O acampamento dos refugiados acordou com os gritos de Hati:
– Crias-das-trevas! Estamos sendo atacados!
Com a memória do massacre da noite anterior ainda fresca em suas mentes, a reação do povo de Pedralar foi rápida e intensa: puseram-se em pé e acordaram os vizinhos mais lentos, começaram a chorar e a buscarem abrigo no único local que os receberia, o Coro Andrastiano. Hati, enquanto os observava, enchia um balde com a água do córrego que cortava Lothering. Ele o carregou então até a saída da cidade, onde três corpos mutilados de crias-das-trevas, Adrian, Cornelia e Sir Varnell o aguardavam. Enquanto o cavaleiro templário usava a água para lavar o sangue preto de seu rosto, os outros dois cavaleiros da ordem tiveram tempo de alcançá-los. Sir Bryant e seu comandado brandiam espadas e escudos, e Sir Maron também carregava o escudo em forma de gota de Varnell. Nenhum, contudo, usava armadura, e estavam portanto suscetíveis a ferimentos.
– De qual direção vieram? – Sir Bryant perguntou antes mesmo de parar diante dos corpos.
Adrian se empertigou diante do comandante da guarnição templária, segurando a espada ao lado do corpo como um guerreiro pronto a ir para a batalha.
– Do oeste, além do moinho. Nós matamos estas, mas também ouvimos gritos vindos do rio.
– Ouvimos um corpo caindo na água. – falou Cornelia, cansada. A maga se apoiava debilmente em seu cajado e visivelmente precisava descansar – Me desculpem, mas eu não consigo mais lutar. Vou ficar para trás.
Sir Maron colocou a mão em seu ombro e assentiu, reconhecendo seus esforços.
– Você pode nos ajudar mantendo os refugiados calmos e sob controle.
Sir Bryant concordou e acrescentou:
– Faça com que os homens peguem em armas para defenderem suas famílias mas os leve para dentro do Coro. A madre também deve ser alertada. Nós cuidaremos das crias-das-trevas.
Adrian sentiu-se envergonhado e muito pouco heroico ao dizer:
– Também precisamos ir atrás de Peoth, Sir. Ele abriu a porta da jaula para fugirmos das crias-das-trevas e escapou assim que pisou do lado de fora.
– Nós pegaremos o assassino mais tarde. – declarou o comandante, o semblante determinado. – Primeiro temos que enfrentar a ameaça maior. Bem sabem os guardiões cinzentos que a Mácula deve ser expurgada antes de qualquer coisa. Sigam-me!
Cornelia seguiu para o Coro enquanto os outros cinco deixaram o cercado de Lothering e contornaram o Refúgio de Dane por trás. Uma iluminação parca vinha de cada janela, onde os clientes hospedados tentavam descobrir o que se passava do lado de fora. Hati acendeu uma tocha para iluminar o caminho, por ser o único do grupo que não portava escudo. Mesmo assim, por medo de emboscadas, Sir Bryant não deixou que ele saísse de trás da fileira de templários, o que reduziu a visibilidade do grupo.
O Refúgio de Dane deu lugar a casas amontoadas e a uma faixa de terreno arado antes de chegarem ao rio Drakkon. Uma forma branca flutuava lentamente no sentido da correnteza; o cadáver da vítima que ouviram ser morta. Os galhos das árvores do outro lado e os juncos de ambas as margens balançavam como se a própria floresta quisesse fugir. Não havia, contudo, sinal das crias-das-trevas.
– Alguém da patrulha. – Sir Maron apontava para o cadáver boiando. – Ainda usa o capacete de couro que demos para a milícia.
– Temos que matar esses desgraçados. – Sir Varnell rangeu os dentes, furioso.
Continuaram a acompanhar a curva do rio, que abraçava Lothering e ocultava suas águas em sombras e sob a vegetação que crescia a partir da água.
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Ossos Quebrados [Dragon Age] [Completo]
Fantasy*Baseado na série de jogos Dragon Age* O mundo esteve perto do fim quatro vezes, e o quinto Flagelo se aproxima. Hordas de crias-das-trevas abrem caminho pelas profundezas da terra trazendo consigo morte e desolação. Diante dessa ameaça uma maga, um...