CAPÍTULO CINQUENTA E UM

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A mão fria da garota de cabelos amarronzados se chocou com a mão de sua mãe, entrelaçando os dedos. Hope abriu vagarosamente os olhos e afastando o peso das pálpebras cansadas, ela se virou para olhar Aurora. A mulher apresentava um semblante de preocupação e exaustão, ambos em excesso.

— Onde estou? – disse Hope, com a voz rouca.

Aurora ficou tão aliviada que ela havia acordado que nem hesitou, saltou da poltrona imediatamente e apertou fortemente a mão da menina. Segundo uma das enfermeiras do hospital, Hope sofreu graves danos devido à maldição e não se recordaria de acontecimentos recentes.

— Você não se lembra de nada?

Hope olhou em volta, balançando a cabeça em sinal de negação. Enquanto Remus e Aurora se entreolharam com um ar de tristeza, a jovem analisou o estabelecimento, reparando em cada detalhe.

Era uma enfermaria. Pequena e um tanto escura, a única janela era estreita e ficava no alto da parede oposta à porta. A maior parte da iluminação vinha de bolhas de cristal agrupadas no meio do teto. As paredes eram forradas de painéis de carvalho, e havia nela um retrato de um bruxo de aparência maligna.

— Eu só me lembro de ter saído da escola para ir a algum lugar. – ela explicou, recostando-se em dois travesseiros da cama.

A mulher se encontrava sem forças para explicações sobre o dia anterior. Ela era incapaz de lembrar do assunto sem desabar em lágrimas, e falar sobre a morte do melhor amigo piorava ainda mais a situação emocional.

— Aconteceu algo ruim. – disse Remus, a voz cansada — Você e os seus amigos tentaram salvar uma pessoa e acabou sendo atingida por uma maldição.

— Eu me lembro de ter saído da escola. – a menina colocou a mão na nuca, fazendo uma careta devido a dor no local — Harry precisava de ajuda para ir atrás de Sirius. Ele estava sendo torturado.

— Foi uma emboscada. – Remus engoliu seco.

Os olhos de Aurora se fecharam com lágrimas sorrateiras, ameaçando derramar as mesmas à qualquer momento. Um silêncio profundo durou por um minuto na enfermaria até ela sair para o exterior do quarto. A menina soube naquele momento que não se recordava de uma situação muito ruim ter acontecido nos últimos dias.

— Por que a mamãe está assim? – ela perguntou em um tom tímido — Nós conseguimos ajudar ele?

— Infelizmente não. – Remus ajoelhou-se ao lado da cama — Ele foi atingido em um duelo fatal.

— Não. – Hope sentiu os olhos marejados de lágrimas. A única força restante se esvaziou completamente de seu corpo - Não pode ser verdade. Ele não morreu.

— Eu sinto muito mesmo. – Remus acariciou a palma da mão da menina com o polegar direito — Nós não conseguimos ajudar.

— Por quê? – ela choramingou — Ele era uma pessoa boa. Por que essas coisas apenas acontecem com pessoas boas? E se acontecer algo conosco?

O homem sentiu um peso atingir completamente o seu coração. Ele a abraçou, acariciando lentamente os cabelos da menina enquanto se controlava para não chorar ao ouvir as lamentações.

— Eu estou com medo. – Hope disse em meio aos soluços incessantes — Por que tudo tem de ser complicado dessa maneira?

— Não é culpa de ninguém. – Remus a apertou em um abraço mais forte — Eu e a sua mãe estamos com você. Os seus amigos e o seu namorado estão aqui por você também.

— E se algo acontecer com vocês? – Hope se soltou, encarando o homem. Ela continuava com lágrimas nos olhos.

— Não vai acontecer nada de ruim conosco. – ele engoliu seco — Eu posso até prometer se você quiser.

COURAGE - REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora