dead

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Youngjae

Tão rápida quanto a dor viera, ela foi embora. Num momento, eu estava me contorcendo, e no outro já não sentia nada. Não havia peso algum em meu corpo, era como se eu estivesse flutuando, livre da gravidade.

Ao meu redor, havia um ambiente tingido total e inteiramente de branco. O ar estava calmo. Eu estava calmo.

Em um reflexo, toquei minha costela recém atingida, reparando a ausência da perfuração e minhas roupas que se tratavam de um conjunto de shorts e camiseta branco.

Onde raios eu estava?

Tentei tocar os pés no chão, mas eu não conseguia me manter assim, sempre era levado a flutuar.

Meio que nadei mais adiante, na direção de uma forte luz que estava a frente. Ok que a primeira indicação que te fazem é que não vá em direção à luz, entretanto, minha curiosidade falava mais alto.

Já bem próximo da luz, vi a silhueta de um homem meio idoso virado de costas para mim. Meu coração se apertou.

Eu reconheceria aqueles ombros largos em qualquer lugar.

- Vovô! - gritei, correndo até ele e pulando em seus braços ao que se virou para mim.

- Meu filho! - exclamou, abraçando-me na mesma intensidade em que o apertava em meus braços.

- Que saudades, vovô! - confessei, as lágrimas já inundando meus olhos.

- Eu sei, meu rapaz. Também senti muito a sua falta. Perdão por ter ido assim tão de repente.

- Por que me deixou desse jeito, vovô? Me deixou sozinho pra enfrentar as loucuras da mamãe.

- Oh, o que minha filha te fez dessa vez? - perguntou, enquanto acariciava meus fios.

- Ela me colocou na Seleção para subir de casta e ganhar dinheiro.

- Ela sempre apreciou muito o dinheiro mesmo. Nem me surpreendo. Perdão pelas atitudes dela. Às vezes seu interesse sobe demais à cabeça.

- Sei bem disso. - concordei, logo saindo de seus braços, o semblante que pintava meu rosto era desesperado. - Vovô, e...eu estou morto?

Ele acariciou minhas bochechas molhadas por lágrimas - ato que fazia sempre que queria me acalmar - e deixou um beijo em cada uma delas antes de dizer algo.

- Não, meu filho, você não está morto. - ele passou a caminhar lentamente para frente, indicando que eu o seguisse - Você está, nesse momento, passando por um procedimento cirúrgico para desalojar a bala da sua costela.

Ele parou em frente a parede lateral do ambiente em que estávamos, que se assemelhava à um corredor tendo em vista sua longitude.

Na superfície, algo como um telão invisível, o mostrava anestesiado sobre uma mesa cirúrgica, todo aberto e vulnerável às ações dos médicos ao seu redor.

- Se não estou morto, como posso ver o senhor?

- Sou a pessoa que você mais ouve e ama, Youngjae. Estou aqui para impedir que desista de lutar.

The Selection • 2JaeOnde histórias criam vida. Descubra agora