Ossos Quebrados [Dragon Age] [Completo]

Demônios - Parte VII

— Você mesmo a escutou, menino. Agora acredita? — A luta interna de Bjarka para não gritar com ele era perceptível. As mãos cerradas balançavam ao lado do corpo e sua agitação contaminava Mabel, que andava ao seu lado com as orelhas em pé.

Hati ia à frente, em direção ao poço da vila. Sua aljava pendia no ombro esquerdo e as mãos trabalhavam na corda do arco, atando-a à estrutura de madeira. Se tudo fosse como Bjarka dizia logo precisaria usá-lo, mas o quanto podia confiar nela e em Sara?

— Só vou acreditar quando falar com Cornelia ou Sir Maron.

Bjarka o alcançou, bufando.

— Cornelia está ocupada agora, não entendeu? Ela e Sara estão segurando a Coisa pra que você e seu cavaleiro possam salvar seu amigo.

Os braços de Hati ficaram arrepiados somente de imaginar o confronto.

— Você disse que Sir Maron estaria por aqui, mas não o vejo. Quero falar com ele.

Bjarka tocou a cabeça de sua companheira.

— Mabel? Consegue sentir o fedor do mata-magos?

A mabari bufou e saltou adiante, o focinho erguido farejando o ar enquanto trotava colina abaixo, parando ao chegar no poço. Ela ergueu-se nas patas traseiras e apoiou as dianteiras no muro de pedra, latindo animada.

Os dois se entreolharam

— Ele entrou no poço sozinho?

— Ele é maluco! — a guerreira esbravejou.

Os dois correram para alcançar a mabari e, dentro do poço, estava Sir Maron.

O templário estava com sua armadura completa, desde as botas reforçadas até o peitoral de aço. Terminava de atar o escudo no braço esquerdo quando os notou. Sir Maron endireitou os ombros, espiando-os através da abertura estreita de seu elmo, a voz ecoando lá de dentro.

— Veio me ajudar, Hati? Ou também está do lado da apóstata?

Hati olhou para Bjarka, que mostrou os dentes.

— Ele não aceita que Sara possa fazer o bem de uma maneira que seu Coro não aprova.

— Foi ela quem trouxe o demônio para cá. — Ele baixou a cabeça. — Ela conseguiu corromper Cornelia. Mas é por isso que preciso de sua ajuda para resgatar Adrian, que o Criador o proteja. Você vem?

— Sim. — Hati não precisou pensar duas vezes, mesmo que essas histórias de demônios o amedrontassem. Ele olhou para Bjarka. — Você vem conosco?

Ela forçou uma risada exagerada.

— Claro que não! Preciso cuidar de Sara, não sou sua babá!

Hati a puxou pelo braço para longe do poço, onde Sir Maron não os veria nem ouviria.

— Bjarka, ajude a nós dois, por favor! Sara e Cornelia não precisam da nossa ajuda lá. O que nós podemos fazer nos metendo nos assuntos de magas?

— O que eu faço ou não não é problema seu.

— É sim! — ele a segurou pelos ombros. — Não sei que tipo de criaturas vamos enfrentar lá embaixo, mas tenho certeza de que temos mais chance de sair com vida se você nos ajudar. Se falharmos, o que quer que Sara e Cornelia estiverem fazendo terá sido em vão. — Ele respirou fundo. — Se esse demônio vencer, se voltará contra todos vocês.

Bjarka o encarou com olhos inquietos.

— Eu sei que você odeia Sir Maron, mas não é por ele que estamos lutando, é para salvar Adrian. Se Cornelia, que foi capaz de usar magia de sangue, está lutando por ele, e se Sara, a quem Sir Maron vê como uma apóstata digna de morrer, também está se esforçando, por que você não o faria?