II

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- Vou chamar Aisha e saímos. - Leandro voltou para o quarto e tomou cuidado para não pisar em ninguém que continuava dormindo, se abaixou ao lado de Aisha. - Aisha! - sussurrou enquanto acariciava o rosto da garota que desejava. Aisha se mexeu um pouco e abriu os olhos sorrindo. Ele se afastou e esperou ela se espreguiçar. - Temos que ir. - ele fez uma pausa - Agora.

Leandro estendeu a mão enquanto Aisha procurava algo para se apoiar.

- Obrigada. - sussurrou enquanto agarrava a mão de Leandro.

Leandro tinha dois anos a mais que Aisha. Era um ruivo alto e forte com um sorriso alegre, seus olhos azuis eram lindos e cativantes. Os dois caminharam para fora do quarto e Aisha fechou a porta atrás de si olhando para o restante deles.

Nada me deixou mais ansiosa do que saber que íamos sair.

- Prontos? - Papai introduziu, todos assentiram, fiz o mesmo e caminhei ao lado de Leandro. Foi Marcos quem falou assim que chegamos na entrada do abrigo. Eu já sabia o que fazer, tinha passado a noite montando uma desculpa boa o suficiente para sair e verificar se era seguro respirar lá fora.

- Do meu grupo. Quem se habilita a ir? Também quero um voluntário do grupo de Alessandro. - respirei fundo e ergui o braço. Leandro levantou o braço em seguida.

- Você não irá! - a voz que soou irada veio de traz. Girei apenas o suficiente para ver o olhar ameaçador de meu pai.

- Irei. Pode abaixar a mão Leandro. Sou neta do dono do abrigo! Sou responsável pela segurança dos meus. Posso ter nascido mulher, mas isso não me faz mais fraca e estou disposta a arriscar minha vida pela dos meus. - limpo a garganta - Quem irá comigo? - Leandro agarrou meu braço e me puxou para trás.

- Eu irei Aisha, não torne as coisas difíceis. - seu olhar era severo. Puxei meu braço de seus domínios.

- Não. Eu irei, está decidido! Se não for dessa forma, irei fazer um escândalo aqui e agora! - meu coração pareceu querer saltar para fora, não que eu fosse arrumar uma confusão, mas ninguém iria entrar na minha frente.

- Sua mãe ficará louca se descobrir que saiu primeiro! - a voz de papai me deixou louca.

- Você vai dizer papai? Não! Pronto, irei! - Ergo minha cabeça e passo por Leandro de forma dominante, assim que pego o timão e giro todos tampam os narizes, respiro fundo e fecho os olhos empurrando a pesada porta. Assim que ela cai para o lado respiro apavorada. "Ó meu Deus! Não Quero morrer!" Não sei quanto tempo se passa, mas posso sentir uma brisa em meu rosto e um cutucão em minha costela, dou um salto para o lado abrindo os olhos imediatamente.

- É a única que está parada esperando a morte! - Leandro ri alto e me puxa pela mão para fora - Olha em volta Aisha! - ele gargalha enquanto os outros correm e gritam alto girando e abrindo os braços. Minha respiração descompassada me assusta um pouco. "Não morremos..." Sinto algo quente rolar pelas bochechas e subo a mão lentamente até o rosto. Estranho as lágrimas, mas são bem-vindas.

Olho para cima e vejo árvores de todos os tamanhos, elas são lindas, o ar quente sopra meu rosto e meus cabelos e olho para trás instintivamente puxando a porta do abrigo e fechando. Olho para os outros e não sei explicar a sensação de liberdade.

- Sua coragem é a mesma minha, mas a teimosia é de sua mãe. - olho para o lado e vejo papai sorrir.

- De nada! - digo enquanto seco o restante das lágrimas. - É tão lindo! - papai assente.

- Eu não pude conhecer antes de tudo se tornar nada, mas me lembro que nossos pais mantinham o celular desligado, quando completamos dez anos o pai de sua mãe ligou o dele e mostrou fotos de alguns lugares, pessoas e vídeos variados, era lindo. - ele fez uma pausa - mas nada se compara a essa beleza de agora. - Vejo lágrimas nos olhos de papai, porém depois de algumas piscadas elas desaparecem.

Madroc - Série Esquecidos - Onde histórias criam vida. Descubra agora