COURAGE - REMUS LUPIN

CAPÍTULO QUATRO

Os treinos de Quadribol do time da Grifinória começaram alguns dias após o surto dos poderes de Aurora. De alguma forma, o diretor Alvo Dumbledore sabia dos seus poderes e das dores que eles poderiam causar, eventualmente. Era a quarta pessoa a ter consciência dos poderes de Aurora, um número que aumentava a cada dia e acabava preocupando a legilimente.

Tudo estava pronto para os treinos de Quadribol no campo de treinamento. A vassoura de Waterhouse já estava arrumada e polida para os treinos e as suas vestes estavam impecáveis.

A garota não podia negar que estava muito nervosa e ansiosa, afinal, era o seu primeiro treino com os antigos artilheiros, batedores, apanhador e goleiro.

Um dos artilheiros do time era ninguém menos que James Potter e Aurora já estava aprendendo a conviver com a sua arrogância e o seu orgulho.

— Aurora! – gritou James de um lado do campo de treinamento. Ele e Sirius estavam sorrindo e de braços cruzados, e James fez um sinal para que Aurora se aproximasse deles.

— O que vocês querem? – ela perguntou e revirou os seus olhos.

— Queremos saber como você foi escolhida para o time de Quadribol. – Sirius comentou, irônico. — O que você andou fazendo para terem escolhido você tão rápido para o time?

— Treinando – ela respondeu com um tom de obviedade.

— Nada a mais do que isso? – ele riu, divertindo-se do momento ao lado do melhor amigo. Aurora leu os pensamentos do garoto e uma sensação de desgosto inundou o seu organismo por completo.

— Você é sínico, Black. – disse Aurora, desgostosa. — As pessoas se arrependem ao pensar que as mulheres não têm um bom potencial como jogadoras de Quadribol.

— Não dissemos que você não tem potencial, Aurora. – James se defendeu com os braços cruzados em frente ao corpo.

— Mas pensaram.

Aurora murmurou as duas palavras e deixou James e Sirius extremamente confusos.

— O que ela quis dizer? – James perguntou para Sirius. Ele apenas mexeu a sua cabeça para os lados para afirmar que não havia entendido o murmúrio de Aurora.

A garota se sentiu chateada com a primeira impressão das pessoas sobre o fato de ser a nova artilheira da Grifinória. Era horrível quando pensavam que uma mulher teria de se envolver com o capitão do time para conseguir uma vaga de artilheira. Aurora tentou afastar todos aqueles pensamentos de sua cabeça e se concentrou no treino.

— Seja bem-vinda, Aurora. – o goleiro cumprimentou Aurora após o discurso do capitão ao apresentá-la para os outros jogadores.

James estava desprezando as boas-vindas à nova artilheira com os olhos flamejantes por desdém. Ele não parava de olhar com desgosto para a garota e a sua vassoura.

— Obrigada. – ela sorriu.

— Tudo bem, nós temos uma nova artilheira mas precisamos treinar muito. O jogo está chegando e não podemos perder para Sonserina. – James interrompeu o assunto. Ele estava ligeiramente nervoso — Eu não vou aguentar eles me infernizando durante mais um ano.

— Está precisando aprender a perder um pouco. – o apanhador deu risada.

— Nós perdemos para eles durante os últimos quatro anos.

— James está certo. Nós precisamos treinar para ganhar e não para perder por mais um ano. – Aurora concordou com o garoto. Ele se surpreendeu ao ouvir as palavras da menina.

— Estão vendo? Vamos treinar.

O treino foi assistido por alguns alunos da Grifinória, incluindo Lily, Marlene, Sirius e Remus. Todos gritavam algumas palavras de incentivo para os jogadores, algo que garantia uma onda de motivação, principalmente para Aurora.

Em muitas vezes no alto do céu com a sua vassoura, Aurora conseguia fitar os olhos em pessoas específicas e percebia que Remus dividia-se em duas tarefas: desenhar algo em um pergaminho e olhar para Waterhouse, sem parar.

Após o treino, Aurora se dirigiu para junto dos alunos da Grifinória que assistiam o mesmo. Remus se sentiu extremamente encabulado ao ver que a garota havia sentado ao seu lado e guardou o seu pergaminho imediatamente ao perceber que ela estava lhe observando muito.

— Por que escondeu? – ela se perguntou enquanto Remus tentava disfarçar o seu nervosismo, apesar de saber que Aurora conseguia ler até mesmo os seus sentimentos.

— Você quer ver? – Remus não ousou em mentir e Aurora concordou com a sua cabeça — Não fique brava comigo. – ele tirou o pergaminho de seu bolso e mostrou para a garota ao seu lado.

Ele lhe entregou o pergaminho e a garota percebeu alguns arranhões e mordidas em seu braço. Ela se assustou ao ver o seu braço naquela situação mas deu atenção ao pergaminho. O mesmo se tratava de um desenho de Aurora montada em sua vassoura durante o treino.

— Ficou lindo. – ela sorriu e estendeu para Remus o seu pergaminho. Ele se negou a pegá-lo e deixou Aurora ficar com o seu desenho — Obrigada.

— Aurora.

— Diga.

— Por que não me perguntou sobre as marcas em meu braço? – ele falou em um tom baixo.

A pergunta de Remus assustou Aurora, que não sabia como respondê-la.

— Não queria me intrometer. – ela gaguejou — Não precisa se preocupar. Eu ainda não li a sua mente para descobrir o que são esses arranhões e essas mordidas.

— Não? – ele ficou surpreso — Mas, você disse que não conseguia se controlar.

— Não consigo se você continuar me deixando curiosa para usar os meus poderes. – sussurrou.

— Eu entendo. – Remus abaixou o seu olhar e Aurora sentiu a sua vergonha mesmo sem ter lido os seus sentimentos.

— Eu não quis ser grossa com você. – a garota se explicou — Não gosto de descobrir os segredos das pessoas com a legilimência. Eu gosto de saber quando elas me contam.

Ela não desejava ter feito isso mas havia mentido para Remus em relação às marcas em seu braço. Aurora sabia bem do que se tratava mas não queria se manifestar para não preocupar o garoto. Na noite em que leu a memória de Remus, ela descobriu a presença da licantropia em seu corpo.

Aurora se levantou do lado de Remus e se despediu de todos os alunos presentes, menos de James Potter e Sirius Black. Ela apanhou a sua vassoura e os seus outros pertences e se dirigiu para o castelo, a fim de descansar um pouco na sala comunal da Grifinória.