água até meus pés.
Bebi o líquido desesperadamente e mantive em silêncio por um tempo para ver se havia alguma movimentação... Algum sinal de onde eu poderia estar.
Nos primeiros segundos apenas o silêncio e depois algumas pessoas falando em gírias e sobre um projeto com o peixão.
Eu precisava de mais informações,  mas não as tive em momento algum.
De repente apago.
Acordo algumas horas depois amarrado a uma cadeira.
Como me arrastaram sem eu perceber?
Que saco!
O bosta do Stenio está a minha frente.
-----Sua tatuagem está errada. Está no corpo errado. Na verdade tu é todo errado, um merda digamos assim. Tu devia me agradecer que estou usando meu dialeto mais chique com você.
-----O que é desnecessário. O que quer dessa vez?
-----Você sabia que essa faca é irmã da sua? Uma Jack kommando, é capaz de fazer picadinho de uma pessoa, mas você sabe disso não é mesmo?
----Sei.
Digo entediado.
Stenio passa a ponta da faca de fora a fora no meu peito e sinto uma dor terrível.
----Não se faz justiça com as mãos, eu pesquisei. Palmas pra mim que fiz o dever de casa.
-----Você é um comédia seu desgraçado.
Digo entre os dentes ainda urrando de dor.
-----O que acha de eu fazer igual seu papai fez em mim. Afinal você já está há 3 dias tomando meu tempo.
-----Você quer ser como o meu pai? Nem mesmo uma cópia barata como voce será capaz de ser como Panelinha já foi. Eu também pesquisei. Eu faço sempre meu dever de casa.
Levo um murro na cara mais uma vez e essa nova dor e bem vinda.
Stenio pega do meu sangue e passa no meu rosto tirando uma foto em seguida.
-----Tem gente querendo noticias suas.
A risada de Stenio assim como ele todo, me causa nojo e gostarei de ver o momento que seu reinado chegar ao fim.
--------
15 dias se passam conforme minha contagem.
A cada dia uma tortura diferente.
Além de passar a faca em mim e me dar murros na cara, o outro hobbies de Stenio é jogar água literalmente gelada em mim.
Tenho certeza que injetaram alguma droga em mim, devido os sintomas.
Me mantendo aqui, Stenio está assinando sua própria cova, assim como me libertar.
O médico vem me visitar e injeta algo na minha veia.
Ao abrir os olhos novamente,  meus braços e pernas estão livres e sinto o cheiro inconfundível de minha mãe.
-----Mãe?
Pergunto ainda de olhos fechados com medo de ser apenas mais uma ilusão da minha cabeça.
-----Oh meu Deus filho.
Minha mãe me abraça e gemo de dor.
-----Ai desculpa filho eu esqueci,  mas é que já fazem três dias que você está desacordado e fiquei com medo.
-----Cadê a Malu mãe?
-----É,  a Malu? É,  é,  é.
E de repente um frio invadiu minha espinha e lágrimas saíram dos meus olhos.
Não sei se quero a resposta.

(Concluído) O Outro lado da moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora