CAPÍTULO DOIS

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À medida que a noite gelada de inverno se aproximava do castelo de Hogwarts, a maioria dos alunos estavam se reunindo nas comunais de suas casas. Assim que Aurora terminou o seu jantar no Salão Principal, ela se despediu de Severus Snape e caminhou até a comunal da Grifinória.

— Boa noite! – a Mulher Gorda no quadro da entrada da comunal cantou de um modo totalmente desafinado — Para entrar na comunal, a senha é preciso dizer.

— Cabeça de dragão.

A porta para a comunal da Grifinória se abriu para a entrada de Aurora. Marlene e Sirius estavam correndo um atrás do outro em volta de um sofá e pararam ao perceber a presença da garota de cabelos loiros e ondulados.

— Se você não devolver o meu pergaminho com a lição de Astronomia, você vai me pagar caro. – Marlene empurrou Sirius no sofá — Ele é um idiota, Aurora.

— Quer estragar ainda mais a minha reputação com a Aurora? – ele deu um sorriso de lado.

— Não se preocupe, Sirius, você não tem uma reputação a zelar comigo. – ela se sentou em uma poltrona perto da lareira da comunal — Ainda mais depois da ameaça que me fez hoje nos Três Vassouras.

— Sirius. – Marlene se surpreendeu e cruzou os seus braços — O que você fez?

— Eu não fiz nada. – ele riu — Ela estava andando com o Snape e eu só lhe dei um conselho. Não foi nada demais.

— Não esqueça de mencionar o jornal que deixou na minha mesa com a notícia de trouxas assassinados.

— Não foi nada demais? – Marlene berrou e Sirius cobriu os seus ouvidos com uma almofada vermelha e com o símbolo da Grifinória — Diga-me! Você ameaçou uma das minhas amigas e ainda diz que não é nada demais? Você só pode estar louco! – ela continuou com os seus gritos histéricos e arrancou a almofada da mão de Sirius para bater nele.

— Marlene, não precisa gritar comigo. E nem me bater! – ele pegou a almofada de volta das mãos da garota — A minha intenção não era ameaçar a Aurora. Eu não sou assim.

— Não me importo, Sirius. E além do mais, você não pode sair dando conselhos para as pessoas que andam com outras só porque você as julga como perigosas. – ela arrumou o seu cabelo bagunçado — Se ela quer andar com qualquer pessoa que seja, você não deve se intrometer nisso. Está me entendendo?

— Eu avisei, Sirius.

Remus Lupin era o portador da voz vindo da direção da escada que levava todos os grifinórios aos seus respectivos dormitórios. Ele estava segurando vários livros e desceu as escadas até a sala. Provavelmente, ele estava tentando estudar mas a bagunça de Marlene e Sirius estava o atrapalhando.

— Não seria mais agradável se vocês deixassem eu contar a minha versão da história? – Sirius se irritou com a fala de seu melhor amigo.

— Vá em frente. – Aurora apoiou as mãos nos braços da poltrona.

— A minha intenção não era te ameaçar ou te ofender. Eu apenas estava tentando proteger uma das pessoas que são importantes para a Grifinória e para uma pessoa próxima de mim. – Sirius se explicou e olhou para Remus.

— Não olha para mim. – Remus se aproximou da minha poltrona — Sirius Black!

— Se você quiser, ainda dou mais detalhes sobre a pessoa próxima. – Sirius riu.

— Eu vou matar você.

— Isso que é uma ameaça, Aurora. – Sirius comentou e apontou para o seu amigo ao meu lado — Eu vou descansar para preservar a minha beleza. Com licença. — ele se levantou do sofá.

Marlene e Sirius subiram as escadas até os dormitórios. Remus aproveitou o sofá maior que agora estava livre devido à saída de McKinnon e Black e se deitou. Aparentemente, Waterhouse e Lupin eram os únicos alunos acordados na sala comunal da Grifinória.

— Não vai dormir? – Aurora perguntou para ele.

— Não estou com sono nos últimos dias. – ele escondeu o seu rosto com a mesma almofada usada por Marlene para bater em Sirius — Além disso, eu ainda preciso terminar o meu trabalho.

— O trabalho de Defesa Contra as Artes das Trevas não é a sua única preocupação.

A frase havia saído da boca de Aurora com facilidade e não era exatamente o que ela pretendia dizer para Remus. Poucos sabiam, apenas Severus e Dorcas, mas, há um ano atrás, Aurora descobriu alguns dotes de telepatia. Este segredo era guardado a sete chaves por Aurora e seus amigos, mas momentos de distração ocorriam e ela dizia informações reveladoras sem a sua percepção.

— Como você sabe que eu tenho um trabalho dessa matéria para fazer? – Remus se assustou e sentou no sofá — E como não é a minha única preocupação?

— Desculpa, eu não queria assustar você.

— Você não me assustou. É só um pouco estranho você saber de todas essas coisas.

— Não conta para ninguém. Por favor. – ela falou em um tom mais baixo — Eu acabo deixando escapar algumas coisas comprometedoras sobre mim e eu fico sem opção a não ser contar sobre o meu dom de ler o pensamento das pessoas.

— Isso é incrível! – ele gritou. Logo percebeu a sua atitude errada e colocou as mãos sobre a boca — Eu juro que foi sem querer. – ele deu uma risada boba e fechou os seus olhos ao mesmo tempo.

— Não tem problema. – Aurora riu — Eu tenho medo de que acabem descobrindo porque esses poderes vieram da minha bisavó e eu não quero ter o seu mesmo destino.

— O que aconteceu com a sua bisavó?

— Fogueira.

— Sinto muito. – ele mordeu levemente o seu lábio inferior e passou a mão direita em seu cabelo — Eu não vou contar nada para ninguém. Nós não somos muito próximos mas eu sou de confiança.

— Obrigada. – sorriu.

— Apenas por curiosidade, eu queria saber qual foi a preocupação que você leu em minha mente.

— Você está preocupado com a noite de Lua cheia. – a garota leu novamente os seus pensamentos. Remus pensava em um lobisomem uivando em uma noite de Lua Cheia. Um dos outros problemas de ler a mente das pessoas era a dor sentida por realizar esse feito poderoso. As suas mãos começavam a tremer, a sua cabeça a doer e o seu coração a acelerar.

— Você está bem? – Remus colocou a sua mão em seu braço. Com o seu toque, ele conseguiu interromper a leitura mental — Não está nada bem. Você precisa ir para a enfermaria. – ele falou e Aurora sentiu um líquido quente escorrendo abaixo do nariz.

— Eu vou ficar bem. – ela segurou em sua mão que tocara o braço em um ato precipitado. Ele estava um pouco assustado e preocupado com a situação — Eu preciso dormir agora.

— Não quer mesmo ir para a enfermaria? Ou alguma ajuda? – ele perguntou de novo.

— Não, Remus. Eu agradeço pela sua preocupação mas o melhor a se fazer agora é subir para o dormitório e descansar um pouco. – ela se levantou da poltrona e caminhou até o começo da escada que levava aos dormitórios da Grifinória.

— Tudo bem. – Remus falou — Aurora. – ele causou a parada da garota no segundo degrau da escada ao falar o seu nome — Melhoras. — ele apontou para a menina de cabelos áureos.

— Muito obrigada. – ela sorriu e sentiu uma ardência em suas bochechas, comprovando a sua timidez.

COURAGE - REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora