Após arrancar as telhas caídas da Casa dos Gritos, os dois adolescentes do sexto ano da Escola de Magia e de Bruxaria de Hogwarts caminharam até a única saída escondida do lugar, que era considerado assombrado pelos moradores do único vilarejo inteiramente bruxo da região.
— Eu me lembro perfeitamente da última vez em que eu confiei em você, Sirius.
— Não começa, Aurora.
— Você me beijou e Remus quebrou o seu nariz. Eu garanto que não foi uma boa experiência, vocês passaram vergonha na frente dos outros alunos. – a garota falou rapidamente sobre o incidente do beijo roubado.
— Você quer me fazer o favor de ficar quieta? – Sirius sugeriu com um tom sarcástico.
— Não.
— Aurora, não me lembre do meu passado.
— Por quê? Ele te assusta? – Aurora riu.
Sirius não respondeu a sua melhor amiga por conta de sua impaciência e eles continuaram a caminhar embaixo da chuva incessante que caía sobre a Casa dos Gritos, que estava um pouco destruída devido a ventania e aos raios. Desde criança, Aurora cultivava um pavor de raios e trovões, mas tentara esconder um pouco nos últimos momentos ao lado de Sirius.
— Nós devíamos reconstruir a Casa dos Gritos com um feitiço. – sugeriu Sirius ao avistar a saída escondida da casa abandonada.
— Nós vamos reconstruir ela. – Aurora concordou e retirou a sua varinha do bolso de sua jaqueta. Eles saíram da casa e um trovão ecoou sobre os seus ouvidos — Que susto!
— Você tem medo de trovões?
— Não.
— Não precisa esconder as coisas de mim, Aurora, eu sou seu melhor amigo.
— Você mente muito bem. - ela fez uma entonação em sua fala, lembrando-se de situações ocorridas em um passado recente.
— Às vezes, eu sou um babaca com você mas é totalmente normal. O ser humano é falho. – Sirius piscou em direção à Aurora. A garota revirou os seus olhos diante de sua atitude ridícula — Você tem medo?
— Sirius. – Aurora fechou os seus olhos para conter a sua irritação.
— O que foi?
— Não enche a minha paciência! — ela gritou e chutou a canela da perna de Sirius.
— Você precisa se comportar como uma criança de dez anos? – ele gemeu por conta da dor intensa na região atingida pelo chute.
A alguns metros da Casa dos Gritos e da discussão de Sirius e Aurora, Remus mordia o seu braço para aliviar a tensão de sua transformação na Lua Cheia.
Estar em uma transformação sem os seus amigos em suas formas animagas era um trilhão de vezes mais doloroso e complicado, e Remus corria o risco de ferir outras pessoas em Hogwarts e no vilarejo de Hogsmeade.
Apesar de todos os sentimentos e sensações, o maior medo de Remus era ser visto por Aurora naquela circunstância, justamente por esse motivo que ele havia corrido para o mais longe possível de sua namorada.
— Remus!
— Remus! Você está por aí?
— Não venham até mim! – Remus gritou com a voz fraca e entre soluços rápidos. Ele lacrimejou ao olhar as marcas de mordidas sangrentas em seu braço e soltou um grito de aflição — Eu sou um monstro!
— Ei, ei! Calma! – Sirius avistou Remus encostado em um canto empoeirado de uma casa abandonada em Hogsmeade. Ele se ajoelhou ao lado de seu amigo ao confirmar que Remus não se encontrava em sua forma lupina — Você se machucou muito.
— O que você esperava de um maldito lobisomem?
— Remus. – Aurora desabou em lágrimas ao ver os machucados do garoto e se ajoelhou em sua frente junto à Sirius. Ela segurou as mãos do seu namorado com cuidado — Não fale assim de si mesmo.
— Eu confundi os dias da transformação. Eu não sirvo nem para lembrar datas! – ele exclamou — Sinceramente, Aurora, o que você viu em mim?
— Seres humanos são falhos, Remus. – Sirius repetiu a sua frase nem um pouco filosófica e inspiradora e Aurora escondeu um riso agudo — Você não é um monstro. Imagine se todas as pessoas do mundo pudessem ter um monstro como você na vida delas, eu tenho certeza de que todas elas seriam muito felizes.
— Eu odeio concordar com o Sirius, mas ele está certo. Você é um ser humano incrível mas todos nós cometemos erros e você não é um monstro apesar de insistir nessa ideia ridícula.
— Nós não podemos ficar muito tempo sem levar ele na enfermaria.
— Eu não quero voltar para o castelo, não agora. Eu preciso de um tempo para me recuperar dessa transformação.
— Precisa de um tempo a sós ou a nossa companhia é bem-vinda?
— Não faça uma pergunta sem noção desse jeito.
— Eu tenho um pequeno medo da reação das pessoas diante de algumas situações, é por esse motivo que eu faço perguntas sem noção.
— Você acabou de dizer algo totalmente sem sentido, Sirius.
Sirius ignorou a opinião de Aurora e se reservou em um canto isolado da casa abandonada, deixando a garota e Remus a sós. Ela se sentou ao lado de seu namorado e notou o seu rosto cheio de arranhões, assim como os seus braços.
— Você correu um enorme risco para vir atrás de mim – Remus secou algumas lágrimas caídas sobre as suas bochechas arranhadas. Aurora bateu lentamente em seu ombro e Remus descansou a sua cabeça na curva de seu pescoço.
— Eu fiquei preocupada com você. – Aurora pousou a sua mão direita nos machucados do rosto de Remus — Quando alguém sai correndo em sua frente sem dizer nada, é normal ficar preocupada, ainda mais se essa pessoa for o seu namorado.
— Obrigado por não desistir de mim.
— Eu assumi a responsabilidade ao aceitar o seu pedido de namoro.
— Muito engraçada.
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COURAGE - REMUS LUPIN
FanfictionEm meados da década de 1970, a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts se tornou a segunda casa de Aurora Waterhouse, uma nascida-trouxa que tinha sido agraciada por uma habilidade conhecida como legilimência. Pertencente à Grifinória, a bruxa se enq...