Sir Maron soltou a corda e mergulhou na água translúcida. As bolhas de ar giraram em torno de seu corpo e flutuaram para romperem-se na superfície, iluminadas pelo sol a pino. A água do poço estava gelada e os músculos do templário contraíram involuntariamente.
Era difícil nadar naquelas condições. Seus pés batiam sem parar, os braços moviam-se de cima para baixo, mas o escudo preso às costas e a espada na cintura puxavam-no para baixo quase na mesma intensidade e, quando finalmente emergiu, seus pulmões queimavam sem fôlego.
— Como está aí? — Adrian gritou da borda do poço.
Sir Maron tirou o cabelo do rosto e, movendo os braços na superfície para manter-se flutuando, gritou de volta:
— De gelar os ossos!
As risadas vindas de fora do poço ecoaram até a água, reverberando na rocha lisa das paredes e se repetindo sem cessar. Sir Maron também riria se conseguisse parar de bater os dentes
— Então posso descer? — Olhando-o debaixo, Sir Maron achou que o sorriso de Adrian era de ansiedade. O cavaleiro gesticulou para que pulasse e se afastou de onde Adrian poderia cair, nadando mais para o centro do poço. — Tudo bem, então lá vou eu!
Sem hesitar, Adrian subiu no muro e jogou-se para a água.
A queda não levava nem um segundo, mas parecia muito longa quando se estava caindo. Ele entrou com os pés primeiro e afundou de uma só vez, jogando uma onda contra o cavaleiro. Os homens e mulheres de Poçofrio, cercando as beiradas do poço, vibraram com o salto.
— Que fria! — Adrian gritou ao emergir, novamente espirrando água. Seu queixo começou a bater na mesma hora, e os dois começaram a rir de sua situação.
— Eu disse. — Conforme as risadas passavam, o templário foi lembrado do que vieram fazer ali. — Então, quer me ajudar a procurar terra firme?
Sir Maron virou-se para a extremidade oposta do poço. Os meninos com quem conversaram antes de descer, dois adolescentes com cara de que se metiam em enrascadas com frequência, o informaram de que a fonte de água da vila não era apenas um poço de proporções descomunais, mas uma caverna cheia d'água, com porções secas e passagens que se aprofundavam na terra. Agora que podia observar, o interior era muito diferente do que se esperava vendo de fora. Quanto mais aprofundava, mais largo o poço ficava, formando um teto que nunca recebia a luz do sol e onde centenas de pontos azulados brilhavam como estrelas, mesmo que lá em cima ainda fosse dia.
Sir Maron nadou para essa sombra e Adrian o seguiu.
— O que é isso? — Olhava na mesma direção que seu mentor. — Um inseto brilhante ou outro bicho?
— Lyrium, talvez. — ponderou o templário. Se estivesse certo, seria ainda mais provável que a estranheza de Poçofrio se devesse a algo sobrenatural. — Não sei. Vamos achar um lugar seco e podemos pensar melhor.
Sir Maron começou a nadar para uma das margens, mas Adrian ficou para trás.
— Espere um pouco. — Parando no centro do poço, gritou aos aldeões: — Podem jogar! — Ele se afastou com três braçadas e logo uma corda veio abaixo, com um balde amarrado na ponta. Adrian desamarrou a corda e nadou até Sir Maron com o balde sob o braço
— O que você tem aí? — perguntou para dar-lhe a satisfação de revelar a surpresa.
— Uma tocha e pederneira, pra enxergarmos nosso caminho. Os meninos trouxeram enquanto você descia, e disseram que vai ajudar na caminhada.
— Caminhada? — ele questionou, e Adrian apontou para um ponto às suas costas.
— Acho que nosso caminho é por aí.
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Ossos Quebrados [Dragon Age] [Completo]
Fantasy*Baseado na série de jogos Dragon Age* O mundo esteve perto do fim quatro vezes, e o quinto Flagelo se aproxima. Hordas de crias-das-trevas abrem caminho pelas profundezas da terra trazendo consigo morte e desolação. Diante dessa ameaça uma maga, um...